A água da Fonte
É um pássaro, é um avião? Não, é o carro do agricultor urbano em um ensolarada manhã de domingo, na fresca sombra das árvores. E onde está o agricultor? Bem, como ninguém é de ferro, o agricultor terminou o trabalho neste dia, e agora dá aquela voltinha final e contemplativa dentro do bosque, curtindo e olhando todas as árvores que estão crescendo, mudando pouco a pouco a paisagem. E ele passa pelo fedegoso, ipê amarelo, ipê rosa, ipê branco, ipê roxo, ipê da flor verde, e continua andando, e avista logo ali um pequeno jequitibá rosa que vai pouco a pouco crescendo sob a sombra amiga das árvores, suas irmãs, e agora observa a araucária com mais de 2 metros de altura, e do lado dela o jenipapo, e logo depois a pitanga, a sibipiruna, o pau ferro, o pau rei, o pau jacaré, e tantas e tantas outras espécies que nem cabem no blog, todas juntas, crescendo e convivendo harmoniosamente umas com as outras. E o agricultor observa a rua, está muito quente, porém, dentro do bosque, por entre as árvores, a temperatura está bem mais agradável, agora existe muita vida onde antes só havia o capim, já são muitos os pássaros, muitos fazendo ninho nas copas das árvores, a terra esta fofa, gostosa de ser pisada, já existe aquele cheiro gostoso do solo saudável, muitos frutos começam a aparecer. E depois de tanto trabalhar, o agricultor está com sede, e ele vai descendo mata adentro, em direção a uma fonte que existe na parte mais baixa do bosque, e lá, apesar da falta de chuva geral ele encontra a mina com a água fresquinha e gostosa. E ele bebe com prazer o precioso líquido, e observa que a fonte agora está protegida pelas sombras dos ingás, guapuruvus e mongubeiras, e que o seu volume de água é maior do que a alguns anos atrás, quando ali havia somente o capim. Que bom que a fonte não secou, pensa o agricultor, suas águas continuam brotando do chão, e pelo menos um pouco dela vai, quem sabe, desaguar nas águas do rio Paraíba do Sul, a uns 2 Km dali, e o rio, pensa o agricultor, bem que vai gostar, afinal de contas, com esta estiagem toda, com este calorão, o pobre coitado anda com seu volume bem baixo, e recebe diariamente muitos e muitos dejetos, fruto da inconsequência dos homens, e deve estar assim como o agricultor, ávido por um gole de água pura, água da fonte.
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