Quem acende a lua toda noite bisa?

Visão da lua da casa do agricultor urbano

Cheguei em casa no começo da noite, e olhei a lua lá no céu, ato contínuo, lembrei-me do Joãozinho, bisneto de uma grande amiga de nossa família, uma tia extra que mora em meu coração. O Joãozinho é um menino muito inteligente, chega mesmo a impressionar. Em tão tenra idade, às vezes faz perguntas que nos leva a pensar, refletir...

- Bisa, - Perguntou o João à sua bisavó - a lua tem pilha?

- Não João, a lua não tem pilha - respondeu a bisavó.

- Então bisa, como se acende a lua todas as noites?

Em um outro dia, sua bisavó chamou sua atenção, porque ele havia aberto a geladeira e comido um potinho de iogurte sem a autorização dos adultos. Sua bisa falou isto com ele duas vezes, e ai o Joãozinho retrucou: - Bisa, eu já entendi, basta falar comigo uma única vez, por favor bisa, fale comigo somente uma vez.

Em um certo dia, sua querida bisa estava andando com ele em uma praça chamada Jardim dos Inocentes, na cidade de Volta Redonda, no Sul do Estado do Rio, no vale do Rio Paraíba do Sul, quando o menino viu um homem jogar um objeto qualquer dentro do córrego. Joãozinho ficou indignado, disse para sua bisa que aquilo era um absurdo, que os rios deveriam ser mantidos limpos e bem cuidados, segunda a lição que ele havia aprendido na escola, e o menino só não foi tirar satisfação com o adulto sem educação, porque sua bisa o impediu. Joãozinho é muito sincero, não gosta de meias verdades, não gosta de ser enganado, nem de ouvir dos outros coisas que estes não fazem, é preciso retidão de caráter para lidar com ele. Sua bisa precisava sair em determinado sábado, e somente voltaria na segunda feira, e disse para o menino na véspera que não sairia, que ficaria com ele no final de semana. No sábado pela manhã, o menino acorda, procura pela sua avó, não a encontra, e pergunta para sua mãe: - Mamãe, onde está a bisa? - Sua mãe responde: - Sua avó saiu João, e só voltará na segunda feira. O menino ficou calado, não demonstrou nenhuma contrariedade, e quando sua avó chegou na segunda feira, foi direto: - Bisa, a Senhora mentiu para mim, disse que não sairia e saiu, não gostei. Olhe aqui  bisa, de hoje em diante a Senhora não dorme mais comigo no meu quarto, eu não gostei de ser enganado. E por um bom tempo sua bisa implorou, pediu perdão, conversou e não adiantou, ficou mesmo sem dormir no quarto com o menino. Fico às vezes, imaginando nosso país cheio de crianças como estas nas escolas, hospitais, ministérios, delegacias, esferas do poder de um modo geral, creio que a partir de então passaremos a viver em uma nação verdadeiramente republicana, com justiça e igualdade para todos. Joãozinho agora, juntamente com sua família, está morando nos Estados Unidos, no estado da Flórida, e não duvido nada que com sua simplicidade, inteligência e humildade, daqui a alguns anos esteja trabalhando ali pertinho, em Cabo Canaveral, na Agência Espacial Americana, quem sabe, em uma missão à lua ou a marte, e desta forma, descobrirá por seus próprios meios como a lua se acende todas as noites. Que saudades do Joãozinho e de sua querida bisavó.