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Mostrando postagens de 2017

A Alegria do Sebastião

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Ainda era Natal, o sol já ia alto no céu, mas apesar do adiantado da hora, o Agricultor precisava ir ao campo. Miúda, Nina e Tição, seus vira latas, o acompanharam como sempre. Pegou então sua velha cavadeira, três mudas no viveiro e seguiu bosque adentro, e bem adiante, em  um local ainda descampado, preparou o solo para o plantio das três árvores.  O Agricultor não dava muita importância para aquela data, mas percebia que havia ali naquele período do ano alguma magia, algo além do que ele poderia compreender, existia alguma coisa... Lembrou-se dos anos da infância e do seu pai, o caminhoneiro solitário, que quando estava em casa para as festas de final de ano irradiava alegria, contagiando  todos aqueles que estavam ao seu redor. Então, enquanto plantava, sentiu em si aquela mesma alegria, a alegria do Sebastião, e era tão grande a alegria que não cabia mais nele, e então, tal como o caminhoneiro naqueles dias distantes, a alegria começou  a jorrar de seu coração...  "

A Visita do Agricultor Urbano

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Dezembro já ia avançado, e como a vida, como o tempo e como o vento, estava também em constante movimento, bem próximo de janeiro. Naquele dia, uma brisa constante vinha da enseada, refrescando todo o entorno. O Agricultor Urbano estava por ali, pelas ruas de Botafogo, no Rio de Janeiro, resolveu então fazer uma visita ao Moço das Letras, seu grande amigo, que residia pelas proximidades. Chegou na vila, passou pela entrada principal, seguiu adiante,  na casa abriu o portão e entrou devagarinho, sem anunciar, ele era sempre muito bem vindo, sua amizade com o Moço dispensava cerimônias. Na sala avistou o amigo sentado em uma cadeira, e sobre a mesa uma folha de papel e uma caneta. O Moço das Letras estava cochilando, possivelmente estava cansado, o Agricultor observou a folha, estava em branco ainda, sentou-se então, de mansinho, tirou o seu chapéu, pegou a caneta e começou a escrever sobre a folha... "Seja como uma semente que no interior do solo confia plenamente na vid

O Homem que Construía Pontes

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Saio de casa, coloco a máscara e falo para o mundo. Falo do céu, falo do sol, falo da vida e da morte, falo sobre os outros, falo sobre tudo, falo com eloquência, encanto as multidões... Volto para casa, tiro a máscara e calo. A angustia corrói o meu coração, sinto-me tão frágil, falei tanto dos outros e para os outros, simplesmente para não falar nada a meu respeito, simplesmente para me esconder, simplesmente para fugir, fugir de mim. Lá no fundo do meu coração, em um dos cantos, meu orgulho, velho e conhecido amigo, ou inimigo, talvez, sobre um pedestal mais uma vez ri de mim,  mais uma vez ele representou tão bem o seu papel, no outro canto, no entanto,  o poder divino que habita em mim sorri para nós um sorriso de amor, um sorriso da mais profunda tolerância. Saio de casa sem a máscara e falo para o mundo. Falo sobre meus medos, minhas misérias e anseios, falo sobre uma  viagem para dentro de mim, falo sobre minha humanidade, sobre a esperança que habita em mim, fal

O Homem na Bolha

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Um dia, lá pela metade de sua vida, um homem descobriu que vivia dentro de uma bolha,  onde todas as emoções eram filtradas, onde nada entrava sem passar pelos filtros  emocionais elaborados pela sua poderosa mente. Aquela bolha foi construída inconscientemente com o objetivo de protegê-lo de todos  os sentimentos desagradáveis que vinham do mundo exterior, sentimentos que existiam somente nos outros, não nele que era perfeito e frágil, um enviado dos céus, e obviamente não desejava misturar-se com os demais. Então, para proteger-se daqueles seres tão infernais, os outros humanos, construiu e passou a viver na sua confortável bolha emocional, passou a viver na sua poderosa fortaleza.  A bolha era quentinha, cheia de livros, solitária e agradável, visível e palpável somente para ele, nenhum outro mortal conseguia percebê-la, era algo profundamente pessoal, um mundo somente dele, como um útero materno que ainda o abrigava depois dos nove meses.  Com o passar dos anos a

Um Sopro de Deus

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Havia uma grande pedra no fundo daquele poço, onde aquele homem muitas vezes passava dias e dias sentado, sempre calado, triste, melancólico, nostálgico, encolhidinho, sofrido... Ele estava cansado de viver dentro poço, o poço das suas próprias emoções, onde habitava medo, angústia, melancolia, solidão, ressentimento, indiferença e uma infinidade de sentimentos negativos.  Descobriu que estava no poço porque todos aqueles sentimentos do poço eram na verdade as suas próprias emoções, ou seja, ele não havia sido colocado lá por ninguém, no fundo do poço ele era poço e fundo também. Com o passar do tempo ele descobriu que não fazia mais sentido estar ali dentro, já não tinha mais medo, já não sentia mais solidão, angústia ou indiferença, ele estava mudado e precisava então mudar de ambiente, sentia-se agora como um inquilino em casa alheia, precisava sair do poço, sua alma dizia isto para ele.  No fundo daquele poço ele era o seu próprio e pequenino deus, e com o te

Era um Sábado

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Era um sábado, muito cedo, todos dormiam. Com as chuvas de novembro, a primavera finalmente havia chegado, o viveiro do Agricultor estava cheio de mudas, estava então na hora de levar aquelas amadas para o campo, a terra estava pronta, o Agricultor e suas ferramentas também. O Agricultor amava os sábados, era um dia especial, depois dele viria o domingo, e antes dele havia sido uma sexta feira, portanto um dia muito especial, entre dois outros dias igualmente especiais, e neste dia sua mente começava aos poucos a desligar-se da rotina da semana, os sábados poderiam ser eternos, pensava o Agricultor.  Pegou inúmeras mudas no viveiro e saiu pelo campo, todos dormiam ainda, o sol não havia ainda despontado no horizonte, talvez estivesse adormecido também, o Agricultor amava aquelas primeiras horas matinais, conseguia ouvir o canto de muitos passarinhos, sem a interferência dos ruídos urbanos e humanos, uma graça.  Passando agora pela beira da rua, percebeu a mangueira plantada no

O Doutor Que Veio do Céu

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O que vou contar agora já se perdeu nas noites do tempo, porém a emoção de quem me relatou era presente e profunda, como se o fato tivesse acontecido nos dias atuais. Vamos então voltar no passado, sessenta ou setenta anos atrás, lá pelas bandas da Serra da Mantiqueira, no sul das Minas Gerais, naquelas terras onde a água jorra com abundância e alegria do chão. Antônio, o vaqueiro, estava doente, o desânimo havia tomado conta de sua vida, não tinha mais forças para cuidar de sua família, de seu gado, de sua lavoura, de suas criações, não tinha mais forças tocar sua viola e contar seus "causos", não tinha forças para mais nada, dia a dia sentia-se cada vez mais fraco, e isto enchia o seu coração de tristeza. Ele que sempre havia sido tão ativo, passava agora horas e horas do seu dia sentado em uma cadeira, tomado pelo mais profundo desânimo, olhando para fora, para as terras, para as serras, olhando para tudo ao redor, sem coragem para fazer nada, como se estivess

O Esfriamento dos Corações

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O Agricultor Urbano, naquele domingo pela manhã plantava suas árvores na beira da rua, quando então alguém que passava indagou... - Agricultor, você não está preocupado com o aquecimento da terra? O Agricultor sorriu para ele e respondeu... - O que me preocupa não é o aquecimento do planeta, mas sim o constante esfriamento dos corações humanos. Pegou então sua cavadeira e voltou a cavar, muitas árvores ainda seriam plantadas naquela manhã de primavera.

As Bolotas Divinas

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Manhã de Sexta feira, tudo cinza, um cansaço mortal, o lado urbano do agricultor abre a guarda, o pessimismo toma conta de sua alma, está cansado, está sedento de luz e paz. Ao longo da semana que está chegando ao fim leu jornais, bebeu um pouco do pessimismo do mundo, teve mesmo dificuldade de lidar com algumas pessoas carentes de compreensão, pessoas autoritárias e cheias de razão, sua alma está agora em frangalhos, precisa muito de liberdade, precisa desesperadamente sair de sua prisão interior. Já é a terceira semana de novembro, a primavera chegou, as chuvas não, sem chuvas, sem árvores, meu Deus do céu... Arruma sua bolsa e sai como um ébrio pelas ruas de Botafogo rumo ao metrô, desce a Assunção, cruza a Niemeyer, passando pelo hospital Samaritano, doente como está, o desejo é quase o de entrar e pedir para passar ali algum tempo, precisa urgentemente de uma transfusão, não de sangue, de celulose, porém ele sabe que aquele hospital é para o corpo e não para a alma, segue a

Não me Siga no Twitter

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       Depois de muita insistência, o Moço das Letras criou uma conta no Twitter para o Agricultor Urbano, na esperança de que este pudesse ser seguido por um mundo de pessoas.     O Agricultor Urbano, com aquele seu jeito meio brejeiro, meio simples, chegou mesmo a postar algumas notas, escreveu sobre árvores da mata atlântica, frutas no pé, pés no chão, dias ensolarados de primavera, água pura da fonte, cheiro de terra molhada, queda das folhas no outono,  floradas dos ipês nos meses de inverno, postou também sobre  alegria, esperança, medo, ansiedade, amizade...    D epois de algum tempo ele acabou desistindo, não conseguiu mais do que três ou quatro seguidores.  Conformado com a situação, e achando mesmo graça naquele pedido do Moço das Letras, resolveu então parar de postar,  e continuar sendo seguido pelos seus três vira latas que o acompanhavam fielmente por todos os lugares, escrevendo ou não alguma coisa no Twitter.     Portanto, se alguém deseja mesmo segui-lo,

As Irmãs do Agricultor

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O agricultor urbano deixa para todos uma pequena lembrança de suas irmãs, as árvores, com as quais passou um maravilhoso domingo. Começa a anoitecer, está agora de volta para a outra floresta, a de pedra. Outros domingos virão... Se desejar saber mais sobre as árvores do agricultor e outras crônicas, dê uma olhadinha no livro abaixo. São muitas árvores, muitas emoções...

O Flamboyant do Agricultor

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O Flamboyant do agricultor urbano deseja à todos um bom domingo. Ele foi uma expressão em meu pensamento, um anseio em meu coração, e uma semente em minha mão. Plantado agora no meio da caminho, oferece suas flores e beleza para todos os que passam. Ao Senhor meu Deus toda honra e toda glória. Se desejar saber mais sobre as árvores do agricultor e outras crônicas, dê uma olhadinha no livro abaixo. São muitas árvores, muitas emoções...

O Amor Nos Tempos do Carandiru

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O presídio de concreto, o Carandiru, não existe mais... Ano de mil novecentos e sessenta e nove, um dia de domingo em São Paulo, um dia que já passou, tudo cinza, cidade vazia, muitos partiram para o litoral, muitos estão em suas casas, o vazio da megalópole pode gerar uma sensação de angústia, desconforto,  medo e solidão... Um presídio na capital de São Paulo, um dia de domingo, um dia cinza, um dia de expectativas, ou angústia talvez, um dia de infinitas saudades, este sentimento tão humano que nos une aos outros... As detentas estão ansiosas, é o dia das visitas, é o dia da reunião dos doze passos, aquelas pessoas anônimas chegam de vários lugares da cidade e compartilham seu tempo e suas emoções com elas, olhos nos olhos, todos falam de suas experiências em um círculo comum, agora não existem convenções sociais, agora somente seres livres, seres humanos falando de suas vidas, seres humanos presos na prisão de concreto, seres humanos presos na prisão da alma, ago

Tempo de Escrever - Os Baldes da Doutora

- Rapaz, você sabia que em um dia de verão, o agricultor urbano pegou os baldes da doutora e os levou cheios de mudas para o campo? - Sério? E ela não falou nada? — Ora... ela estava dormindo, ele foi bem cedinho, e a idéia dele era voltar antes dela acordar, porém... — Já sei, já sei... ela acordou antes dele retornar... — Isso mesmo, ele chegou com aqueles baldes cheios de terra, não tinha mais como escapar... O desfecho desta estória está no livro Tempo de Escrever, na crônica Os Baldes da Doutora. Vale a pena dar uma olhada... — Jesus do céu, este agricultor urbano deve ser meio doido, levar os baldes da doutora, meu Deus...

Tempo de Escrever - Homem x Depressão

- Amigo, você sabe quanto foi o resultado daquele jogo de ontem à noite, entre Homem e Depressão? - Rapaz, assisti somente o primeiro tempo, e a Depressão estava ganhando de quatro a zero, o Homem estava levando uma surra. Depois fui dormir... — Ouvi hoje no rádio que houve uma grande reviravolta no segundo tempo, o jogo ficou eletrizante, falaram que foi um dos maiores jogos da história. — E então, como podemos saber como terminou? — A resenha completa está no livro Tempo de Escrever, na crônica Homem x Depressão, o Jogo das emoções. Vale a pena dar uma olhada...

O Amor Nos Tempos das Louças

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É cedo e faz muito frio, louças sujas sobre a pia,  preciso ir para o campo cuidar das árvores, minhas eternas amadas,  a amada dorme. A ansiedade é grande, os vira-latas já estão latindo, querem ir para o  campo também, louças sujas sobre a pia,  preciso lavar estas louças, preciso merecer o amor da amada,  a amada dorme. Começo a lavar as louças sujas de hoje, que foram as louças limpas de ontem, louças que passaram pelas mãos da amada, que com o seu amado jeito preparou o jantar que nutriu o meu corpo, meu coração e a minha alma,  a amada dorme. Os vira-latas estão esperando resignados debaixo da mesa, querem ir logo para o campo; a água da pia  está muito fria, vou lavando bem devagar, poupando as mãos da amada que são belas e sensíveis;  mãos que tocam e curam, mãos que lavam e tecem, mãos que amparam; mãos que mais se parecem ferramentas divinas, mãos que acenam triste quando parto; mãos que se abrem felizes quando eu regresso, mãos da amada,  a amada dorme. Tu

O Sorriso do Sebastião

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Centro do Rio de Janeiro Era domingo à noite, e debaixo de muita chuva o Agricultor Urbano chegou ao Rio de Janeiro. Não era muito comum chover em agosto, mas era um bom sinal, certamente a primavera chegaria mais cedo, trazendo o verde e as flores, renovando a beleza do viver. Choveu noite a dentro sem parar, mais parecia as águas de março, o Agricultor amava a chuva, e dormir ouvindo os pingos caindo sobre o telhado da casa era para ele uma benção, um presente divino. Amanheceu, segunda-feira e ainda chovia bastante. Adeus romantismo de poeta, a realidade bateu à porta, estava frio e ventava muito, o tempo convidava para ficar na cama sonhando debaixo das cobertas, "onde já se viu meu Deus do céu, segunda-feira com chuva", bradava o homem velho dentro do Agricultor. Ele levantou da cama meio a contra gosto, preparou e tomou o seu café, e a chuva caindo no telhado; tomou seu banho e a chuva caindo no telhado; arrumou-se, estava pronto para sair, mais a chuva teimosa

Um Certo "Seu Manoel"

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Nina, Tição e Miúda O agricultor, terminando a lida do dia, feliz da vida com as plantas bem cuidadas, o mato carpido, as árvores crescendo com vigor sob a luz do sol, vai subindo o morro em direção à sua casa, e então vem à sua memória lembranças de sua infância, lembranças daquele homem...  "Não sei de onde ele veio, sei somente que um dia passou lá pela casa de meus avós a procura de trabalho e lá foi ficando, ajudando nas atividades do campo, e com o tempo e sobretudo pela generosidade de João e Francisca, "Seu Manoel" acabou instalado de forma definitiva, arrumaram um quarto para ele, - em casa de pobre sempre cabe mais um - de forma que passou a fazer parte da família. "Seu Manoel" era analfabeto e coxo, nunca consegui precisar sua idade, mas com suas calejadas e habilidosas mãos manejava a enxada como poucos, era muito trabalhador, e depois de algum tempo dava mesmo gosto de ver o roçado todo carpido, uma beleza. Apesar da falta de instrução, era

A Catedral do Agricultor

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Naquela manhã, andando pela mata nos fundos do seu quintal, o Agricultor Urbano ficou indignado, enfurecido, muito triste, aborrecido... O vizinho do lado, após uma obra, resolveu despejar lá dentro daquele bosque o seu entulho, espalhando pedras, restos de tijolos e telhas —   dentre outras coisas  — , por todos os lados.  Ao longo daquele dia o Agricultor passava por ali e olhava aquilo e logo vinha à sua mente aquela ação nefasta, "que vizinho inconsciente, que vizinho porco, que vizinho que não alugava uma caçamba, que vizinho que...". Nos dias seguintes a visão negativa do vizinho foi passando, ele era tão humano quanto ele mesmo  —  pensava o Agricultor  — , mas o entulho físico e a mágoa continuavam lá, e aquilo o incomodava, precisava fazer alguma coisa.  Então, veio à sua mente a imagem da Santa; ele tinha devoção e carinho por ela e, desde criança aprendeu através de sua mãe a amá-la, e naquele instante o seu coração disse a ele o que deveria fazer com aq

Meu Amigo Passarinho, Meu Amigo João

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No princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus...  Assim começa o evangelho de João, o evangelista. João para o meu coração é um nome sagrado, João Pereira foi o meu avô, João de Oliveira foi o meu outro avô,  João é o meu filho, e um dia,  pela graça de Deus conheci o pequenino João, que desde o primeiro olhar passou a ser meu  amigo, como se aquele primeiro encontro fosse simplesmente o despertar de uma amizade que já existia a milênios. João era de uma simplicidade e sinceridade extrema, coisa de João, sorriso farto, jeito alegre, olhar profundo, contagiante e verdadeiro, uma simpatia. Acordava sempre cedinho, trabalhava como construtor, sobretudo de casas, sua principal ferramenta de trabalho era uma pequena colher de pedreiro, que ele manejava com elegância  e destreza, comia só um pouquinho, seus sapatos eram do tamanho dos sapatos dos meninos, ou menor, seu passo era mínimo, seu andar era máximo e leve, sua altura podia mesmo ser medida em c

O Galo da Costureira

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A mãe costurava muito, dependia daquele trabalho para complementar o orçamento doméstico, e de quando em quando algum cliente não pagava pelo serviço,  e ai então era acionado o menino, que além de brincar com os seus soldadinhos amados e baratos,  também fazia o trabalho de cobrador oficial da costureira. E lá vai ele a pedido da mãe na casa de Dona Fulana de Tal, não gostava daquilo,  onde já se viu sair pelas portas do mundo cobrando os outros, no fundo o que ele sentia era que cada um devia mesmo cumprir com suas  obrigações e saldar seus débitos, porém...  - Dona Fulana de Tal, minha minha mãe pediu para eu vir aqui. É sobre o dinheiro da costura... - Fale com a sua mãe menino que estou de mudança, vou embora amanhã, e deixarei no galinheiro lá nos fundos do quintal um galo, assim que a mudança sair pode vir aqui e pegá-lo, esta é a forma como tenho de pagar pela costura. E o menino foi-se embora, no fundo não era tão ruim assim, ele gostava das aves, na sua casa t