Um Instante na Eternidade

Naquela manhã de domingo, no campo, o Agricultor Urbano cuidava de suas árvores, como era usual; haviam por lá muitos pássaros com seus cantos matinais, e enquanto arava a terra com sua enxada, ouvia com prazer a passarada, uma verdadeira orquestra natural. 

Com o passar das horas, o Agricultor foi sentindo interiormente um sentimento muito leve, algo profundamente prazeroso. Ali, na solidão do campo, ele percebia que estava integralmente presente, absolutamente em paz, sem nenhuma preocupação com o passado ou o futuro, preocupação com nada... estava simplesmente naquele local, sobre o chão, sob o céu e sob o sol, com todos os seus sentidos voltados para a sua atividade, vivendo e sentindo integralmente.

Então, naquele instante mágico ele sentiu em si o sopro da eternidade, uma verdadeira maravilha, uma descoberta  de que, em algum lugar na infinita estrada por onde trafega toda a vida, desde o princípio, existe um ponto maravilhoso, um porto seguro, onde o tempo,  a mente e o espaço  não entram, um porto onde somente se sente uma felicidade incomensurável, que por não haver tempo, é infinita, um porto onde todos os barcos atracam em paz e todos os homens encontram finalmente o seu próprio Deus.

Apesar da eternidade, foi breve aquele instante, tão breve como uma doce manhã de domingo, ou um cantar de passarinhos.





Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Agricultor e a Poetisa Ferida

O Marido, a Mulher, o Rio e a Calça

A Finitude das Redes e a Infinitude do Mar