O Camundongo Dongo e as Moedas da Grande Gata
Era uma vez um camundongo chamado Dongo, que certa vez recebeu de sua mãe, a Grande Gata, a incumbência de ir ao armazém comprar algumas coisas. Naquele tempo o dinheiro na casa de Dongo era algo muito raro e valioso — havia uma crise —, e então Dongo ouviu de sua mãe: "Leve as moedas com você Dongo, e cuidado para não perdê-las pelo caminho, pois elas estão contadinhas em suas mãos". Dongo ouviu tudo com muito atenção.
Dongo amava a grande Gata; saiu então rua abaixo com espírito de devoção, em direção ao armazém, com as contadinhas moedas nas mãos; de vez em quando, Dongo dava uma paradinha e contava as moedas para verificar se havia perdido algumas delas — aquilo era compulsivo —; ele sabia que não havia perdido nada, mas contava mesmo assim.
A estradinha que levava ao armazém era de chão, com muito mato em volta, e no meio do trilho Dongo caminhava determinadamente em direção ao seu destino. Depois de alguns instantes, um pensamento louco passou pela cabeça do Dongo: "E se você jogasse algumas moedas no mato, não muito longe, na beira do caminho?" O coração de Dongo disparou com aquele pensamento; aquilo seria uma loucura, ele não poderia perder nenhuma daquelas moedas.
Dongo continuou caminhando, e caminhando com ele aquele pensamento biruta de jogar as moedinhas — não todas, uma ou duas talvez — em uma daquelas moitas de mato próximas. Alguns passos depois e Dongo finalmente foi vencido pelo seu insano pensamento — acreditem se quiserem — e segundos depois Dongo jogava as moedas no mato; no instante seguinte, lamentando profundamente aquele gesto desvairado, com o coração disparado e cheio de preocupações, lamentações e culpa, lá estava o camundongo Dongo abaixado no chão, procurando desesperadamente cada uma daquelas valiosas moedas de sua mãe, a Grande Gata.
Felizmente Dongo achou cada uma delas, e ali, solitariamente na estrada deserta, prometeu para si mesmo que jamais daria ouvidos aquela voz maluca que vinha de dentro dele, jamais; por muitos e muitos anos Dongo não conseguiu cumprir aquela promessa, e muitas e muitas vezes mais, obedeceu aquela insana voz de comando, aquela louca voz interior.
Dongo amava a grande Gata; saiu então rua abaixo com espírito de devoção, em direção ao armazém, com as contadinhas moedas nas mãos; de vez em quando, Dongo dava uma paradinha e contava as moedas para verificar se havia perdido algumas delas — aquilo era compulsivo —; ele sabia que não havia perdido nada, mas contava mesmo assim.
A estradinha que levava ao armazém era de chão, com muito mato em volta, e no meio do trilho Dongo caminhava determinadamente em direção ao seu destino. Depois de alguns instantes, um pensamento louco passou pela cabeça do Dongo: "E se você jogasse algumas moedas no mato, não muito longe, na beira do caminho?" O coração de Dongo disparou com aquele pensamento; aquilo seria uma loucura, ele não poderia perder nenhuma daquelas moedas.
Dongo continuou caminhando, e caminhando com ele aquele pensamento biruta de jogar as moedinhas — não todas, uma ou duas talvez — em uma daquelas moitas de mato próximas. Alguns passos depois e Dongo finalmente foi vencido pelo seu insano pensamento — acreditem se quiserem — e segundos depois Dongo jogava as moedas no mato; no instante seguinte, lamentando profundamente aquele gesto desvairado, com o coração disparado e cheio de preocupações, lamentações e culpa, lá estava o camundongo Dongo abaixado no chão, procurando desesperadamente cada uma daquelas valiosas moedas de sua mãe, a Grande Gata.
Felizmente Dongo achou cada uma delas, e ali, solitariamente na estrada deserta, prometeu para si mesmo que jamais daria ouvidos aquela voz maluca que vinha de dentro dele, jamais; por muitos e muitos anos Dongo não conseguiu cumprir aquela promessa, e muitas e muitas vezes mais, obedeceu aquela insana voz de comando, aquela louca voz interior.
O Camundongo Dongo sofria de codependência, uma doença de gente, e não de camundongo, cujo nascimento e desenvolvimento principia na infância. Em seu estado de codependência, no olhar de Dongo para o mundo exterior, existiam somente gatos — todos eram gatos — e ele, olhando para si mesmo, observava tão somente um camundongo, o camundongo Dongo, o mais incomum dos camundongos, que era, muitas e muitas vezes, assolado por pensamentos obsessivos e compulsivos — sintomas do seu estado de codependência.
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