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Mostrando postagens de 2018

Feliz Homem Novo Para Você

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Faltam menos de quatro horas para terminar o ano; preciso enviar as mensagens de feliz ano novo para os amigos... Ao longo de toda a minha vida, fiz nesta época os desejos de feliz ano novo para muitos, um desejo sincero; percebo agora que poderia continuar desejando paz, alegria, venturas e felicidades para todos, por todos os anos que ainda virão, fácil, fácil... Devo estar envelhecendo, pois agora quero mais que desejar, quero ser eu mesmo o novo, não o novo ano, mas tão somente o novo homem. Quero ser melhor do que fui até então; quero ser esperança, quero ser amparo, quero ser presença, quero ser bússola, quero ser amigo, quero ser irmão... Desejar é muito fácil, e não exige de mim muito esforço, é assim como a mudança do ano, algo natural, mas ser eu mesmo o novo é uma tarefa de Hércules; o velho em mim é resistente a qualquer tipo de mudança, mesmo a do calendário, e mudar significa encará-lo e enfrentá-lo, e sobretudo educá-lo todos os dias de todos os anos. Dese

O Menino Lampião e o Pássaro da Ilusão

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Era uma vez, lá naqueles tempos remotos da guerra da escuridão , um menino de nome Lampião, que em uma certa manhã plantava árvores em um campo, acompanhado por Luz, sua vira lata e constante companheira. O menino carregava um balaio de taquara com as mudas que seriam plantadas naquele dia, e conforme fazia uma nova cova, retirava feliz do balaio uma pequenina árvore.  Luz, ora ficava por ali, perto dele, e de vez em quando dava umas voltas latindo para os pássaros, para as folhas, para o vento... em determinado momento Luz começou a farejar o chão e foi aos poucos afastando-se do menino, e enquanto distanciava-se, latia, e aquilo chamou a atenção de Lampião, que deixou seu balaio e suas mudas de lado, e correu no encalço de sua amiga, seria um outro jacu ? Não, não era um jacu... aproximando-se de Luz que ainda farejava, Lampião começou a ouvir um abafado grito: "Socorro, socorro, alguém pode me ajudar? Socorro..." De onde estaria vindo aquele grito? Instantes depois

Mas o Medo...

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Mas o medo...  "Vá, vá... vá buscar o que é seu; vá com medo, vá com lágrimas, vá com os joelhos escoriados, vá com os pés feridos; vá tropeçando, vá caindo, vá chorando, mas vá! Vá agora que a hora avança, vá que chegou a sua vez; vá que somente depende de você, vá, vá agora buscar o que é seu." Mas o medo...  "O medo é uma ilusão, vá, enfrente-o, olhe bem nos olhos dele, não desvie o seu olhar, olhe bem fundo e vá. Vá, vá agora, o tempo avança, vá buscar o que te pertence, vá sem medo, vá com medo, mas vá! Vá agora, vá sem tardança, chegou a sua hora, vá e tome conta do que é seu, do que é de sua própria e única conta; vá e desfrute o que você buscou e conquistou, vá, vá agora, chegou finalmente a sua hora, chegou finalmente o seu tão sonhado janeiro." Mas o medo...  "Vá meu filho, vá, não tema tanto o seu grande medo, sua eterna e paralisante ilusão; estarei com você, e caso você venha a cair, segurarei firmemente em suas mãos... vá meu fi

O Natal do Menino

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Hoje é dia 24 de dezembro, véspera de Natal; quando era menino aguardava muito este período do ano para ser feliz, mas nunca consegui. Achava que não vivia o Natal por viver na periferia e não ganhar presentes - Papai Noel nunca ia lá -, ou ainda pela frequente ausência de meu pai, que sempre viajava... Mas mesmo quando meu pai estava em casa, com sua presença marcante e feliz, mesmo nestes Natais eu não conseguia a tal felicidade. Cresci então sentindo em mim que aqueles Natais não vividos deixaram para sempre uma marca de tristeza, e muitos anos depois, já possuindo um monte de coisas que o dinheiro podia adquirir, já podendo comprar presentes para os filhos, já frequentando ceias com mesas fartas e música alegre, mesmo nestes Natais prevalecia o espírito dos Natais anteriores. Foram precisos muitos outros Natais para enfim, eu descobrir que não havia nenhum problema no final de ano e nas festas, nada de errado nas comemorações, mas tão somente no meu próprio Natal interior.

Os Meninos da Turma 59

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Era um domingo... O Agricultor levantou cedo, tomou seu café, e foi até o viveiro de mudas, de onde retirou uma paineira. Já não chovia a uma semana, o solo estava ficando seco, porém, naquele dia ele precisava plantar a árvore.  Chegou no campo e achou próximo a um pé de ingá um local semi-sombreado, um ponto ideal para plantar a muda. No local escolhido havia uma grande moita de capim colonião, e o Agricultor gastou muito tempo e energia para retirá-lo de lá com sua cavadeira. Quando começou a cavar o buraco, percebeu a terra bastante dura, e que havia também muitas pedras por ali. Transpirou muito para cavar trinta centímetros, mas enfim conseguiu. Quando a árvore estava plantada, já passava das nove horas da manhã, então, enquanto os passarinhos cantavam seu canto matinal, o Agricultor silenciosamente agradeceu a Deus pela formatura do seu menino, bem como por todos os seus colegas da turma 59. Por aquela hora a festa deles ainda devia estar em andamento, e eles deveriam

Dos Grilhões ao Estetoscópio: Cem Anos de Dor

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Ele já não era mais um escravo; havia conquistado a liberdade a poucos anos atrás, e agora,  cansado e no final de sua vida, vivia os seus dias sentindo uma intensa dor no peito. Numa certa noite o ex-escravo sonhou com as saudosas savanas de sua África natal, onde no passado, viveu em liberdade. No sonho ele viu um ancião forjando metais - era um ferreiro - que dirigiu-se até ele dizendo-lhe: "Transforme as correntes que aprisionaram os seu pés por tantos anos em uma enxada, e presenteie o seu filho com ela. Sua dor será curada um dia." Quando acordou no dia seguinte, lembrou-se do seu sonho, e então, achou em algum lugar de sua tapera as antigas correntes; possuindo em si o conhecimento ancestral de lidar com os metais,  naquele mesmo dia, apesar da dor no peito, preparou uma forja, e nela, com aquela corrente e as forças que ainda possuía, fabricou uma enxada.  Chamou então o seu filho,  e lhe deu de presente dizendo-lhe: "Meu filho, tenho apenas isto par

Um Instante na Eternidade

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Naquela manhã de domingo, no campo, o Agricultor Urbano cuidava de suas árvores, como era usual; haviam por lá muitos pássaros com seus cantos matinais, e enquanto arava a terra com sua enxada, ouvia com prazer a passarada, uma verdadeira orquestra natural.  Com o passar das horas, o Agricultor foi sentindo interiormente um sentimento muito leve, algo profundamente prazeroso. Ali, na solidão do campo, ele percebia que estava integralmente presente, absolutamente em paz, sem nenhuma preocupação com o passado ou o futuro, preocupação com nada... estava simplesmente naquele local, sobre o chão, sob o céu e sob o sol, com todos os seus sentidos voltados para a sua atividade, vivendo e sentindo integralmente. Então, naquele instante mágico ele sentiu em si o sopro da eternidade, uma verdadeira maravilha, uma descoberta  de que, em algum lugar na infinita estrada por onde trafega toda a vida,  desde o princípio, existe um ponto maravilhoso, um porto seguro, onde o tempo,  a mente

O Menino Lampião na Aldeia da Negação

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O Moço das Letras estava cansado naquele dia; cansado e sobretudo triste, por não ter conseguido conversar com o seu amigo, o Agricultor Urbano, no dia anterior. Resolveu então que não escreveria nada naquela noite, mesmo se tentasse, não seria mesmo possível, não conseguia sentir nenhuma inspiração. Ficou então sentado na copa ouvindo música, quando, sem mais nem menos, de forma repentina, uma pequena criança apareceu ao seu lado. - Olá Moço das Letras... - Olá Menino. De onde você veio? - Vim de um lugar cheio de histórias para contar.  O Moço das Letras achou que a criança era filho de algum vizinho ali da vila - sabia mesmo o seu nome -, a porta da sala estava aberta, e o portão da casa também. - Moço... você poderia escrever uma história? - Hoje não menino, estou muito cansado. - Mas eu sei que você gosta de escrever histórias, conheço muitas delas... - Sim criança, eu gosto de escrever, mas hoje não será possível. Se você quiser, posso ler uma delas

O Agricultor Urbano em Botafogo

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O Moço das Letras olhou o calendário, já era novembro, última semana; ele sabia que por aqueles dias seu amigo, o Agricultor Urbano, deveria aparecer. Na última visita, por cansaço, ele acabou cochilando, e quando deu por si, o Agricultor já havia passado, deixando para ele em cima da mesa uma folha escrita, bem como algumas sementes, e sobretudo, muita saudade.  Sua expectativa pela visita agora era muito grande; neste ano ele não dormiria de jeito nenhum, quando seu grande amigo aparecesse, ele certamente estaria ali para recebê-lo. Enorme foi então sua alegria naquele dia, ao passar pela caixa do correio da vila onde morava, no bairro de Botafogo, e encontrar lá um bilhete: "Caro Moço das Letras, estarei na sua rua no dia de amanhã, deixarei minha marca, e, quem sabe, poderemos conversar um pouco. Grande Abraço... Agricultor Urbano". O coração do Moço das Letras bateu tanto, que parecia mesmo que ia sair do peito; o amigo viria, que maravilha... No dia s

O Menino Lampião, o Curandeiro Queiros e o Bodoque Encantado

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Era uma vez, em um tempo muito, muito distante, um homem dentro de uma floresta, caminhando lentamente à procura de um menino. Era o tempo da guerra da escuridão entre o  Reino Grandioso do Norte da Escuridão, o  Reino do Norte, e o G rande Reino dos Confins do Sul da Escuridão, o Reino do Sul. A guerra já durava muitos anos; Lampião, o menino, na medida do possível, procurava esconder-se daqueles dardos mentais negativos disparados pelos do Norte e do Sul, mas, vez por outra, via-se atingido; o ferimento deixava marcas em seu corpo emocional, sentindo-se irritado, angustiado, revoltado, melancólico, deprimido... quando ficava neste estado, muitas vezes, Luz, sua amiga, chegava mais perto dele, e ali juntinho do seu amigo, tentava mitigar um pouco a sua dor, dando um pouco de seu carinho, e sobretudo de sua própria presença. Estava ele num certo dia neste estado de espirito, sentado no alto de uma colina, observando ao longe um vale distante, lugar de difícil  acesso, onde el