O Homem que Construía Pontes
Saio de casa, coloco a máscara e falo para o mundo. Falo do céu, falo do sol, falo da vida e da morte, falo sobre os outros, falo sobre tudo, falo com eloquência, encanto as multidões...
Volto para casa, tiro a máscara e calo. A angustia corrói o meu coração, sinto-me tão frágil, falei tanto dos outros e para os outros, simplesmente para não falar nada a meu respeito, simplesmente para me esconder, simplesmente para fugir, fugir de mim.
Lá no fundo do meu coração, em um dos cantos, meu orgulho, velho e conhecido amigo, ou inimigo, talvez, sobre um pedestal mais uma vez ri de mim, mais uma vez ele representou tão bem o seu papel, no outro canto, no entanto, o poder divino que habita em mim sorri para nós um sorriso de amor, um sorriso da mais profunda tolerância.
Saio de casa sem a máscara e falo para o mundo. Falo sobre meus medos, minhas misérias e anseios, falo sobre uma viagem para dentro de mim, falo sobre minha humanidade, sobre a esperança que habita em mim, falo sinceramente sem nenhum medo sobre o que sinto, falo sobre o meu poço, meus abismos e montanhas, e enquanto vou falando uma ponte vai sendo construída, ligando-me de forma fraterna ao demais. Falo profundamente e sem rodeios, muitos choram, muitos passaram pela ponte e chegaram até mim.
Volto para casa e calo. A alegria invade o meu coração, sinto-me em paz, sinto-me integrado ao mundo, irmão de todos os outros. Em um dos cantos do meu coração meu orgulho, o velho mascarado, está lá amuado e calado, desta vez ele não saiu de casa para representar, desta vez ele não subiu no pedestal. Olho para ele com muita tolerância e amor, precisa de muito amor este meu velho orgulho. No outro canto do meu coração o divino em mim continua sorrindo para nós, quaisquer que sejam as circunstâncias ele jamais deixa de sorrir, ele jamais deixa de compreender e amar, ele jamais deixa de construir pontes que interligam os corações humanos.
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