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Mostrando postagens de agosto, 2019

O Bom Menino Fez "Xixi" na Cama

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Bom dia companheiros, meu nome é Anônimo, um humano em recuperação; hoje cedo procurei no dicionário e não achei a palavra xixi; esta palavra não existe! Assim como não existe xichi ou chixi, ou ainda chichi. No dicionário existe a palavra vergonha, esta eu sei que existe... Vou escrever então sobre algo que não existe, mas creio que vocês me entenderão, pois vocês (que maravilha) falam o meu idioma também  — a maravilhosa linguagem do coração . Fiz xixi na cama por muito tempo. Acordava de manhã, e lá estava eu todo melado, todo molhado, desagradável... Como virou uma rotina, mamãe costumava colocar um plástico sobre o colchão, pois no inverno, nem sempre dava tempo das roupas secarem ao longo dos dias frios, frios dias... Quando acordava ensopado sentia um grande desconforto. Aquilo era meio estranho; ao mesmo tempo que era desagradável, tinha assim algo de bom, pois era quentinho. Então, eu ficava ali na cama naquele quentinho, não querendo levantar, não querendo

Meus Velhos Bodes e As Salas de 12 Passos

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O problema não está naquilo de que eu falo nas Salas de 12 Passos, não está aí o problema. O que eu falo é solução, o que eu falo é luz, o que eu falo é recuperação e libertação...  O problema  —   e que problema  —  está exatamente naquilo de que eu não falo, daquilo que eu ainda escondo, daquilo que me remete a velhos julgamentos, a velhos e arruinados padrões de comportamentos; meus velhos bodes. Aquilo de que eu falo me liberta, aquilo que eu escondo me aprisiona,  e por tanto esconder apodreceu dentro de mim; isso me fez e ainda faz um grande, um imenso mal. Uma Sala de 12 Passos é o único lugar do universo onde posso ser eu mesmo, o único lugar onde não me julgam, o único lugar onde posso expressar-me com a mais profunda liberdade  — a ssim são as Salas   —,  nem mesmo na minha fuga para Marte encontrei tamanha liberdade e confiança.  Quando falo com o coração muitos me ouvem e,  —   coisa maravilhosa  —   ninguém me critica, pelo contrário, me abraçam com carinho 

Príncipe Zinho, a Negação e a Realidade

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Era uma vez, há muito tempo, lá no distante Reino do Sul dos Confins da Escuridão, o  Reino do Sul , um príncipe chamado Zinho, que estava em seu refúgio pessoal  —  um local muito confortável  —,  vivendo um grande dilema. Príncipe Zinho sabia que mais cedo ou mais tarde teria que abandonar aquele refúgio protetor e sair para viver no mundo exterior  —    aquilo era inevitável. Mas do seu refúgio ele percebia que o mundo lá fora era muitas vezes hostil, notava ele claramente que as pessoas que lá viviam brigavam entre si, percebeu ainda que haviam mentiras, dissimulações, duros olhares, abandono, ausência, repressão, imposição da vontade do mais forte sobre os mais fracos... Um dia, enquanto refletia sobre tudo aquilo, príncipe Zinho ouviu batidas na porta; quem seria? Caminhou até ela e a abriu. — Bom dia  —  falou o visitante. — Bom dia, em que posso ser útil?  —   respondeu o príncipe.  — Sou a Realidade Exterior, soberana absoluta de tudo aquilo que você, vivendo aqui

Os Negros Tempos dos Dragões

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Bo Estou ouvindo uma música, que coisa agradável... parece algo comum ouvir uma música, parece algo comum sentir a melodia entrar e embalar o coração; parece algo comum deliciar-se com a mensagem transmitida pela letra, parece... Ouve um tempo em que eu não conseguia ouvir músicas, ouve um tempo em que eu não conseguia compreender as letras; ouve um tempo em que meus olhos estavam cegos e meus ouvidos estavam surdos, e eu, como um carcerário da doença da codependencia, vivia diariamente dentro de minha prisão.  Minha prisão era tão aguda, que não conseguia perceber quase nada do que ocorria no mundo exterior — dificuldades para olhar, para ouvir, para falar, para chorar, para expressar, para sentir... Sentia e vivia apenas o mergulho constante no medo, na angústia, na autopiedade, na solidão, no silêncio, na vergonha de ser e existir  —   muito ruim e deprimente este tempo. Lá pelos vinte anos, na época da universidade, para fugir um pouco da dor, comprava e lia todo o j

A Natureza Exata do Segundo Padrão Mental

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Quero que todos gostem de mim, é muito bom quando todos gostam... Quero que meus irmãos, meus parentes, meus vizinhos, todos, todos gostem de mim; é muito bom quando todos gostam...  Mamãe gosta muito de mim; independentemente de qualquer coisa, olhando para ela eu sei que ela gosta, eu não entendo ainda o que ela fala, mas, apenas pelo olhar eu seu que ela gosta muito de mim, eu sei que ela me ama.  Preciso também que papai goste de mim, papai parece meio fechado, como conseguir o amor dele então, como ?  Preciso descobrir como... Estou analisando papai, estou estudando seu comportamento, sou um bebê, vocês já sabem, mas já sabem também que sou esperto, muito esperto, já falei sobre isso no primeiro padrão. Se papai é contrariado por alguém, papai passa a não gostar desse alguém; contrariado, papai fica muito zangado e passa a não gostar do outro. Se papai não é contrariado em suas ideias, papai passa a ser amigo e parceiro do outro, parece que desta forma papai passa a gostar

Meu Querido Tio Anônimo

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Achava eu que a mensagem de 12 Passos havia chegado aos meus ouvidos, e, sobretudo, ao meu coração, naquele domingo distante de agosto de 1998; desde aquele dia, quando entrei na sala e li a oração da serenidade pela primeira vez, minha vida nunca mais foi a mesma. Porém, hoje pela manhã, tomando café, através da doce lembrança de um terno olhar, percebi que os 12 Passos já haviam passado silenciosamente pela minha existência, muitos anos antes, através da transformação de um certo tio, um tio Anônimo... Naquele dia da infância, quando estava no ponto esperando o ônibus para ir para o colégio, passou e parou o meu tio Anônimo em seu fusca, e pela primeira vez, até a vida adulta, eu fui para a escola de carro.  Quase morri de susto no caminho, quando titio acelerou até 80 quilômetros por hora, e depois, rindo e olhando para mim, tirou completamente as mãos do volante, e o fusquinha, quase voando, seguiu em linha reta, sem sair da estrada.  Outro susto com o titio  —  quase mo

A Natureza Exata do Primeiro Padrão Mental

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Os bebês são espertos, muito espertos; sem palavras, entendem tudo o que está ao seu redor; são espertos os bebês. Lá está o bebê descobrindo a realidade, observando tudo, captando tudo ;  apesar da tenra idade, seus mecanismos mentais já estão ativos, todos ativos.  Aquele é papai, aquela é mamãe, aquele outro é um irmão, aquela outra é uma irmã... Papai e mamãe são diferentes dos irmãos, são diferentes de todos os demais... Quero muito papai e mamãe, preciso muito, muito deles. Papai aparece pouco, sai sempre e fica muitos dias fora, sinto tanto a falta dele. Quando papai chegar serei feliz, muito feliz.  Estou aguardando a volta do papai, quando papai chegar serei feliz. Papai chegou... está entranho o papai, parece que está zangado. Estou com medo de papai, está estranho o papai, parece aborrecido e contrariado. Papai partiu novamente a trabalho, está ausente, estou com saudades do papai, o papai distante, o papai ausente, o papai que vou idealizando em minha mente ;  estou

O Moço das Letras e as Sete Crianças Rebeldes

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Começava a cair a tarde sobre o  Bairro de Botafogo,  na cidade do Rio de Janeiro. Naquela quarta-feira fria de inverno, com vento e garoa, o Moço das Letras começou a aprontar-se para ir à reunião de 12 passos. Naquelas suas idas às salas, era comum a companhia de sua Criança Interior — ela amava as reuniões  —  porém, ela ainda não havia aparecido até aquele momento. Quando calçava os seus sapatos, apareceu finalmente uma criança, mas não era sua Criança Interior, era uma outra. — B oa noite Moço das Letras — falou a criança. — B oa noite criança; você não me é estranha, mas creio que não a conheço. —  Conhece sim Moço, conhece sim... Você possui apenas uma Criança Interior, recém descoberta, porém ela não está por aqui hoje, então resolvemos aparecer. Sou uma de suas crianças rebeldes. —  Crianças rebeldes? que trem é isso? —  Até você descobrir sua Criança Interior Moço, era conosco — as crianças rebeldes —, que você convivia. Hoje sentimos sua falta, e

O Agricultor Urbano e o Avatar

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Domingo, 11 de agosto de 2019, cinco horas e quarenta e cinco minutos da manhã. O Agricultor Urbano desperta, levanta e chama seus vira latas para uma missão; não foi necessário utilizar o seu habitual despertador matutino, o seu amigo   Tição . Pegou sua enxada, algumas mudas de laranjeiras, e saiu de sua casa com seus amigos, muito sério e determinado. Adentrou sua conhecida floresta, caminhou um pouco, e algum tempo depois, subia uma ingrime colina que terminava em um alto platô desolado, onde crescia medo, ressentimentos, angústia; mágoas, ansiedade, um mar de pensamentos negativos, um ou outro arbusto mais rude... Havia uma pequena casa neste local, o Agricultor aproximou-se e bateu na porta. Instantes depois o proprietário apareceu. — Bom dia Senhor, o que deseja tão cedo? — falou o dono da casa.  — Bom dia, desejo falar com o senhor Avatar — respondeu o Agricultor Urbano. — Pois não, está falando com ele. De onde o senhor me conhece? — Li uma crônica a se

Meu Avatar no País das Maravilhas

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Por tanto medo da realidade, criei um mundo mental e paralelo, um mundo onde poderia ser eternamente feliz, algo parecido com Alice no país das maravilhas. Neste local encantado e perfeito, que fui criando aos poucos — uma verdadeira obra de arte  — , idealizei metodicamente, muito antes dos modernos softwares, meu feliz e imaginado Avatar  —  meu representante legal neste local perfeito, funcional, idealizado e maravilhoso  — , aquele que era o inverso de tudo o que eu era,  ou melhor, achava que era, no mundo real.  No meu mundo de fantasias meu Avatar era destemido, não levava desaforos para casa, namorava todas as meninas do bairro, tirava excelentes notas nas provas — mesmo não estudando nada  — ; era o melhor jogador de futebol da rua, dizia sim e não quando necessário, e, sobretudo, não sentia culpa, vergonha, medo das pessoas, angústia, solidão, ressentimentos... para ser absolutamente sincero: Não sentia absolutamente nada o meu mental Avatar  —  não existem vagas para as