Meus Velhos Bodes e As Salas de 12 Passos
O problema não está naquilo de que eu falo nas Salas de 12 Passos, não está aí o problema. O que eu falo é solução, o que eu falo é luz, o que eu falo é recuperação e libertação...
O problema — e que problema — está exatamente naquilo de que eu não falo, daquilo que eu ainda escondo, daquilo que me remete a velhos julgamentos, a velhos e arruinados padrões de comportamentos; meus velhos bodes.
Aquilo de que eu falo me liberta, aquilo que eu escondo me aprisiona, e por tanto esconder apodreceu dentro de mim; isso me fez e ainda faz um grande, um imenso mal. Uma Sala de 12 Passos é o único lugar do universo onde posso ser eu mesmo, o único lugar onde não me julgam, o único lugar onde posso expressar-me com a mais profunda liberdade — assim são as Salas —, nem mesmo na minha fuga para Marte encontrei tamanha liberdade e confiança.
Quando falo com o coração muitos me ouvem e, — coisa maravilhosa — ninguém me critica, pelo contrário, me abraçam com carinho no final das reuniões. Por isso, tento nas Salas de 12 Passos colocar todos os meus velhos bodes para fora... rejeição, negação, medo, orgulho, indiferença, vergonha tóxica, angústia... tudo, tudo para fora. Afinal de contas companheiro, lugar de bode é no pasto com as cabras, no meu coração quero mesmo é passarinho voando, no meu coração quero amor e sonhos, no meu coração quero criança brincando livre no quintal, quero vida, vida em abundância.
Fora bodes meus, fora... bodes adormecidos, bodes entorpecidos, bodes apodrecidos, bodes revoltados, bodes melancólicos, bodes medrosos, bodes angustiados, bodes aprisionados... Fora meus filhos, fora meus amados bodinhos, vão já pastar, vão já procurar as suas queridas e merecidas cabras. Que permaneça agora em mim a criança sorridente correndo pelos campos e os passarinhos voando pelos céus do meu Poder Superior.
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