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Mostrando postagens de dezembro, 2018

Feliz Homem Novo Para Você

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Faltam menos de quatro horas para terminar o ano; preciso enviar as mensagens de feliz ano novo para os amigos... Ao longo de toda a minha vida, fiz nesta época os desejos de feliz ano novo para muitos, um desejo sincero; percebo agora que poderia continuar desejando paz, alegria, venturas e felicidades para todos, por todos os anos que ainda virão, fácil, fácil... Devo estar envelhecendo, pois agora quero mais que desejar, quero ser eu mesmo o novo, não o novo ano, mas tão somente o novo homem. Quero ser melhor do que fui até então; quero ser esperança, quero ser amparo, quero ser presença, quero ser bússola, quero ser amigo, quero ser irmão... Desejar é muito fácil, e não exige de mim muito esforço, é assim como a mudança do ano, algo natural, mas ser eu mesmo o novo é uma tarefa de Hércules; o velho em mim é resistente a qualquer tipo de mudança, mesmo a do calendário, e mudar significa encará-lo e enfrentá-lo, e sobretudo educá-lo todos os dias de todos os anos. Dese

O Menino Lampião e o Pássaro da Ilusão

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Era uma vez, lá naqueles tempos remotos da guerra da escuridão , um menino de nome Lampião, que em uma certa manhã plantava árvores em um campo, acompanhado por Luz, sua vira lata e constante companheira. O menino carregava um balaio de taquara com as mudas que seriam plantadas naquele dia, e conforme fazia uma nova cova, retirava feliz do balaio uma pequenina árvore.  Luz, ora ficava por ali, perto dele, e de vez em quando dava umas voltas latindo para os pássaros, para as folhas, para o vento... em determinado momento Luz começou a farejar o chão e foi aos poucos afastando-se do menino, e enquanto distanciava-se, latia, e aquilo chamou a atenção de Lampião, que deixou seu balaio e suas mudas de lado, e correu no encalço de sua amiga, seria um outro jacu ? Não, não era um jacu... aproximando-se de Luz que ainda farejava, Lampião começou a ouvir um abafado grito: "Socorro, socorro, alguém pode me ajudar? Socorro..." De onde estaria vindo aquele grito? Instantes depois

Mas o Medo...

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Mas o medo...  "Vá, vá... vá buscar o que é seu; vá com medo, vá com lágrimas, vá com os joelhos escoriados, vá com os pés feridos; vá tropeçando, vá caindo, vá chorando, mas vá! Vá agora que a hora avança, vá que chegou a sua vez; vá que somente depende de você, vá, vá agora buscar o que é seu." Mas o medo...  "O medo é uma ilusão, vá, enfrente-o, olhe bem nos olhos dele, não desvie o seu olhar, olhe bem fundo e vá. Vá, vá agora, o tempo avança, vá buscar o que te pertence, vá sem medo, vá com medo, mas vá! Vá agora, vá sem tardança, chegou a sua hora, vá e tome conta do que é seu, do que é de sua própria e única conta; vá e desfrute o que você buscou e conquistou, vá, vá agora, chegou finalmente a sua hora, chegou finalmente o seu tão sonhado janeiro." Mas o medo...  "Vá meu filho, vá, não tema tanto o seu grande medo, sua eterna e paralisante ilusão; estarei com você, e caso você venha a cair, segurarei firmemente em suas mãos... vá meu fi

O Natal do Menino

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Hoje é dia 24 de dezembro, véspera de Natal; quando era menino aguardava muito este período do ano para ser feliz, mas nunca consegui. Achava que não vivia o Natal por viver na periferia e não ganhar presentes - Papai Noel nunca ia lá -, ou ainda pela frequente ausência de meu pai, que sempre viajava... Mas mesmo quando meu pai estava em casa, com sua presença marcante e feliz, mesmo nestes Natais eu não conseguia a tal felicidade. Cresci então sentindo em mim que aqueles Natais não vividos deixaram para sempre uma marca de tristeza, e muitos anos depois, já possuindo um monte de coisas que o dinheiro podia adquirir, já podendo comprar presentes para os filhos, já frequentando ceias com mesas fartas e música alegre, mesmo nestes Natais prevalecia o espírito dos Natais anteriores. Foram precisos muitos outros Natais para enfim, eu descobrir que não havia nenhum problema no final de ano e nas festas, nada de errado nas comemorações, mas tão somente no meu próprio Natal interior.

Os Meninos da Turma 59

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Era um domingo... O Agricultor levantou cedo, tomou seu café, e foi até o viveiro de mudas, de onde retirou uma paineira. Já não chovia a uma semana, o solo estava ficando seco, porém, naquele dia ele precisava plantar a árvore.  Chegou no campo e achou próximo a um pé de ingá um local semi-sombreado, um ponto ideal para plantar a muda. No local escolhido havia uma grande moita de capim colonião, e o Agricultor gastou muito tempo e energia para retirá-lo de lá com sua cavadeira. Quando começou a cavar o buraco, percebeu a terra bastante dura, e que havia também muitas pedras por ali. Transpirou muito para cavar trinta centímetros, mas enfim conseguiu. Quando a árvore estava plantada, já passava das nove horas da manhã, então, enquanto os passarinhos cantavam seu canto matinal, o Agricultor silenciosamente agradeceu a Deus pela formatura do seu menino, bem como por todos os seus colegas da turma 59. Por aquela hora a festa deles ainda devia estar em andamento, e eles deveriam

Dos Grilhões ao Estetoscópio: Cem Anos de Dor

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Ele já não era mais um escravo; havia conquistado a liberdade a poucos anos atrás, e agora,  cansado e no final de sua vida, vivia os seus dias sentindo uma intensa dor no peito. Numa certa noite o ex-escravo sonhou com as saudosas savanas de sua África natal, onde no passado, viveu em liberdade. No sonho ele viu um ancião forjando metais - era um ferreiro - que dirigiu-se até ele dizendo-lhe: "Transforme as correntes que aprisionaram os seu pés por tantos anos em uma enxada, e presenteie o seu filho com ela. Sua dor será curada um dia." Quando acordou no dia seguinte, lembrou-se do seu sonho, e então, achou em algum lugar de sua tapera as antigas correntes; possuindo em si o conhecimento ancestral de lidar com os metais,  naquele mesmo dia, apesar da dor no peito, preparou uma forja, e nela, com aquela corrente e as forças que ainda possuía, fabricou uma enxada.  Chamou então o seu filho,  e lhe deu de presente dizendo-lhe: "Meu filho, tenho apenas isto par

Um Instante na Eternidade

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Naquela manhã de domingo, no campo, o Agricultor Urbano cuidava de suas árvores, como era usual; haviam por lá muitos pássaros com seus cantos matinais, e enquanto arava a terra com sua enxada, ouvia com prazer a passarada, uma verdadeira orquestra natural.  Com o passar das horas, o Agricultor foi sentindo interiormente um sentimento muito leve, algo profundamente prazeroso. Ali, na solidão do campo, ele percebia que estava integralmente presente, absolutamente em paz, sem nenhuma preocupação com o passado ou o futuro, preocupação com nada... estava simplesmente naquele local, sobre o chão, sob o céu e sob o sol, com todos os seus sentidos voltados para a sua atividade, vivendo e sentindo integralmente. Então, naquele instante mágico ele sentiu em si o sopro da eternidade, uma verdadeira maravilha, uma descoberta  de que, em algum lugar na infinita estrada por onde trafega toda a vida,  desde o princípio, existe um ponto maravilhoso, um porto seguro, onde o tempo,  a mente