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Mostrando postagens de março, 2021

O Agricultor e o Palito de Fósforo

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Era uma vez uma caixa de fósforos onde moravam duzentos e quarenta palitos rigorosamente idênticos, exceto um, que por algum defeito de fabricação possuía um tamanho inferior, estava lascado e tinha uma cabeça bem pequena — infeliz palito. — Você é a ovelha negra da família; você é diferente de todos nós; você não será capaz de gerar sua própria chama; você denigre a imagem do nosso fabricante; você nunca será ninguém na vida — era isto o que o pobre palito ouvia diariamente dos demais palitos da caixa  —   insanos palitos. Depois de tanto ouvir isto dos seus companheiros, o pobre palito passou a acreditar em tudo aquilo, e acreditando, caiu em um profundo estado de tristeza, temendo sobremaneira o vexame futuro pelo qual passaria, quando fosse chamado para o seu único trabalho em sua vida, o de gerar uma pequena chama  — deprimido palito. Todos os dias um ou mais palitos eram retirados da caixa e, depois de riscados, cumpriam sua missão gerando sua chama; ao observar aquilo o coração

O Agricultor Urbano e o Seu Velho Ego

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Eram quase onze horas da manhã, o sol de verão estava escaldante, e o Agricultor estava cansado. Havia acordado cedo e cedo plantou muitas árvores, mas a hora avançou e ainda faltavam algumas mudas aguardando o aconchego do solo. Sua garrafa d'água estava quase no final  — somente um único gole — , ao seu redor nenhuma sombra amiga, somente pasto e algumas moitas dispersas de capim. De vez em quando Tição, seu fiel e velho vira lata, chegava perto dele com a boca aberta, transpirando pela língua e com um olhar triste que poderia ser traduzido como: "Amigo, vamos para casa, senão morreremos assados aqui neste campo desolado." Tentando abrigar-se um pouco do sol atrás da moita de capim colonião, o Agricultor Urbano ficou ali pensativo e parado, e neste momento de fatiga e indecisão sobre o que fazer, foi visitado pelo seu velho ego que raramente aparecia no campo. — Bom dia meu grande Agricultor Urbano. — Bom dia velho ego. — Já passam das onze horas da manhã, e você ainda