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Mostrando postagens de agosto, 2018

Agosto Mês dos Ventos

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Agosto mês dos ventos... Mês de semear as palavras no pensamento Agosto mês dos ventos... Mês de plantar as emoções no sentimento Agosto mês dos ventos... Mês de embalar as sementes no acolhimento Agosto mês dos ventos... Mês de deixar as dores no esquecimento Agosto mês dos ventos... Mês de cultivar a paz no ressentimento Agosto mês dos ventos... Mês de regar os sonhos no firmamento Agosto mês dos ventos... Mês de colher as estrelas no encantamento Agosto mês dos ventos... Vento maravilhoso que sopra de dentro Tanto contentamento em mim.

A Bruxa do Reino do Norte

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Era uma vez uma bruxa de nome Vassorilda, que vivia na grande floresta do Reino Grandioso do Norte da Escuridão, o Reino do Norte . Apesar de viver dentro da bela floresta, a bruxa não gostava de árvores, não gostava de flores, não gostava de passarinhos, não gostava de nada; a bruxa somente desgostava, desgostava de tudo e de todos.  O único gosto da bruxa era andar diariamente com sua vassoura na mão varrendo para longe as folhas - malditas folhas na visão dela - das árvores próximas que constantemente caiam pelo chão.  Bem pertinho da casa da bruxa Vassorilda havia crescido uma linda embaúba branca, que com o tempo passou a abrigar em seus galhos inúmeros pássaros que passavam por ali à procura de sombra, poleiros e alimento. A sombra da árvore era benéfica para todos os habitantes próximos, pois além da beleza natural, protegia as residências do povo da floresta da ação direta da luz do sol, refrescando muito o ambiente em redor. A bruxa Vassorilda não percebia nada diss

A Negação

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Neguei pai, neguei mãe,  neguei parentes, amigos e inimigos, neguei toda e qualquer autoridade, neguei tudo, neguei a vida, neguei a morte, neguei Deus... A negação... É como um navio eternamente atracado no porto; É como um abraço oculto e contido que jamais se abrirá para o outro;  É como um imenso trem de passageiros que constantemente circula de portas fechadas, sem carregar absolutamente ninguém; A negação... É  como um grande coração gelado incapaz de aquecer os demais; É como uma chuva necessária que se prenuncia, porém jamais cai; É como uma roseira que jamais exibe suas rosas e seu perfume; A negação... É como um governo eternamente incapaz de servir ao seu próprio povo; É como uma mãe que não dá colo e um pai que não dá pão; É como um mestre que não ensina e um homem que não vive. A negação, no seu mais profundo isolamento não pode ser comparada nem com a morte, pois aquele que morreu viveu antes, e a negação jamais experimentou sequer um

O Soldado na Ilha

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Naquele dia tão distante da década de quarenta do século passado, em uma tão remota ilha do pacífico os soldados faziam uma última revista, à procura, quem sabe, de algum inimigo escondido por ali. Observaram cada canto da ilha e não encontraram absolutamente nada, além de pássaros, árvores, coqueiros, areia, pedras... naquela pacífica e belíssima ilha nenhum vestígio humano.  Eram muitos os soldados daquele batalhão naquela missão, que aos poucos foram  voltando para o navio, para o continente, para a guerra, para a vida. Um dos soldados presente ficou encantado com a ilha, havia tudo ali, cocos, peixes, raízes em abundância, frutas, sombra e água fresca, sossego, tudo... Então, durante a batida militar um pensamento começou a povoar sua imaginação, um maravilhoso e mágico pensamento... "Eu poderia viver nesta ilha solitária em paz para sempre, longe dos horrores da guerra humana."  O pensamento, como um pássaro, pousou em sua mente, e aos poucos foi fazendo o seu

O Rei e a Goiabeira

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Ocorreu há muito tempo, antes de Colombo chegar à América, antes de Julio César conquistar a Gália, muito, muito antes, no princípio,  naquele distante tempo em que Luz e Lampião iam aos poucos plantando a grande floresta. Havia no Reino Grandioso do Norte da Escuridão, O Reino do Norte, um grande rei da linhagem dos Autoritários de nome Orgulhoso, senhor absoluto de todos os súditos que viviam sob o seu domínio. O Rei Orgulhoso habitava  um enorme, bem cuidado e belíssimo palácio,  gostava de mandar e ser obedecido, e sendo contrariado, logo logo perdia o seu bom humor, o que era bastante comum para os da sua linhagem. Apesar de seu difícil temperamento, o rei era bom e justo. Andando um dia pelo bosque real, como era muito atlético e forte, resolveu não ordenar, e então ele mesmo subiu em uma linda goiabeira a fim de colher os frutos mais elevados. Após a subida e estar quase tocando nas goiabas, o rei escorregou, despencou lá do alto e caiu no chão. Nenhum dos seu súditos

O Sexto Passo e a Criança Birrenta

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Hoje minha criança birrenta disse que não iria à sala de doze passos ; alegou que tem jogos de futebol na TV e que ficaria em casa relaxando. Falou ainda que já estava curada da doença da emoção; portanto, poderia agora desfrutar com gosto das coisas mundanas... Olhei bem nos olhos dela e disse-lhe carinhosamente:  —   Com ou sem futebol nós vamos à sala. Ela chorou, bateu os pés, ficou de cara amarrada e rolou no chão; chegou mesmo a comover-me a birrenta, tentando a manipulação. Falei com ela novamente... —  Criança, compreendo sua frustração, eu também gosto de futebol, porém, hoje o jogo é outro, é o jogo da dor, do medo, da angústia, dos anseios e sonhos humanos; é o jogo mais importante, o jogo da esperança e muitos estarão lá, é mesmo o jogo da própria vida. —   E como você vai me convencer a ir até lá?  —    Falou ainda a teimosa criança. —   Criança... Se não formos e a dor vier, você ficará pelos cantos deprimida e sofrida, e eu cheio de remorsos

Poema em Linhas Tortas

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Eu, que não tenho nada para falar, Eu, que tenho tudo para esconder,  Eu, que sou tão superior, Eu, que sou tão inferior, Eu, que sou tão doente e carente e descontente, Eu, que sou tão diferente, Eu, que sou tão presunçoso, Eu, que sou tão apegado e apagado, Eu, que sou o Príncipe, ou quem sabe o Rei, Eu, o Grande Rei, o orgulhoso, Eu, o grande Príncipe, o medroso, Eu, o Rei do orgulho,  Eu, o Príncipe do entulho, Do entulho de minhas desgovernadas emoções, Quem sou eu então para analisar Pessoa, qualquer pessoa? Eu, que sou tão fechado, Eu, que sou tão calado, Eu que sou tão magoado, Eu, que sou tão sofrido, Eu, que sou tão sentido, Eu, que sou tão perdido, Eu, que com minha miopia da alma não consigo olhar, Eu, que com meu coração fechado, não consigo compartilhar... Eu, que tenho tanto medo da vida, Eu, que tenho tanto medo da morte, Eu, que tenho tanto medo do azar e da sorte, Eu, que não consigo me libertar, por amar mi

A Mais Concreta Esperanca

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Hoje é sábado e inverno e tarde... É tempo de encher saquinhos com terra... Com terra para as sementes Com sementes para as árvores Com árvores para o chão Saquinhos cheios de terra A mais concreta esperança Esperança que transforma... Saquinhos de cheios de terra Em Coração cheio de chão Esperança que transforma... Terra dos saquinhos onde ando e penso Em chão do coração onde caminho e sinto Esperança que transforma... Terra dos saquinhos onde semeio Em chão do coração onde planto Pois a terra, a mais concreta esperança Conduz ao amor, o mais fecundo chão Onde brevemente será... Uma infinita e suave primavera Onde crescerão as árvores Nas férteis terras do meu coração Nos eternos domingos que virão

Um Anônimo Na Sala dos 12 Passos

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Hoje levei minha criança à sala dos 12 Passos . Houve um tempo em que eu a desconhecia, e isto foi horrível; Houve outro tempo em que eu, pejorativamente a denominava de João Ninguém, e isto foi muito melancólico também; Houve um tempo mais adiante, um tempo fechado, frio e tenebroso, em que eu a chamava de demônio, e isto foi um verdadeiro inferno em minha vida, com direito a  caldeirão e fogo com chamas eternas; Houve finalmente um tempo mais adiante, um tempo  em que eu a chamava de ego, contudo, continuou sendo horrível.  Nestes tempos de tanto angústia havia somente afastamento do João Ninguém, do demônio, do ego, e sobretudo de mim mesmo, o grande desconhecido.  Nesta era glacial de minha existência, tudo era sofrimento, ignorância, medo, dor, solidão... Agora que finalmente descobri que o ego, ou o demônio, ou ainda o João ninguém é apenas uma criança carente em mim, um Joãozinho, tudo mudou, pois eu sei amar os meninos, por ser um eterno menino também, por mais carentes

A Escola de 12 Passos

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Hoje é dia de frequentar a escola com a minha criança, na verdade, apesar da diferença de idade, estudamos na mesma sala. Minha criança não gosta de ir, faz biquinho, rola no chão, fecha o semblante, pisa duro, simula dores imaginárias... Nestas horas sou firme com ela, que é ainda tão infantil e não consegue perceber ainda a importância da educação.  Amo tanto esta criança interior, e não desejo que ela cresça analfabeta das doces coisas do viver neste tão grande mundo. Como andaria minha criança pelos mares da vida sem saber nada a respeito do medo, da solidão, da angústia, do ressentimento, da alegria, da amizade, do amor... Ignorando tudo isto, facilmente se perderia pelos portos do caminho, sendo uma presa fácil do grande mar da depressão, onde se afogaria, mar este que passa por todas as praias do mundo, com seus monstros mentais medonhos, e que na sua fome insaciável de dor humana, devora sem dó nem piedade todos os ignorantes do caminho.  Pego então na mão da minha crian

Luz e Lampião

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No início tudo era luminosidade e unidade, e todos viviam em paz em um único e pacífico Reino.  Havia entre os habitantes a mais profunda harmonia , todos amavam-se uns aos outros. Isto foi no início, quando  tudo era luz. Contudo, de algum lugar apareceu a escuridão, e desde então metade do tempo de viver passou a ser escuro, e a outra metade claro, fenômeno que passaremos a denominar simplesmente como noite e dia. Numa noite fria, sob o calor da fogueira , alguns habitantes do Reino começaram a afirmar que a escuridão havia surgido do norte, enquanto  outros juravam que positivamente havia surgido do sul. Noite após noite a discussão ocorria, então  nasceu entre eles a discórdia, e esta foi tão profunda que o Reino único partiu-se em dois. Os adeptos da escuridão do norte partiram para lá, para o norte, e lá fundaram o Reino Grandioso do Norte da Escuridão, ou simplesmente  o Reino do Norte. Os demais, os afeitos à escuridão do sul também partiram, e bem distante do norte,

Por Onde Anda o Agricultor Urbano?

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Era inverno, os dias estavam frios, curtos e escuros, e de forma natural, as pessoas continuavam normalmente tocando suas vidas. Aqueles que andavam pelas imediações daquele bosque no alto do morro porém, sentiam falta de alguém: Onde andava aquele Agricultor Urbano que estava sempre por ali cuidando com tanto carinho daquelas árvores? Teria se aposentado, ou quem sabe estivesse de férias, ou mesmo doente, ou ainda resolvido abandonar o campo a fim de cultivar outras coisas além das plantas... Ninguém sabia a resposta.  Uma daquelas pessoas, por ser mais ligado a Aristóteles que Platão, resolveu agir de uma forma mais concreta... Conhecia e sabia onde morava o grande amigo do Agricultor Urbano, o Moço das Letras, e resolveu então ir até sua casa a fim de levantar notícias. Não foi difícil chegar até lá, simplesmente seguiu o rastro das árvores pelo caminho, e em pouco tempo estava na residência do escritor, e sob a sombra de uma quaresmeira apertou a campainha.  Ime

O Jovem, O Velho e a Escuridão

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Era uma vez um jovem que vivia em uma caverna escura e fechada, temia muito a escuridão, e desejava há um longo tempo conhecer um lugar muito distante e iluminado, um local maravilhoso. Ele tomou ciência daquele local através dos inúmeros livros que lia, livros muito antigos - o jovem era muito estudioso - e através de seus estudos descobriu que todos aqueles que chegassem até lá poderiam viver uma vida plena e feliz,  e jamais sentiriam novamente medo, insegurança, solidão, ou quaisquer outros destes sentimentos que doem na alma humana. O Jovem, com a sua poderosa mente e leituras incessantes, foi aos poucos planejando sua viagem para aquele local, preparando dia após dia  um mapa com todos os detalhes para alcançar seu objetivo, e como possuía uma memória prodigiosa, resolveu memorizá-lo, por temer levá-lo e perdê-lo ao longo do caminho. Numa manhã, bem cedo, quando já havia luz exterior, o jovem olhou cada detalhe do mapa pela última vez, saiu então de sua caverna para em

Encontro de Quintais

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Havia na casa de minha avó, a Francisca, um pé de sete folhas... Eu era um menino e quando ia visitá-lá, o que era frequente, pois morava bem perto da casa dela, ouvia então com frequência o nome da árvore, pois naquela época não existia ainda o GPS, e os antigos utilizavam outras formas criativas de localização. O Galinheiro ficava abaixo do pé de sete folhas, o limoeiro rosa ficava no sopé do morro, perto do pé de sete folhas, o canavial ficava logo acima do pé de sete folhas, o pé de manga espada ficava abaixo do pé de sete folhas... Hoje, cinquenta anos depois, numa bela e nublada manhã de sábado, andando pela mata incipiente nos fundos do meu quintal, deparei-me com uma árvore, e como observava com atenção, pois olhava com o coração, notei que cada ramo soltava um conjunto com sete folhas, toda a pequena árvore com conjuntos de sete folhas...  Aquela árvore crescendo ali era o popular ipê de sete folhas, havia plantado um grande número delas, porém, somente agora, e

A Primeira Pessoa

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Não é a terceira pessoa quem vai mudar o mundo... O mundo todo fala na terceira pessoa; O mundo todo pensa na terceira pessoa; O mundo todo critica a terceira pessoa; O mundo toda espera a ação da terceira pessoa; O mundo todo delega responsabilidades para a terceira pessoa; O mundo todo aponta afazeres para a terceira pessoa; O mundo todo espera a transformação da terceira pessoa. Terceira pessoa, terceira pessoa... Desta maneira o mundo não muda, pois a terceira pessoa não tem o poder para mudar,  o poder reside tão somente na primeira pessoa, a terceira é apenas um artifício para fugir da primeira. Por mais que eu responsabilize a terceira pessoa pela dor, é na primeira pessoa que ela acontece, pois é impossível terceirizar a minha própria dor. Eu sou a primeira pessoa, e como tal, sou responsável por todas as  minhas atitudes diante da vida. Não é a terceira pessoa quem vai mudar o mundo...  É tão somente a primeira. Nada muda seu eu não