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Mostrando postagens de setembro, 2015

Prazer, Agricultor Urbano, um Ser Humano

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A linguagem do coração é como uma ponte... Muito prazer, sou o Agricultor Urbano, filho de caminhoneiro e costureira, neto de agricultores, sobrinho de lavadeira, mecânico de automóveis, eletricista, cozinheira, quitandeiro, pintor de paredes, dona de casa, lanterninha de cinema, caixa de supermercado, sobrinho neto de garçom e empregada doméstica, tataraneto de escravos e por ai afora. Desta família de gente tão simples nasceram médicos, engenheiros, advogados, dentistas, técnicos, motoristas, tradutores, bancários, fotógrafos, funcionários públicos, donas de casa, professores... todos, apesar dos títulos, simples também, talvez a simplicidade seja mesmo uma marca familiar. Não sei se gosto mais de escrever ou de cavar, com a enxada lavro a terra, e com a caneta lavro o solo de minhas emoções. Gosto de gente, gosto de plantas, gosto de bicho, às vezes fico meio quieto pelos cantos, triste e melancólico, sem motivo algum, e de vez em quando também explodo de tanta alegria, também

O Céu do Agricultor

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Era sábado à noite, e o agricultor foi dormir, afinal de contas, no dia seguinte precisava acordar cedo para ir para o mato cuidar de suas plantas. E ele deitou e logo foi envolvido pelo deus do sono, Morfeu, que o envolveu, e durante o sono ele sentiu uma dor muita profunda no peito, uma dor aguda, e em poucos segundos ele viu passar todos os quadros de sua vida, e então, mesmo não tendo percebido, ele havia partido desta para a melhor, afinal de contas, todos vão mesmo morrer um dia. E depois de um tempo indefinido, a dimensão era outra, o agricultor abriu os olhos e reparou que estava em um local muito bonito, com árvores para todos os lados. E ele andou um pouco e encontrou um portão onde havia alguém muito simpático que pediu para ele entrar, explicando que ele havia morrido e estava no céu, informando  também que o céu era muito pessoal, cada um possuía o seu, e o dele, o agricultor, era um céu cheio de árvores, um local com milhões e milhões delas, e que de agora em diante, e

Tia Lucimar e as Crianças de Amanhã

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Para a tia Lucimar, minha irmã, a vida nunca foi doce, lá pelos seus oito anos de idade foi diagnosticada a diabetes, e daí em diante ela não podia mais comer guloseimas, e democraticamente ninguém mais na casa, claro que nós sempre dávamos um jeitinho de contrabandear alguma coisa, e quando a minha tia avó Amélia aparecia por lá, dentro da bolsa sempre haviam muitas balas, que eu e meus irmãos comíamos rapidamente, escondidos pelos cantos da casa. Apesar de não consumir os doces, ela possuía em sim muita doçura, principalmente com as crianças. Verde pode passar, laranja, atenção reduza a velocidade, vermelho, pare. E os sobrinhos brincavam tão contentes com a tia, e alguns avançavam o sinal vermelho e gargalhavam, e a tia dizia que não podia fazer aquilo, que quando o sinal ficasse vermelho a regra deveria ser obedecida, e a regra era parar naquele semáforo que ela havia carinhosamente encomendado ao marceneiro, nosso vizinho, tendo este, a pedido dela, colocado as   lâmpadas laran

O Agricultor e o Ponto Final

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Veículo Leve Sobre Trilhos em Exposição E o agricultor urbano, na cidade do Rio de Janeiro, andando de ônibus diariamente, resolveu fazer como a maioria dos usuários, foi a uma loja para adquirir o bilhete único. Chegou no guichê e solicitou o cartão para a atendente, que o entregou, dizendo para ele, que daquele momento em diante ele poderia andar em qualquer Modal na cidade do Rio de Janeiro, ônibus, barca, trem, Veículo Leve sobre Trilhos, metrô, BRT, e sobretudo que poderia ir  a qualquer ponto. O agricultor ficou encantado, que maravilha aquele cartão, e não demorou muito, fez um teste, voltando para sua casa na metrópole, lá pelas bandas do Maracanã, tomou um ônibus no Largo da Carioca, passou o cartão pelo painel, e que maravilha, o acesso à roleta foi franqueado, e ele foi feliz da vida para a sua residência. Então, pensou ele, a moça do guichê estava realmente falando a verdade, o cartão poderia mesmo levá-lo à muitos lugares. E no dia seguinte, bem cedo, ele pegou o seu

O Arigó Manoel em uma Volta Redonda

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Lá no Fundo a Usina e o seu Forno Acorda tio Manoel, já são vinte e duas e trinta e cinco, hora de ir para a usina, para o zero hora. Levanta tio Manoel, eu sei, eu sei que está frio lá fora, sei que você também está cansado, mas olhe bem tio, a usina não pode parar, o alto forno não pode apagar. Acorda tio Manoel, acorda tio, está na hora, quem mandou tio, o senhor sair lá da roça, onde dormia a noite toda, e acordava as quatro horas da manhã, para vir para a cidade, onde quase já não dorme, e passa a noite lá na usina, alimentando o forno, a vida é dura também aqui tio. Vamos agora para a  usina tio Manelão, a corrida contínua não pode parar, seu sono pode esperar, vamos tio, o tempo está passando. Eu sei do seu cansaço tio, mas olhe bem, você tem agora um monte de filhos para criar, levanta tio e vai trabalhar, a usina é logo ali, o alto forno não pode apagar, vá lá tio, senão amanhã, quem apaga é o seu fogão, que também precisa de fogo, que precisa de gás e  do seu esforço par

Bisavó Conceição

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Quaresmeira Florida Bisavó Conceição, cuja casa era simples, de terra batida, e limpa, muito limpa, que rezava as crianças e os doentes com galinhos de ervas, que gostava de ler os livros sobre o espiritismo, que amava as plantas do quintal,  que dizia para minha mãe: "A limpeza Deus amou, e mais amou quem limpou". Vovó Conceição, mãe de minha avó, a Adelina, avó de minha mãe, a costureira, que por fruto da ignorância e preconceito dos homens do seu tempo, foi sepultada do lado de fora do cemitério de sua terra natal, vovó, de quem eu tão pouco sei, escuta vovó escuta... Seu bisneto também lê os livros dos espíritos, lê os do Buda, lê a Bíblia, lê o livro daquele chinês, o Lao Tse, lê os Vedas, uns livros tão antigos, lá do pessoal da Índia, lê o Torá, lê também o Alcorão, seu bisneto lê tudo vovó Conceição, seu bisneto reza para São Jorge e tem Ogum no coração, seu bisneto gosta das igrejas, das sinagogas, dos centros espíritas, dos terreiros de umbanda e dos outros ter

O Mosquito e o Rouxinol

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A cidade de Alegre, no interior do Estado do Espírito Santo, fica a mais ou menos 80 Quilômetros de distância de Cachoeiro de Itapemirim, encravada dentro de uma serra, quando você vai chegando, lá do alto das colinas rodeadas de cafezais, consegue avistar lá embaixo, bem longe, o campanário da igreja. Nesta cidade nasceu e cresceu uns certos Oliveiras, estes, viviam em um sítio, de onde tiravam sua subsistência,  através  do  plantio do café, legumes, verduras e cereais, e a criação de aves e outros animais. Com o passar dos anos a família foi crescendo, as árvores nativas que lá existiam foram aos poucos sendo cortadas, a fim de darem lugar à lavoura, e pouco a pouco, havia cada vez mais lavoura e menos floresta, até que a última grande árvore foi cortada, um pé de jenipapo. Depois de mais alguns anos, o sítio deixou de ser viável economicamente, e meus avós o venderam e foram morar na cidade. Como o sustento era fundamental para todos, minhas tias aprenderam o ofício da costura,

O Sol Também se Levanta

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A Sol que brilhava na Rua 3 Sol era o nome da cachorrinha do meu irmão, também uma poodle , irmã da Jully, a poodle lá de casa, aquela que anda com os vira latas no meio do mato. Os animais são assim, vão chegando devagarinho, e pouco a pouco vão conquistando o espaço para, logo logo conquistarem os nossos corações. A princípio dizemos para nós mesmos, do alto de nosso pseudo saber " não vou me apegar a este bicho", porém, a vida tem lá as suas magias, e pouco a pouco os bichos vão nos conquistando e depois de algum tempo, não mais sabemos se fomos nós que nos apegamos a eles, ou se foi eles que se apegaram a nós, e quando nos damos conta, eles já invadiram a casa toda, e sobretudo, passam a existir no mais profundo de nossos sentimentos. Com a sol não foi diferente, era a rainha da casa, uma perfeita dama de companhia, sabia quem chegava, quem saia, amava os donos e todos os familiares, era, na verdade um membro da família. As crianças iam para a escola, e lá ia a sol a