A Formiga e a Coruja
A noite ia alta; em um mourão de cerca uma coruja pousada olhava de forma muito serena para o céu, e em baixo, no chão, as formigas cortadeiras movimentavam-se de forma frenética, carregando pedaços de folhas para o formigueiro. No intervalo entre uma folha e outra, uma formiga um pouco mais atenta observou a coruja solitária lá no mourão.
- Boa noite coruja, - falou a formiga.
- Boa noite formiga.
- Ando um pouco preocupada coruja...
- Preocupada com o que formiga?
- Bem... Descobri lendo alguns livros, que a terra gira em torno de si mesma a uma velocidade aproximada de mil e setecentos quilômetros por hora, e que também viaja em torno do sol a uma estonteante velocidade de cento e sete mil quilômetros por hora. Não é assustador coruja?
- Creio que não amiga formiga.
- Mas coruja, eu não sei quem guia esta nave chamada terra, não sei se ela pode colidir com algum astro celeste, ou mesmo em sua viagem anual perder-se definitivamente pela imensidão do grande espaço. Irmã coruja, é preocupante para mim não controlar tudo isto, e o que é pior, não saber mesmo quem controla. A propósito amiga coruja, o que você toda a noite faz ai pousada neste mourão de cerca, tão serena, tão tranquila, tão em paz?
- Amiga formiga, enquanto a nave terra viaja em torno do sol, eu fico aqui na janelinha da espaçonave, tão feliz pelo passeio espacial, contemplando a beleza e o brilho das estrelas que vão se descortinando ao longo do caminho.
A formiga cheia de preocupações voltou então para suas folhas, e a coruja continuou por ali durante toda a noite, admirando despreocupadamente a luz dos astros celestes.
Muito bom. 👍
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