O Camundongo Dongo e o Grande Vazio
Era uma vez um camundongo chamado Dongo, que era muito, muito carente de mãe. Dongo era pequenino, não engatinhava mais, já andava, e queria estar sempre perto de sua mãe, a Grande Gata — Dongo sentia dentro de si um grande vazio.
Onde a Grande Gata ia, Dongo ia atrás; o apego era tão grande, que a pobre da Grande Gata não podia fazer nada em paz, nem mesmo tomar banho, pois Dongo ficava na porta chorando e gritando: "Mamãe, mamãe, mamãe..."
Onde a Grande Gata ia, Dongo ia atrás; o apego era tão grande, que a pobre da Grande Gata não podia fazer nada em paz, nem mesmo tomar banho, pois Dongo ficava na porta chorando e gritando: "Mamãe, mamãe, mamãe..."
Dongo acordava bem cedo, e bem cedo gritava: Mamãe, quero o meu café com leite; depois do leite, Dongo gritava novamente: Mamãe, quero a minha chupeta vermelha; depois da chupeta Dongo gritava...
Dongo já tinha mais de cinco anos nesta época, e no seu íntimo já sentia um vazio profundo, e a única forma que ele encontrava de preencher aquele buraco enorme era com a presença de sua mãe, a Grande Gata, sempre pertinho dele.
Mas a Grande Gata tinha que cuidar de muitas outras coisas além do carente Dongo: Roupas para lavar, almoço, jantar, etc. E dongo, o tempo todo gritando: Mamãe, mamãe, quero isso; mamãe, mamãe, quero aquilo...
Quando a Grande Gata não podia atender aos anseios do Dongo — era humanamente impossível preencher aquele vazio —, Dongo rolava no chão, batia os pezinhos, chorava até formar grandes poças de lágrimas no chão — Dongo era birrento, muito birrento.
Um dia a Grande Gata precisou sair logo pela manhã a fim de comprar coisas; como já conhecia das manhãs do pequeno Dongo, deixou-o tomando banho e foi, pouco a pouco afastando-se — ela tinha a esperança de sair sem ser notada pelo birrento. Instantes depois a Grande Gata já estava na rua, achando que havia enganado o birrento, mas não foi assim que a banda tocou.
Depois de algum tempo debaixo do chuveiro Dongo chamou pela Grande Gata e a Grande Gata não respondeu; Dongo chamou novamente, e novamente nenhuma resposta. Depois de algum tempo, um dos irmãos do Dongo disse para ele rindo: "Mamãe saiu seu boi manhoso". Foi a gota d'água!
Quem estava na rua naquele dia distante no tempo pode confirmar o fato: A Grande Gata descendo a rua aflita, e atrás dela, Dongo completamente molhado e pelado gritando: "Mamãe, mamãe, não me deixe só, mamãe, mamãe, não vá... quero colo mamãe, quero leite mamãe, quero a chupeta vermelha mamãe...".
O Camundongo Dongo sofria de codependência — sentimento de vazio pode ser um sintoma —, uma doença de gente, e não de camundongo, cujo nascimento e desenvolvimento principia na infância. Em seu estado de codependência, no olhar de Dongo para o mundo exterior, existiam somente gatos — todos eram gatos — e ele, olhando para si mesmo, observava tão somente um camundongo, o mais incomum dos camundongos, o carente camundongo Dongo.
O Camundongo Dongo sofria de codependência — sentimento de vazio pode ser um sintoma —, uma doença de gente, e não de camundongo, cujo nascimento e desenvolvimento principia na infância. Em seu estado de codependência, no olhar de Dongo para o mundo exterior, existiam somente gatos — todos eram gatos — e ele, olhando para si mesmo, observava tão somente um camundongo, o mais incomum dos camundongos, o carente camundongo Dongo.
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