O Veículo Espiritual dos 12 Passos
A sala está aberta e os companheiros chegam para a reunião; todos estão ansiosos para lavarem seus corações e colocarem para fora suas frustrações, seus medos, seus receios, suas dores e seus mais profundos e não revelados segredos. A espiritualidade dos 12 Passos é como um motor a combustão.
Cada companheiro traz dentro de si uma diminuta faísca elétrica, que através da coragem e da sinceridade, no momento do depoimento costuma gerar uma centelha. A espiritualidade dos 12 Passos está estacionada na sala.
Cada companheiro traz dentro de si uma diminuta faísca elétrica, que através da coragem e da sinceridade, no momento do depoimento costuma gerar uma centelha. A espiritualidade dos 12 Passos está estacionada na sala.
Todos na reunião estão ávidos de luz e espiritualidade, todos na sala estão buscando algo grandioso para aplacar o gélido frio dos desertos e áridos corações; todos estão tão esperançosos, e a reunião finalmente terá o seu início. A espiritualidade dos 12 Passos é como um motor a combustão aguardando a ignição.
O primeiro companheiro pede a palavra e fala sobre o tempo, fala sobre as contas para pagar, fala sobre segredos que ele um dia finalmente revelará para todos, porém, ainda não chegou o momento de falar sobre isso. Sua faísca elétrica permaneceu apagada enquanto ele falava. A espiritualidade dos 12 Passos continua estacionada na sala.
O segundo companheiro fala que não está ainda pronto para falar, fala mesmo que não tem absolutamente nada para falar, mesmo falando dez minutos sem parar. Sua faísca elétrica também não inflamou. Continua frio o motor da espiritualidade dos 12 Passos.
O terceiro companheiro pensa que como ninguém falou nada, ele também não deve nada falar. Parece que ele ouviu alguém dizer que o segredo da reunião é falar sempre na próxima, então, sem falar nada, resolve, falando 10 intermináveis minutos, que falará somente na próxima semana. Sua faísca interior permaneceu tão fria como o gelo do Ártico, lá onde ainda vivem os ursos polares. O motor a combustão da espiritualidade dos 12 Passos continua frio e inerte.
O quarto companheiro fala que está tudo bem, e que não tem nada de muito importante para falar. Fala que foi ali somente porque alguém falou que aquele local era um excelente lugar para falar, então sobre isso ele falou, até que finalmente não tinha mais nada para falar. Sua faísca interior, de tão fria, baixou a temperatura da sala de 12 Passos a 12 graus Celsius. A espiritualidade dos 12 Passos é como um motor a explosão.
Assim foi toda aquela reunião de 12 Passos daqueles seres tão falantes, tão frustrantes e carentes de luz, mesmo possuindo cada um deles a sua própria e maravilhosa faísca elétrica de espiritualidade interior. No final todos ficaram um pouco decepcionados — sentiram-se indo de nada a lugar nenhum —, a reunião foi fria e distante, a espiritualidade, segundo a visão deles, não compareceu naquele dia — estaria atolada em alguma depressão dos caminhos da emoção? —, provavelmente ela viria na próxima reunião.
A espiritualidade dos 12 Passos é como um motor a combustão, que move um poderoso veículo, que trafega pelas estradas das humanas emoções, e está sempre presente nas salas. Cada companheiro presente, através de seu depoimento tocado de coragem, profundidade e emoção, tem o poder de fornecer sua própria centelha elétrica, que é a responsável por dar a partida neste poderoso motor espiritual. Sem as centelhas, o motor não entra em combustão, e desta forma o veículo espiritual não se movimenta, e sem movimento, não consegue empreender sua maravilhosa viagem pelas terras das emoções.
Sem as centelhas dos companheiros nas salas, o veículo ali disponível para todos, pode mesmo ficar sem vida e sem movimento próprio, algo assim como humanos deprimidos em quartos escuros, mergulhados até o pescoço em seus abismos de dor e depressão, algo assim como barcos a vela encalhados na areia, com tanto vento no mar.
Com as centelhas ligadas e o veículo finalmente em movimento, descortinam-se para todos os presentes nas salas, paisagens de superação, fé, esperança, alegrias, tristezas; medos, rios, risos, lágrimas, vales, montanhas... Descortinam-se, sobretudo, infinitos horizontes de paz e luz pelas maravilhosas veredas da recuperação, enquanto transita o veículo da espiritualidade pelas belíssimas, profundas e ainda desconhecidas estradas das emoções.
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