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Mostrando postagens de novembro, 2014

O 2014

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Pitangueira O agricultor andava pela mata um pouco inquieto, o mês de novembro já estava caminhando para o seu final, e tudo estava muito seco, as chuvas estavam muito inconstantes e raras para a época. Ao seu redor a paisagem mais se assemelhava à caatinga nordestina, o solo clamando por água, muitas plantas ainda em estado de hibernação, é como se a primavera ainda não houvesse chegado. O que estaria acontecendo, seria algo natural, ou quem sabe, a ação deletéria do homem sobre a natureza? Esta resposta o agricultor não tinha, mas ele percebia que nos últimos anos a chuva sempre demorava mais a chegar, e vinha sempre de forma muito irregular. E ele continuou andando, seguido pelos seus inseparáveis vira latas, até que de repente ele viu algo que para ele era extraordinário: no meio daquele ambiente tão seco, uma jovem pitangueira carregadinha com os seus primeiros frutos. E ele que estava desanimado com a seca percebeu que deveria manter a esperança, que mais cedo ou mais tarde

Um Conto de Preto Velho

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Do outro lado do rio, espécies do cerrado brasileiro O preto velho sentado no toco de braúna, com aquela simplicidade e humildade infinita, conta um conto entre um barqueiro e um padre.  Era uma vez, em certa cidade, um padre que precisava atravessar um rio, não havia ponte, a travessia era feita através de uma pequena balsa conduzida por um barqueiro. E o padre chega, acomoda-se no barco e pede ao barqueiro para levá-lo à outra margem, e, como o padre gostava muito de conversa, ao longo da travessia foi falando com o barqueiro.  - Barqueiro, - disse o padre - você já leu alguma coisa a respeito  dos profetas, dos salmos e dos versículos da bíblia? -Não Senhor padre, nunca li, - respondeu o barqueiro.  - Que pena barqueiro - responde o padre, - você perdeu metade de sua vida.  E o barqueiro continuava tranquilamente remando o seu barco, mas o padre possuía muito conhecimento e continuou com a conversa. - Barqueiro, você conhece no novo testamento os evangelhos segund

O homem desconectado

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Deserto da solidão por onde passou o homem desconectado Vivemos a era da tecnologia, estamos todos muito ligados através dos nossos celulares e outros aparelhos de comunicação, a conexão é total, em segundos conseguimos interação com tantas pessoas em locais, os mais variados possíveis, perto ou distante.  Era uma vez um homem que, cansado de toda a tecnologia do mundo, desligou o seu celular, e em seguida, descobriu que, além de não estar mais na rede mundial dos computadores, havia perdido também a conexão consigo mesmo. Seu primeiro sentimento foi o de uma profunda solidão, e, com medo de mergulhar no abismo dentro de si, quase que ligou novamente o aparelho, porém, decidiu que viveria aquela experiência, mesmo que tivesse que sofrer um pouco. E assim ele fez, acordava de manhã para trabalhar ou fazer alguma coisa qualquer, e aquela ação era mecânica, não havia nenhuma alegria pelo sol, pelo despertar, pelo dia, simplesmente acordava, e, como um robô, fazia o que precisava se

Nina, a cadela folgada

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Nina a cadela folgada O agricultor estava preparando uma sementeira em um carrinho de mão velho e cansado de tanto trabalho. Com o passar do anos, ficou todo enferrujado e cheio de buracos, depois de transportar tantas mudas e terra havia chegado ao final de sua jornada, não tinha mais como continuar. Como o agricultor é muito sentimental, não desejou jogar o amigo fora, ou vender seus restos mortais para um ferro velho qualquer, então, pensou lá com os seus botões, e descobriu que o velho amigo ainda poderia ser muito útil, mesmo não podendo sair do lugar, poderia servir como sementeira para futuras árvores. E o agricultor foi enchendo o carrinho com terra, e Nina, sua vira lata atrás dele querendo carinho, e o agricultor não dava atenção a ela, precisava buscar mais terra, depois areia, depois as sementes para o plantio, e assim por diante, e Nina atrás dele reclamando atenção. Todos os seus vira latas tem personalidade própria, são todos irmãos, filhos da velha Alegria, e a Nin

Dr. Feliz, o melhor médico da história

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Ipê roxo plantado próximo ao posto médico do Dr. Feliz Naquele dia, quem passou pela frente do posto de saúde do bairro viu o seguinte cartaz: " Senhoras e senhores, amanhã estará de plantão em nosso posto de atendimento, durante todo o dia, o Dr. Feliz, conceituadíssimo médico, capaz de resolver todo  e qualquer problema de saúde, do mais simples ao mais complexo, suas receitas são  comprovadamente infalíveis, por onde passou deixou um rastro de cura e bem estar. Quem conseguir simplesmente olhar para ele ficará curado.  Consulta aberta à todos, solicite o seu  agendamento, e não se preocupe, o médico fala português ." E a notícia correu a cidade, todos ficaram muito interessados, foi um alvoroço, todos os que liam o cartaz entravam no posto e recebiam uma ficha numerada, e eram instruídos a voltarem na manhã seguinte. E foi assim durante todo o dia, no final quase 1000 (mil) consultas foram marcadas, um recorde, não houve nenhuma preocupação com relação a i

O Agricultor e a Ansiedade

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Domingo, 6 horas da manhã, o despertador toca, e o Agricultor acorda; tem vontade de travar o relógio, de virar para o lado e continuar dormindo, porém não pode, é dia de plantar árvores, compromisso com a vida... Levanta, toma seu café, faz carinho nos seus vira latas, que continuam lá pelos cantos; eles não seguem o horário de verão, seguem somente o instinto. Tudo preparado para sair, vai plantar árvores na área pública; vai saindo de casa tranquilamente, e de repente escuta uma voz... - Agricultor, posso ir com você hoje? Quem poderia ser aquela hora? Estavam todos dormindo na sua casa; o Agricultor não dá ouvidos, caminha em direção ao carro, e novamente ouve a voz: - Por favor Agricultor, deixe eu ir com você hoje, só hoje... Ele olha para o lado e não encontra ninguém. -Quem está aí? - pergunta ele. - Sou sua ansiedade, prima de sua angústia, e gostaria muito de acompanhá-lo na manhã de hoje, posso? Por favor, diz que sim, diz que sim, depressa, o te