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Mostrando postagens de janeiro, 2015

Tantas Marias Cheias de Graça

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Berçário da Floresta Devo tanto a tantas Marias que cruzaram o meu caminho. Onde andará Dona Maria de Lourdes, aquela professora primária, que me ensinou tanto, naquela escola pobre de madeira na beira do córrego. Ensinava com simplicidade e carinho, sua presença ainda hoje, tantos anos depois ainda permanece presente dentro de mim. Nunca mais a vi, que saudades, Dona Maria de Lourdes, ou Dona Maria do Saber... Dona Maria Fubica, mais preta que a mais escura das noites, olhar manso, suave, coração profundo, transbordante de tanto amor, quantas e quantas vezes a Senhora me benzeu, me abençoou, pinçou as feridas de minha alma, me acolheu, me deu doces de Cosme e Damião. A Senhora partiu deste mundo, viveu 100 anos, foi amiga de minha avó, a Francisca. Na minha casa tenho um sino e uma imagem de Vovó Benedita, bem como um cachimbo, coisas que a Senhora utilizava para minimizar as dores dos outros, que beleza a Dona Maria Fubica, a Maria que via os seres do outro mundo, a Dona Mar

A água da Fonte

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É um pássaro, é um avião? Não, é o carro do agricultor urbano em um ensolarada manhã de domingo, na fresca sombra das árvores. E onde está o agricultor? Bem, como ninguém  é de ferro, o agricultor terminou o trabalho neste dia, e agora dá aquela voltinha final e contemplativa dentro do bosque, curtindo e olhando todas as árvores que estão crescendo, mudando pouco a pouco a paisagem. E ele passa pelo fedegoso, ipê amarelo, ipê rosa, ipê branco, ipê roxo, ipê da flor verde, e continua andando, e avista logo ali um pequeno jequitibá rosa que vai pouco a pouco crescendo sob a sombra amiga das árvores, suas irmãs, e agora observa a araucária com mais de 2 metros de altura, e do lado dela o jenipapo, e logo depois a pitanga, a sibipiruna, o pau ferro, o pau rei, o pau jacaré, e tantas e tantas outras espécies que nem cabem no blog, todas juntas, crescendo e convivendo harmoniosamente umas com as outras. E o agricultor observa a rua, está muito quente, porém, dentro do bosque, por entre as

Dois, Três Passos ou um Rastro Verde

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Adicionar legenda Domingo bem cedo, ninguém na rua, o agricultor chega calmamente estaciona o velho amigo e retira do porta malas as mudas que serão plantadas neste dia. Ele olha feliz para cada um dos saquinhos, tem ipê roxo, ipê amarelo, babosa branca, aroeira, cedro rosa, jacaranda mimoso e tantas outras espécies. Cada um dos saquinhos é fruto do seu trabalho, primeiramente coletou as sementes, depois semeou, e aquelas que brotaram foram repicadas e colocadas em embalagens individuais, até atingirem aproximadamente 20 cm. Ele, o agricultor, gosta muito de cada uma delas, e ele sabe que uma vez na natureza, muitas não conseguirão sobreviver, as adversidades são muitas. Pode ocorrer incêndio, as formigas podem atacar, existe sempre a possibilidade de longos períodos de estiagem, e assim por diante, porém, o agricultor sabe que o melhor local para as mudas se desenvolverem é no campo. E agora ele pega sua cavadeira e vai andando, e dá dois ou três passos, para, abre a cova, retira

Carta à Chuva

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Rio de Janeiro, 19 de Janeiro de 2015 Prezada chuva, como tem passado, espero que esteja bem. Escrevo para relatar minha saudade e sobretudo minha preocupação com sua ausência. Não é surpresa para você que sempre fomos tão bons amigos, desde a minha infância sempre houve entre nós uma convivência amorosa, harmoniosa e pacífica. Em momento algum de meus dias já vividos reclamei pela sua presença, qualquer que fosse a hora ou a ocasião sua chegada sempre trazia para mim muita alegria. Você aparecia, eu tomava banho em suas águas, você molhava todas as plantas, a terra ficava cheia de vida, as jabuticabeiras ficavam carregadinhas, o rio Paraíba do Sul fichava cheio até a boca,  tudo ficava tão verde, tão vivo, tão bonito... Lembro me bem como era, lá pelos meses de agosto e setembro, meu avô preparava a terra e plantava o milho, logo depois, invariavelmente, você aparecia, meu avô sabia disso,  e permanecia conosco de forma constante até o final do verão, início do outono. Lembro-me

O impossível Chão

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Palmeira Jerivá O agricultor sabe, o solo é pobre, degradado, desprovido de qualquer matéria orgânica, lavado ano após ano pelas águas pluviais, abandonado e esquecido por todos. O agricultor também sabe que este mesmo solo, no passado foi o lar de uma das mais belas florestas do planeta, a mata atlântica. Depois de décadas da ação predatória e inconsequente dos homens, seus irmãos, pensou o agricultor, não restou quase nada, a terra abandonada começa a entrar, quem sabe, em um processo de desertificação. E ele vai fazendo o que pode, uma paineira plantada aqui, um pau jacaré plantado lá, uma embaúba semeada ali, e assim por diante, e pouco a pouco, as pequenas mudas, com todas as dificuldades possíveis em função da pobreza do solo, vão superando as adversidades e crescendo. É como se a terra guardasse em si a memória da mata que ali já existiu, e conforme as mudas vão sendo plantadas, esta memória natural vai despertando, e o ambiente vai mudando, tudo vai ficando bonito e agradá

O Agricultor e o Jacarandá da Bahia

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Jacarandá da Bahia O agricultor andava lá pelo alto do morro observando suas amigas, as árvores que cresciam livremente naquele local a tanto tempo esquecido por todos. O morro era bem alto, lá de cima ele podia ver outros morros, via o contorno do Rio Paraíba do Sul, tão sujo o rio, via casas distantes, e pastos muitos pastos, uma degradação total ao seu redor. Ali naquele local onde ele andava já havia um pouco de sombra, as árvores começavam a trazer a vida de volta para o local, muitos pássaros apareciam durante o dia, outros construíam seus ninhos nas copas das árvores, tudo estava ficando muito bonito. E eis que o agricultor ouve uma voz muito tímida chamando por ele: -Moço, moço...  - Quem me chama, respondeu o agricultor?  - Sou eu moço, o jacarandá da bahia.  O agricultor olha para o lado e lá estava ele, o jacarandá, crescendo naquele local ermo e seco.  - Como vai meu amigo? - pergunta o agricultor. Para quem ainda não está acostumado, não se assuste, o agri

As convidadas

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Geralmente nas tarde de domingo o agricultor dá um passeio pelos fundos do seu quintal, gosta de andar entre as árvores que estão crescendo lá no alto daquele morro degradado e esquecido por todos. E ele anda, para aqui, observa ali, vai olhando para o chão, olhando para os lados, para cima, olhando para todos os lugares, contemplando a natureza em processo de regeneração, tudo está ficando tão verde e tão bonito. O agricultor gosta muito de plantar árvores brasileiras, principalmente as da mata atlântica, em função do local onde vive, mas, entre estas nativas, planta também (como convidadas) árvores familiares à todos, porém, consideradas exóticas, pois não são nativas do Brasil. Consequentemente, se você passear por estas matas que estão em fase de desenvolvimento, encontrará fruta do conde, jaca, ameixa, goiaba, cacau, jambo branco, jambo rosa e outras convidadas mais. As nativas e as convidadas vão crescendo juntas, em harmonia, parecem que se entendem bem. E numa destas andan

O que o Agricultor põe Deus Dispõe

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Depois da tempestade e da ventania, andando pela mata, o agricultor observou que o seu querido angico foi quebrado pela força do vento. Ele olha a cena, sente lá no fundo do seu coração uma dor profunda pela amiga que não resistiu à força da intempérie. Há quantos anos aquela árvore estava ali, talvez oito ou quem sabe nove anos. Bem, pensou o agricultor, meu dever é plantar, o resultado é por conta da natureza, ou seguramente do Agricultor Divino, a vida segue. O agricultor pega sua machadinha, vai cortando em pedaços os galhos da árvore e jogando pelo chão, a fim de desobstruir a passagem, nada está perdido, a madeira morta servirá de adubo para outras árvores, tudo faz parte de um processo natural, e daqui a pouco, pensou o agricultor, o angico torna a brotar, ou não, afinal de contas, como dizia Leon Tolstoi, "O que o Homem põe Deus dispõe".

O Coqueiro e seus primeiros frutos

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O coqueiro e seus primeiros frutos E o agricultor vai passeando por entre suas árvores, encontra uma ali, olha outra lá, descansa sobre a sombra de uma outra logo além, e eis que ele se depara com o coqueiro que começa depois de alguns anos a produzir os seus primeiros frutos. A alegria que ele sente é grande, não tem como traduzir em palavras. Naquele solo pobre, a planta conseguiu vencer todas as dificuldades, cresceu e agora  seus lindos e saborosos frutos começam a despontar, um, dois, três, vários... cheios de vida, de potássio, de beleza. O agricultor percebe que seu trabalho foi mínimo, não foi difícil cultivar e plantar aquele coqueiro, e no seu coração nasce um sentimento de gratidão pela planta, pela natureza, e principalmente pelo Divino Agricultor, que tudo provê para todos. Os cocos ainda estão verdes, porém no momento certo podem saciar a sede de muitos, é isto que deseja o agricultor.