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Mostrando postagens de janeiro, 2018

O Ipê e o Vento

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Ele foi plantado lá em 1997, faria 21 anos em outubro próximo, estava alto, com mais de doze metros de altura, em plena juventude. Para quem chegava na casa da professora, ficava à direita do portão, e invariavelmente e sem palavras, dava as boas vindas ao visitante, e muitas vezes, no final do inverno e início da primavera, oferecia também de suas lindas flores amarelas. Quando o visitante ia embora ele ficava à esquerda do portão, e também sem palavras, - as árvores não falam, - também desejava tudo de bom, algo como assim: Vai com Deus meu amigo, vai com Deus...  Foi muito amado aquele ipê, contam que sua semente foi colhida lá no interior de São Paulo, em uma certa cidade das terras rasgadas, sobre um lindo gramado. Contam também que o ipê lá daquelas terras paulistas era também muito amado e muito belo, e que provavelmente ainda cresce por lá, beirando o muro, próximo à copa frondosa de uma majestosa sibipiruna. E com quase vinte e um anos de idade o ipê continuava

A Última Partida de Dominó

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A fila dos bebês era longa, muito longa, olhando para trás via-se aquela infinidade de crianças vindas de algum ponto muito distante, mal comparando, algo assim como uma dessas esteiras rolantes dos modernos aeroportos, por onde a criançada ia seguindo adiante, e conforme seguiam, muitas delas acenavam... Aquela grande esteira rolante movimentava-se lentamente, conduzindo aqueles meninos todos para um ponto luminoso lá na frente. A grande maioria deles seguia bastante feliz, não entendiam absolutamente nada do que estava acontecendo, simplesmente deixavam-se conduzir, sem a mínima preocupação com nada, onde já se viu bebê ficar preocupado com alguma coisa... Mas como em toda regra existe uma exceção, existia ali naquela fila um menino que não estava se sentindo muito à vontade, ele não conseguia vivenciar tudo aquilo como os demais, estava preocupado com alguma coisa. Era o bebê Duzentos e Quarenta e Nove. - Para onde estão me levando, que fila é esta, de onde eu vim,

A Pitangueira, o Menino e a Chuva

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No princípio, antes de conhecer todas as outras coisas, o menino já amava as pitangueiras.  Era comum para o menino naqueles dias de sua infância, ao entardecer, dirigir-se a uma grota deserta no sopé de um morro, e lá ficar até ao anoitecer, solitariamente, empoleirado como um passarinho lá no alto daquela pitangueira frondosa e solitária, tão solitária quanto ele mesmo. O menino gostava demais das pitangueiras, saiu um dia então para o quintal, encheu uma garrafa com água, cavou um buraco, e lá dentro, carinhosamente plantou a muda da árvore que ele tanto amava. Com a água da garrafa ele regou a pequenina planta, desejando muito que ela pudesse vingar e crescer. Terminada a tarefa, fechou a tampa da garrafa e foi seguindo o seu caminho em direção à sua casa, rodeado por pitangueiras de outrora e muitas outras árvores também.  O menino, na sua inocência, observou ainda um pingo de água dentro da garrafa fechada. Olhando lá para dentro do vasilhame transparente e vendo o p