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Mostrando postagens de novembro, 2015

O Importante é a Rosa

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Costureira, a saudade é imensa, maior que suas rosas... A costureira acordava sempre muito cedo; costurava muito ao longo do dia, o trabalho era muito, muitos vestidos e calças para fazer, era uma correria só. Esta rotina foi seguida à risca durante muitos anos, ela mergulhava no seu trabalho, e ali ficava completamente absorta por muitas horas.  Mas uma coisa curiosa sempre acontecia, apesar dos afazeres da casa; a costureira amava as plantas de um modo geral, e as rosas, em particular, de forma que, de tempos em tempos, ela saia do quarto de costura, abandonava por algumas horas seus afazeres profissionais, chamava seu fiel ajudante, o menino, e ambos iam para o quintal cuidar das plantas, da horta, das árvores, das galinhas, e claro, das suas amadas rosas. Rosas brancas, vermelhas, amarelas; rosas miúdas e graúdas, muitas rosas.  Se o mês fosse agosto, e a lua fosse a nova, ela ia retirando ramos das roseiras e plantando as estacas, com o menino sempre ao seu lado, um fiel

O Agricultor e o Lavrador, ou o Avô e o Neto

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Sementeira de Jenipapos E o menino ouvia as histórias que a mãe contava, relativa ao tempo da sua infância lá no interior do Espirito Santo, e ficava encantado com as narrativas. Ela falava do sítio, dos cachorros de seu pai, Senado, Sultão e Suspiro, da escola, do paiol, dos bichos e plantas, do dia a dia na roça, do cafezal, das árvores nativas... E aqueles cenários iam tomando forma em seu pensamento, tudo era um encanto para ele. E ele descobriu que a lavoura de café foi pouco a pouco crescendo, e conforme a lavoura se expandia, a mata nativa ia desaparecendo, até que em determinado dia restava no sítio apenas uma grande árvore nativa, um pé de jenipapo, e então seu avô, o João de Oliveira, mandou derrubá-la a fim de plantar mais café.  E desde então ficou na imaginação da criança a cena da árvore sendo derrubada por ordem de seu avô, e lá no fundo do seu coração uma pergunta: Como vovô, o senhor ordenou o corte da última árvore do sítio, não seria possível deixar a árvore lá

A de Amor e G de Glória

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M de Mangueira, Tia Glorinha O menino tímido e inseguro, caminha para a escola, na verdade, a pré-escola, vai cursar a Primeira A na casa da Dona Glorinha, onde aprenderá coisas básicas para no ano seguinte ingressar na escola regular. Passados tantos e tantos anos, ele mentalmente agradece a professora por ter segurado em sua mão e conduzi-lá pelos caminhos das letras, palavras e sentenças. E agora ele imagina uma volta no tempo, a fim de recomeçarem as lições, pois até hoje, depois de cinco décadas, a imagem da professora continua viva dentro do seu coração, uma pessoa simples e bondosa, sempre sorrindo, e ele confessa agora que o amor e o carinho que sente por ela é o mesmo que sente pelas pessoas que lhe são mais caras, e vai lembrando agora que, através do a,e,i,o,u a professora foi arando as terras incultas do seu ser, preparando o solo do seu viver, semeando palavras como sementes de árvores, que até os dias de hoje frutificam pelos seus caminhos e descaminhos. E em sua