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Mostrando postagens de setembro, 2014

A jovem e o Paraíso

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Ipê amarelo florido em um belo dia de sol A moça era bonita, educada, estudiosa e sonhadora. Todos os dias bem cedo ia para a escola, era uma das melhores alunas, muito inteligente era aquela moça, suas notas eram sempre as melhores da sala, da escola, da cidade... Um dia, passando por um ponto de ônibus perto de sua casa, a moça viu um ônibus que fazia a linha para o bairro Paraíso. Nossa, pensou a moça, este bairro, o Paraíso deve ser algo muito bonito, lá deve ter muitas cachoeiras, rios com água cristalina, muitas árvores da mata atlântica, pássaros, bromélias, samambaias, muitas flores, muita beleza, muita paz, deve ser um encanto este bairro, o Paraíso. Daquele dia em diante, sempre que a jovem passava pelo ponto e via lá o ônibus, ficava a sonhar com aquele Paraíso, logo ali, no ponto final daquela linha. Aquela idéia de visitar o Paraíso foi tomando forma em sua mente, em seu coração, até que, em um certo dia, a jovem chegou da escola, fez a refeição, deixou pronto todo

O agricultor e a solidão

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Por do Sol no Cerrado O agricultor estava solitário (como sempre) naquela manhã de domingo, cuidando de suas árvores, suas queridas árvores. Estava tudo tão bonito e agradável, ele estava muito feliz, uma felicidade interior, que vinha bem de dentro dele, ia olhando as plantas, preparando novas covas para as próximas mudas, procurando por formigueiros, aqui e ali descansava sob a sombra de suas amigas, tudo em paz. Olhou ao redor e não viu ninguém, nem no bosque, nem na rua próxima, nem no bairro logo abaixo da jovem mata, era muito cedo, naquela hora somente ele e os pássaros. Nem sempre havia sido assim, pensou o agricultor consigo mesmo, houve um tempo em que ele sentia um sentimento que doía profundamente, vamos chamar este sentimento de solidão. O agricultor cultivava dentro dele um grande vazio, e achava ele que este sentimento era causado pela ausência das pessoas ao seu redor, quando não haviam pessoas por perto, o agricultor sentia a tal da solidão. Posto isto, ele sempre

O agricultor no Aeroporto de Guarulhos

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Visão do Agricultor no Aeroporto Santos Dumond O Agricultor urbano estava  voltando de uma viagem de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, o vôo fazia conexão no Aeroporto de Guarulhos, de forma que teve que aguardar por 1 hora o embarque para o Rio de Janeiro. Estava sentado aguardando, e quando olhou para o banco ao lado, que estava vazio, viu um bonito celular, destes grandes, caros e modernos. Pensou o Agricultor: "alguém que estava sentado saiu e esqueceu de levar o aparelho. O que devo fazer?" Em um primeiro momento, pegou o aparelho e deixou bem visível em cima de sua bolsa, caso o dono voltasse para procurar, seria fácil de devolver, porém, o tempo passou, o dono não apareceu e estava chegando a hora da chamada para o portão. O agricultor precisava tomar uma decisão, tentou ligar o telefone para achar algum contato, mas não foi possível, ele estava descarregado. Ele poderia deixar na administração, deixar sobre o banco, ou levar para o Rio o que faria? Quando fizera

Hoje a natureza precisa de mim

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Primeiros frutos do Coqueiro Hoje é domingo, bem cedo, 6:15 horas, quero ficar mais um pouquinho na cama, não é possível, preciso levantar, agora a natureza precisa de mim. Ainda é inverno, faz um pouco de frio, não posso ainda plantar, a terra está muito seca, porém já existem em muitas árvores muitas sementes para serem coletadas, preciso ir ao encontro delas, hoje a natureza precisa de mim. Vou coletando as sementes, enchendo saquinhos com terra, semeando, preparando as novas mudas que serão levadas para o campo na primavera e verão, aqui e ali mudinhas começam a germinar, precisam de carinho, precisam de água, precisam de mim. Saio à procura de sementes, do maior número de variedades possíveis, encontro pequeninas mudinhas, retiro da terra com muito cuidado e coloco as em saquinhos, ainda não está chovendo, no viveiro improvisado sob a meia sombra de árvores amigas, centenas de mudinhas aguardam pela água, vou regando, vou cuidando, vou me alegrando... Vou pelas bordas da mata

Que Bonito!

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Árvore nativa do cerrado brasileiro Estive em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, no cerrado brasileiro, como é bonito o cerrado. No hotel onde fiquei hospedado, havia um muro que separava a mata nativa dos gramados e coqueiros introduzidos pelo homem. Estava nos limites do hotel, porém uma árvore amiga, nativa, estendeu seus galhos além do muro e doou-me várias de suas sementes, que obviamente não recusei, peguei muitas e coloquei no bolso, feliz da vida, que bonito. O cerrado é um bioma muito belo, com plantas que somente ocorrem por lá, lembra um pouco as savanas africanas, infelizmente, vi muito plantio de eucaliptos e pinheiros, bem como muitos pastos expulsando a vegetação nativa, muitas vezes vamos destruindo nossas riquezas sem ao menos conhecê-las. Estava a uma pequena distância da cidade de Bonito, alguns amigos meus esticaram a permanência e foram passear por lá, porém, como tinha que trabalhar depois do final de semana, tive que voltar para o Rio de Janeiro, sem poder

Não fuja de sua própria angústia

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Limoeiro O agricultor encontra uma bela jovem que gosta tanto de ler suas postagens, e pergunta para ela: - E ai moça bonita, você já leu o post onde o agricultor conversa com sua própria angústia? - Não li - responde a jovem. - E por que não leu? - Porque estou angustiada.

A primeira flor é como o primeiro beijo

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Ipê Branco com uma única flor O pequenino pé de ipê branco floriu, uma única flor, quem sabe a primeira de muitas. Lembro-me da primeira vez que vi um ipê branco florido, morava nesta época em Sorocaba, interior de São Paulo. Passava todos os dias perto dele esperando pelas sementes, e quando estas surgiram, peguei um montão delas, semeei, fiz muitas muitas que posteriormente plantei em diversos lugares, e muitas vingaram. Este ai da foto está plantado no quintal de minha casa, e é, digamos assim, neto do ipê sorocabano, a mãe dele (digamos assim) está plantada na casa de meus pais e todos os anos floresce com exuberância. A primeira flor é como o primeiro beijo, nunca esquecemos. 

Capim Colonião estou capinando está crescendo

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Capim colonião no local onde planto árvores O nosso amigo ai da foto é o capim colonião, uma planta africana de grande resistência. Caso você faça pouco caso dele no seu espaço, ele vai invadindo, invadindo, e em pouco tempo toma conta de tudo. Nas áreas onde planto árvores, ele é muito comum, como não tem boi para comê-lo, vou eu mesmo fazendo o controle através de uma boa cavadeira de ferro, enxada e enxadão nem pensar, é cabo quebrado na certa. Preciso tirá-lo pela raiz e deixar secando no sol, mesmo assim, o danadinho volta a brotar, o controle precisa ser constante. Depois de cortado e seco costumo misturá-lo na terra para fazer adubação, como não uso adubo químico, meu fertilizante é mesmo o capim e outras plantas rasteiras, ou seja, quem não tem cão caça como o gato. Muitas vezes, gasto mais tempo controlando este danadinho do que propriamente plantando as árvores, não é fácil, mais vou levando, ou seja, "capim colonião estou capinando está crescendo". 

O Infinito valor de um pedaço de pão

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Já se vão 35 anos, mas a lembrança é muito clara para mim. Era jovem, estudante, morava longe de casa, na cidade grande, a barra era pesada, a realidade impunha-se a cada dia, a infância no interior e o lar doce lar com mamãe, papai e irmãos haviam ficado para trás. O dinheiro curto, muito curto, era o suficiente para o aluguel, uma refeição diária no bandejão da faculdade, e algumas idas semanais a minha casa. Andava sempre com uma leve sensação de fome. Muitas vezes via meu colegas fazendo lanche na faculdade, aqueles belos sanduiches recheados de queijo, presunto, aquele cheiro gostoso e penetrante... Ficava sempre longe do trailler, o que os olhos não veem, o coração não sente. Um dia, ainda nos primeiros meses de república, cheguei na kitinete lá pelas 22:00 horas, depois da última aula, era uma sexta feira, morávamos em 5 no cubículo situado no centro de Niterói, em um prédio que possuía um odor constante e desagradável todos os dias do ano. Eu e meu amigo HJN éramos os mais p

Billy e o Gardenal

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Billy, vira lata do Agricultor Este é o Billy, cachorro vira lata e tão amigo. Billy é filho da Alegria, é irmão da Nina, Miúda e Tição, os outros vira latas. Quem deu este nome para ele foram os meus filhos, não sei se fazendo alusão ao famoso pistoleiro e ladrão de gado do velho Oeste Americano, o "Billy the Kid". Quando vou para o mato, e para variar passo lá muitas horas quando posso, Billy, sua mãe e seus irmãos me acompanham. Depois de algum tempo a matilha acaba se cansando e todos voltam para casa, o Billy não, ele fica comigo até a hora da minha volta, e muitas vezes anoitece e ele fica sempre por ali, bem pertinho, é um grande amigo. Um dia estava em cima de um pé de jamelão que fica no alto de um morro, cortando alguns galhos, quando lá embaixo da árvore o vira lata começou a olhar para mim com um olhar súplice. O animal começou a tremer, achei que tivesse sido picado por algum inseto ou outro bicho qualquer, caiu no chão e foi rolando feito uma abóbora, morro

Deixa o Menino Sebastião, Deixa o Menino...

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O Agricultor urbano preparava-se par ir embora para sua casa, fez o que tinha que fazer no bosque; foi levando terra nos sacos para as próximas mudas, recolheu um pouco de plástico deixado pelos inconsequentes pelas bordas da mata, e como sempre, estava bastante contente com o trabalho realizado.  Levava também no carro suas inseparáveis amigas, a enxada e a cavadeira, com a primeira ele capinava, e com a segunda fazia os buracos para plantar suas árvores. Ele é mesmo assim, contenta-se com estas coisas simples da vida, é simples, brejeiro, gosta de pisar no chão, subir nas árvores, tomar banho de chuva, admirar o sol, a lua, o mar, os rios, as plantas, os bichos, as pessoas que passam, tudo enfim...  Às vezes, do nada, ele ri; ri de si mesmo, do seu jeito, e de como as coisas sempre se ajustam.  Esta agora pensando naqueles dias passados em que levou a sua namorada na casa do pais pela primeira vez. A adorável moça agradou a todos; a mãe do agricultor ficou muito orgulhosa do f

O Agricultor e a Angústia

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O agricultor urbano estava no mato capinando, ou carpindo, quando de repente, sentiu um incômodo no pé. Era uma pequenina pedra que havia entrado em sua bota, dificultando o caminhar. Parou, deixou a enxada de lado, e saiu caminhando pelo jovem bosque em crescimento, passando pelos ipês, jatobás, jacarandás, jequitibás, e tantas outras árvores tão amigas dele. Como já foi colocado anteriormente, muitos já devem saber, o agricultor urbano falava com árvores e bichos de um modo geral, falava também com as pessoas, quando estas estavam dispostas a ouvi-lo. Era um domingo, bem cedo, não haviam pessoas lá pelo mato, a maioria delas deviam estar em suas casas dormindo, ou tomando o café da manhã, ou fazendo outra coisa qualquer, isto não vinha ao caso, o que chamou a atenção do agricultor foi que ele ouviu uma voz: - Olá, podemos conversar? Ele sabia que não havia ninguém no mato, pensou que fosse uma de suas queridas árvores querendo falar com ele, mas as árvores estavam todas ador

Quem acende a lua toda noite bisa?

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Visão da lua da casa do agricultor urbano Cheguei em casa no começo da noite, e olhei a lua lá no céu, ato contínuo, lembrei-me do Joãozinho, bisneto de uma grande amiga de nossa família, uma tia extra que mora em meu coração. O Joãozinho é um menino muito inteligente, chega mesmo a impressionar. Em tão tenra idade, às vezes faz perguntas que nos leva a pensar, refletir... - Bisa, - Perguntou o João à sua bisavó - a lua tem pilha? - Não João, a lua não tem pilha - respondeu a bisavó. - Então bisa, como se acende a lua todas as noites? Em um outro dia, sua bisavó chamou sua atenção, porque ele havia aberto a geladeira e comido um potinho de iogurte sem a autorização dos adultos. Sua bisa falou isto com ele duas vezes, e ai o Joãozinho retrucou: - Bisa, eu já entendi, basta falar comigo uma única vez, por favor bisa, fale comigo somente uma vez. Em um certo dia, sua querida bisa estava andando com ele em uma praça chamada Jardim dos Inocentes, na cidade de Volta Redonda, n

Maribel e a floresta

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Violeta de Maribel Era uma vez, em uma cidade distante, próxima à Serra do Caparaó, na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, uma jovem chamada Maribel. Esta jovem gostava muito de ecologia, lia todos os artigos possíveis e imagináveis sobre o meio ambiente, preocupava-se com a poluição dos rios, a destinação inadequada dos resíduos sólidos, o esgoto doméstico não tratado, e por ai afora. Maribel sempre pensava que o mundo seria tão melhor se todos respeitassem os bichos, as plantas, se todas as pessoas do mundo plantassem árvores, muitas árvores. Maribel gostava muito das árvores, deliciava-se sob suas sombras nos dias quentes de verão, muitas vezes colhia dos seus frutos, à vezes recolhia lenha nas matas próximas para o seu fogão, enfim, Maribel possuía uma estreita ligação com a natureza. Certa noite, assistindo TV, Maribel ficou transtornada ao saber do constante desmatamento na floresta amazônica, descobriu que o homem com suas poderosas motos serras e seus pote

Senhoras e Senhores, parem: O Ipê floriu.

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O ponto está florido, o ipê amarelo resolveu dar o ar de sua graça trazendo sua exuberante beleza no final do inverno, nas portas da primavera. Ao lado dele temos também o ipê roxo, jacarandá mimoso e o  angico vermelho. Ao longo dos últimos 6 anos, as árvores cresceram, o que era um pasto transformou-se em um jovem e agradável bosque, e o curioso, é que nunca vi ninguém parado esperando o ônibus neste ponto, o ônibus passa a intervalos regulares, porém, o ponto está sempre deserto. Quem sabe agora, com o ipê em flor, o motorista do ônibus não resolva dar uma paradinha, não para pegar o passageiro inexistente, mas para admirar a beleza do ipê amarelo florido. Quem sabe também, os passageiros que nunca esperam o ônibus neste ponto, resolvam também parar um pouquinho e curtir a beleza da árvore florida. Será que será necessário colocar uma placa com letras bem grandes avisando: "Senhoras e Senhores, parem! O ipê floriu".

Hoje levei o meu "lixo" para passear

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Material para Reciclagem Hoje levei o meu "lixo" para passear. Durante as 2 últimas semanas fui juntando meu plástico, latas, garrafas, embalagens longa vida, papel, papelão e por ai afora. Fiquei impressionado com o volume, tudo separado, colocado em sacos grandes e transparentes, ficou até bonito. Coloquei todo o material no carro, carro japonês, quem diria que o material separado iria passear em carro japonês, coisas da vida. No começo deste processo achei que não daria conta, que seria enfadonho fazer isto, mas, aos poucos, fui fazendo com prazer, separando tudo com muito carinho, acho, sem exagero, que chega mesmo a ser uma terapia ocupacional da melhor qualidade. Levei todo o material para a cooperativa de catadores da minha cidade, e lá encontrei pessoas, muitas pessoas, que dependem deste material para também ganharem o seu sustento. Conversei com elas, alguns jovens, outros mais velhos, todos com nome, sobrenome, histórias de vida, sonhos, venturas e desventuras

Deus te abençoe meu filho, Deus te abençoe!

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Ipê Branco da Casa da Minha Mãe Sua Benção mãe, falou o agricultor urbano, porém somente o silêncio, nenhuma resposta. Ele foi à casa da mãe, entrou, andou pela mesma, quarto por quarto, cômodo a cômodo, mas sua mãe não estava lá. Foi até o quintal, olhou para o alto e viu o Ipê branquinho, todo florido, uma beleza. Jogou água nas plantas dos vasos, muitas plantas, as plantas gostam de carinho e de água, sempre foram muito bem cuidadas, e ele regou cada uma delas. A saudade apertava no peito, a casa tão grande e tão vazia, sem a presença fundamental de sua mãe. Seu pai estava em casa, mas, não podia mais conversar com ele, o olhar distante, ausente, o peso dos anos se fazendo presente. Gostaria tanto de ter encontrado sua mãe, dizer para ela que o neto havia voltado lá das terras canadenses, das terras geladas da América do Norte, das terras do urso polar, dos pinheiros, dos álamos, esquilos...  que o menino estava bem, estava alegre, feliz, falando fluentemente a língua dos gring