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Mostrando postagens de abril, 2018

Insano Por Um Dia

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Todos já sabem mas não custa nada dizer que era domingo, e era de manhã, e o Agricultor estava obviamente plantando suas árvores pelos caminhos da vida. Muitos passaram por ali naquele dia, alguns observaram o Agricultor em sua lida, outros seguiram indiferentes, e a vida, naturalmente seguia o seu curso também. -Agricultor, você está sempre plantando suas árvores solitariamente, falou o menino que passava. Não sente solidão? - Solidão menino, é quando não consigo estar só comigo mesmo. O Agricultor gostava muito daquele menino curioso que sempre passava por ali, porém, naquele dia, além do menino, curiosamente, alguns outros vieram conversar com ele também, algo incomum, quem sabe alguma convergência astrológica, ou  finalmente o início da era de aquários, ou outra coisa qualquer, o fato, é que naquele dia os indiferentes de todos os dias começaram a falar. - Agricultor, muito bonito o que o Senhor faz. Ah se todo mundo fizesse isto também, o mundo todo seria a mais com

O Menino e a Guaçatonga

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Miúda Sob o Pé da Guaçatonga Era uma vez um quintal sem muros que ficava no sopé de um morro onde haviam muitas bananeiras e roseiras, bem como algumas poucas árvores. Era o quintal da casa de um menino, as bananeiras eram frutos do labor de seu avô, e o perfume de todas as rosas eram os frutos do trabalho de sua mãe. O grande amigo do menino era um vira lata, o Camboja, e quase todos os dias os dois andavam juntos pelo quintal, e muitas vezes subiam até o ponto mais alto no limite da propriedade, onde havia um pé de Guaçatonga, que com o passar do tempo passou a ser amigo do menino e do seu cachorro também. Regularmente, nos finais das tardes, o menino subia o morro e no alto do morro subia no pé de Guaçatonga, e ficava lá em cima solitariamente juntamente com a sua amiga, enquanto o seu outro amigo ficava lá embaixo, muitas vezes cochilando, aguardando o retorno do menino. A árvore e o menino eram de poucas palavras, seres observadores, mas com o tempo e amadurecimen

Abriu Abril

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Cansado está o verão... Vocês verão, O verão abriu... Abriu a sensibilidade A sensibilidade de abril Abriu o outono O outono de abril Abriu o tempo O tempo de abril Abriu a vida A vida de abril Abriu as cores As cores de abril Abriu o céu O céu  de abril Abriu o sol O sol de abril Abriu o olhar O olhar de abril Abriu o amor O amor de abril Cansado está o verão... Vocês verão, O verão abriu... Abriu abril Abril abriu Abriu a casa A casa de abril Onde o verão enfim, descansa.

Uma Nobre Senhora

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No vale da sombra - não sei se da morte -, aquele homem chorava suas mágoas, tudo era ódio, rancor, ressentimento, medo, mágoa, tudo era desolação... Seus pensamentos eram todos negativos e presos ao passado, ao seu redor outros no mesmo sofrimento interior, de forma que não havia nenhuma solidariedade ali, era mesmo cada um para si, cada um olhando para o seu próprio umbigo e chafurdando em seu próprio inferno interior. Aquele homem estava cansado daquilo tudo, já havia tentado de várias maneiras evadir-se daquele local, mas por mais esforço que empreendesse não conseguia sair, era como se estivesse de alguma forma imantado àquele ambiente, ele trazia em si o mais profundo cansaço, como se estivesse mesmo  arrastando pesadas correntes... Naquele local havia muito choro e ranger de dentes, e o homem tinha a impressão de que viveria ali para sempre, e esta sensação da dor sem fim, da dor eterna, era desesperante, cada segundo vivido ali, tal a intensidade do sofrimento, trans