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Mostrando postagens de julho, 2021

O Agricultor Urbano e a Sua Preguiça

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Naquela gelada manhã de inverno,  antes de ir para o campo  o Agricultor sentia um certo desânimo, algo muito pouco comum, estaria doente? Seguindo vagarosa e silenciosamente o seu caminho por entre as árvores, ele notou algo estranho, como se ao seu lado estivesse mais alguém além de seu fiel vira-lata. Neste momento o Agricultor percebeu a sua própria preguiça acompanhando sorrateiramente cada um de seus passos.  Finalmente ele entendeu a razão de seu desânimo e, apesar da sua preguiça, continuou sua jornada em direção a seus afazeres rurais. Chegando no campo o Agricultor  —    apesar da preguiçosa presença  — , pensou "se eu começar a trabalhar ela partirá", e então  começou determinadamente a carpir, roçar, semear, preparar o solo, organizar canteiros, caminhar de um lado para outro... e não demorou muito tempo ele estava novamente bem disposto e, sua preguiça  por simplesmente não suportar nenhum tipo de trabalho,  resolveu cochilar na relva juntamente com seu velho cão

O Caminhoneiro Solidário e a Viagem para a Eternidade

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"Eu era um menino e me lembro como se fosse hoje do meu pai dirigindo a carreta vermelha na estrada; o limite de velocidade era oitenta quilômetros por hora, e eu ali atento olhando para o velocímetro, setenta e cinco, setenta e seis, setenta e sete, setenta e oito, setenta e nove, quase oitenta, mas ele jamais chegava aos oitenta, e foi assim ao longo de todas as suas viagens. Por muitas vezes eu ouvi-lo dizer com alegria — meu filho, guarde bem as minhas palavras: Eu viverei cem anos e morrerei bem cedinho e discretamente, como um passarinho." — Seu Tião, seu Tião, acorda seu Tião — gritava uma voz no portão da casa. Sebastião ouviu a voz; eram mais ou menos quatro horas da manhã. "Quem será a esta hora, será que alguém está doente? não, não pode ser, já não tenho mais o fusca, devo estar sonhando", pensou Sebastião enquanto tentava reconciliar o sono. — Acorda Sebastião Barra Mansa, está na hora — gritava uma outra voz no portão. Sebastião acordou de vez; "Q

O Homem da Semente da Laranjeira

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Se não me falha a memória, foi em meados dos anos 90 que eu ouvi alguém falar para mim, que no sul da Bahia havia um homem que plantava toda e qualquer semente que encontrava pelo seu caminho, até mesmo as sementes das laranjeiras. Naquela época, estava nascendo em mim o vivo interesse pelas árvores nativas do Brasil, e então, comecei a plantar sistematicamente um sem número delas pelas áreas públicas de minha cidade — sou um agricultor urbano sem terra —, tendo feito para mim mesmo a promessa de plantar em torno de quinze mil delas. Relato que para cada árvore que plantava, lembrava-me com carinho do homem da semente da laranjeira, mas eu tinha um certo preconceito com relação às árvores exóticas — apesar de amar as laranjas —, portanto, eu era um plantador de árvores puro sangue, plantando tão somente as nativas do Brasil. O tempo avançou, e ao longo de centenas de finais de semanas eu cheguei perto do cumprimento de minha promessa, percebendo com alegria crescer em ambiente urbano