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Mostrando postagens de novembro, 2018

O Menino Lampião na Aldeia da Negação

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O Moço das Letras estava cansado naquele dia; cansado e sobretudo triste, por não ter conseguido conversar com o seu amigo, o Agricultor Urbano, no dia anterior. Resolveu então que não escreveria nada naquela noite, mesmo se tentasse, não seria mesmo possível, não conseguia sentir nenhuma inspiração. Ficou então sentado na copa ouvindo música, quando, sem mais nem menos, de forma repentina, uma pequena criança apareceu ao seu lado. - Olá Moço das Letras... - Olá Menino. De onde você veio? - Vim de um lugar cheio de histórias para contar.  O Moço das Letras achou que a criança era filho de algum vizinho ali da vila - sabia mesmo o seu nome -, a porta da sala estava aberta, e o portão da casa também. - Moço... você poderia escrever uma história? - Hoje não menino, estou muito cansado. - Mas eu sei que você gosta de escrever histórias, conheço muitas delas... - Sim criança, eu gosto de escrever, mas hoje não será possível. Se você quiser, posso ler uma delas

O Agricultor Urbano em Botafogo

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O Moço das Letras olhou o calendário, já era novembro, última semana; ele sabia que por aqueles dias seu amigo, o Agricultor Urbano, deveria aparecer. Na última visita, por cansaço, ele acabou cochilando, e quando deu por si, o Agricultor já havia passado, deixando para ele em cima da mesa uma folha escrita, bem como algumas sementes, e sobretudo, muita saudade.  Sua expectativa pela visita agora era muito grande; neste ano ele não dormiria de jeito nenhum, quando seu grande amigo aparecesse, ele certamente estaria ali para recebê-lo. Enorme foi então sua alegria naquele dia, ao passar pela caixa do correio da vila onde morava, no bairro de Botafogo, e encontrar lá um bilhete: "Caro Moço das Letras, estarei na sua rua no dia de amanhã, deixarei minha marca, e, quem sabe, poderemos conversar um pouco. Grande Abraço... Agricultor Urbano". O coração do Moço das Letras bateu tanto, que parecia mesmo que ia sair do peito; o amigo viria, que maravilha... No dia s

O Menino Lampião, o Curandeiro Queiros e o Bodoque Encantado

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Era uma vez, em um tempo muito, muito distante, um homem dentro de uma floresta, caminhando lentamente à procura de um menino. Era o tempo da guerra da escuridão entre o  Reino Grandioso do Norte da Escuridão, o  Reino do Norte, e o G rande Reino dos Confins do Sul da Escuridão, o Reino do Sul. A guerra já durava muitos anos; Lampião, o menino, na medida do possível, procurava esconder-se daqueles dardos mentais negativos disparados pelos do Norte e do Sul, mas, vez por outra, via-se atingido; o ferimento deixava marcas em seu corpo emocional, sentindo-se irritado, angustiado, revoltado, melancólico, deprimido... quando ficava neste estado, muitas vezes, Luz, sua amiga, chegava mais perto dele, e ali juntinho do seu amigo, tentava mitigar um pouco a sua dor, dando um pouco de seu carinho, e sobretudo de sua própria presença. Estava ele num certo dia neste estado de espirito, sentado no alto de uma colina, observando ao longe um vale distante, lugar de difícil  acesso, onde el

O Hóspede Indesejado

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A casa daquele homem era muito agradável e arejada, com as portas e janelas sempre destrancadas. Em uma tarde, enquanto descansava, alguém bateu à porta... - Quem bate? - É o Medo... Preciso conversar com você. O homem não conhecia Medo nenhum; nenhum parente, amigo, vizinho, ninguém com aquele nome em suas relações... deveria ser algum vendedor, cobrador não era, pois estava com todas as suas contas em dia.  Correu então até a porta, e a trancou. - Vá embora Medo, não te conheço, estou ocupado, e não quero comprar nada. No dia seguinte, na parte da manhã, o homem ouviu batidas na porta dos fundos. - Quem bate na minha porta? - É o  Medo... Preciso muito trocar algumas palavras com você. - Não é possível isso - falou o homem - já lhe disse para ir embora da minha casa, não quero conversar com você; não te conheço, não estou disponível para conversa fiada, suma de minha residência. Muito aborrecido, dirigiu-se à porta dos fundos e a trancou também.

O Menino Lampião no Reino do Feiticeiro Queirós

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Era uma vez uma tarde de inverno, no Reino do Meio, onde habitavam, entre outros, o menino Lampião e sua inseparável amiga, a cadelinha Luz. Havia muita névoa naquele dia, Lampião já havia coletado muitas sementes, estava voltando para sua casa, e com a baixa visibilidade acabou enveredando por outros caminhos dentro da mata; quando deu por si, estava em um local nada familiar, bem árido, com muitas pedras e quase nenhuma árvore. Ali, por teimosia, somente alguns arbustos cresciam no meio daquela desolação. - Creio que estamos perdidos Luz, - falou o menino - vamos andar por aí a fim de procurarmos o caminho de volta, ou ainda, alguém que possa nos dizer onde estamos. O menino e sua amiga começaram a andar por aquela região, e então, pouco a pouco, começaram a encontrar pelo caminho inúmeras estátuas de pedra, todas elas, sem exceção, com uma expressão de medo e terror no olhar - seria algum capricho de algum artista? Enquanto andavam naquele local estranho, Lamp

O Rato Silvestre, a Gata de Olhos Verdes e a Bruxa Vassorilda

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Era uma vez, há muito tempo atrás, lá no distante Reino Grandioso do Norte da Escuridão, o Reino do Norte , um menino que andava pelas ruas da aldeia vendendo bananas. Havia, naquela época, uma crise financeira geral, e para ajudar a família a equilibrar o orçamento doméstico, era comum o menino sair pelas ruas e praças vendendo o que tinha, geralmente frutas, legumes, ovos e verduras. Naquele mesmo dia, Vassorilda, a bruxa do Reino do Norte, estava de muito mal humor, como era bastante comum. Estava mais dura do que um coco da Bahia, sem  nenhum dinheiro  para comprar cobras, morcegos, sapos e lagartos para novos feitiços. Sua vassoura já estava penhorada, seu nome já estava sujo na praça, e por tanto desgosto, já havia mesmo enfeitiçado uma bela garota que havia passado perto de sua casa, - comprou o feitiço na loja de magias, em doze vezes sem juros, no cartão -  e sem alguém mais se atrevesse a se aproximar, receberia também uma pequena carga de desgraça; havia ainda, apesar d

O Homem que Fugiu

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Não era uma vez, era mesmo um homem que não suportava mais a vida que estava levando. Seu casamento havia sido um erro, pensava ele, a mulher, que era tão agradável e tão doce, transformou-se, segundo sua visão, em um grande estorvo em sua vida. Ele não conseguia suportá-la mais, sua presença trazia sempre muito incômodo para ele, queria, a todo e qualquer preço, ficar bem longe dela, se possível, para sempre. Mas ele foi protelando a separação, e veio o primeiro filho, e com este, a sua situação piorou. Conforme aquele menino crescia, sentia em si mais e mais dificuldades em conviver com ele, não conseguia sentir-se bem em sua presença, e na medida do possível, sempre o evitava; a companhia do filho trazia para ele um permanente desconforto em seu coração.  A ideia da evasão era cada dia mais presente, porém, veio o segundo filho, uma menina, suas responsabilidades então cresceram, como também cresceu a filha, e com o crescimento desta, nasceu entre eles o mais profundo dis