Postagens

Mostrando postagens de 2014

O Cajueiro

Imagem
Cajueiro Cajueiro visitado por um pássaro O cajueiro foi plantado no alto de um morro, em um local muito seco, pedregoso,  em um solo muito pobre em nutrientes. Sua semente o agricultor levou para sua casa, lá do refeitório da empresa onde trabalhou. Após comer a fruta, só para variar, ficou cheio de compaixão pela semente, e não a jogou no lixo, guardou-a no seu bolso e posteriormente colocou-a em um saquinho preto para germinar. O cajueiro germinou, o agricultor ficou contente, e ali mesmo, próximo ao viveiro de mudas foi plantado. Seis anos depois ele começou a frutificar, produz bastante, parece naquele ambiente tão seco, um verdadeiro prodígio da natureza, vez por outra passa um pássaro por lá e dá umas bicadinhas em alguns de seus deliciosos frutos. Suas folhas vão caindo no chão, e pouco a pouco vai ajudando a recuperar o solo degradado e abandonado. O suco do caju é muito bom, rico em vitamina C, porém quando a fruta é colhida no pé, seu sabor é muito mais gosto...

Meu amigo KPY5157

Imagem
Foto tirada no dia em que ele partiu  Este ai na foto é o meu amigo KPY, um gol, que rodou comigo quase 300.000 Km (Trezentos Mil Quilômetros). Depois de 13 anos de convivência, eu o negociei, um Senhor aposentado ficou muito feliz com ele, e o levou para a sua casa. Minha esposa perguntou-me se eu sentia alguma coisa pelo carro, e eu, em um primeiro instante, disse que não, que não sentia nada, que era apenas um carro como outro qualquer, e que os carros não possuíam alma ou vida. Menti, confesso agora. Olho para ele na foto e sinto saudades, foram muitos anos de convivência, rodamos juntos na Rodovia Presidente Dutra mais de Cento e Cinquenta mil quilômetros, algumas vezes ele chegou até mesmo a aquecer, porém, jamais me deixou a pé, sempre cumpriu com retidão o seu compromisso de me levar em todos os lugares onde eu precisava ir. Quando eu o comprei, sua pintura estava bem bonita, achava que ele era meio fraquinho com aquele motor 1.0, mas com o tempo fui me acostumando com...

O Berçário do Agricultor

Imagem
Silêncio, plantas germinando O velho carrinho de mão que transportou ao longo da vida tanta terra e tantas mudas, agora, já cansado e enferrujado, não podendo mais circular pela ação do tempo, transformou-se em berçário para as novas plantinhas que, quem sabe poderão transformar-se em futuras árvores. No seu bojo cheio de terra, aparecem as mudinhas do ipê amarelo, ipê roxo e pata de vaca, cada pontinho verde é uma semente que germinou, um milagre da vida.  Na próxima etapa, o agricultor tirará do carrinho cada uma das mudinhas, e dará para elas moradias temporárias em saquinhos pretos, onde elas receberão água, amor e carinho, e aguardará até que elas cresçam pelo menos uns 25 centímetros, para depois plantá-las em local definitivo. O Homem do campo age como um general diante de uma guerra, não comanda homens, seus soldados são suas plantas, que um dia terão que ir para os campos da vida, e ele sabe que, tal como os soldados em uma batalha, muitas delas também perecerão. Este...

Tição, o vira lata

Imagem
Tição , o vira lata do agricultor Tição é um dos meus vira latas. Irmão do Billy, Nina, e Miúda, filho da Alegria. Todos os outros já passaram pelo blog, hoje falarei sobre ele. Quando ele nasceu dei este nome a ele, pois o achei muito feio, e decidi que quando os interessados em levar os bichos aparecessem, este seria o primeiro da fila. E o tempo foi passando, e nenhum candidato apareceu para levar a cachorrada, filhos da Alegria, que resolveu dar uma voltinha, arrumou um namorado, e logo em seguida uma barriguinha bem redondinha. Até que num dia, um primo ligou para mim, dizendo que queria um cachorro. Fiquei tão feliz, e fui também muito prestativo, peguei logo o feio do Tição e levei -o embora todo satisfeito. Chegando na casa do meu primo, deixei lá o Tição, confesso que senti um certo mal estar ao saber que o cachorrinho seria criado preso a uma corrente, mas, pensei lá com os meus botões, ele acaba se adaptando, e fui embora para minha casa, naquele momento era um vira lat...

Os Guapuruvus

Imagem
Guapuruvu O Guapuruvu é uma das maiores árvores brasileiras, cresce muito rápido, e pode chegar a até 40 metros de altura. Na primavera, sua florada na copa bem alta, é um espetáculo de rara beleza, e pode ser visualizado por muitos a uma longa distância, devido a sua grande altura. Ele, em condições adequadas pode crescer uns 3 ou 4 metros por ano. A primeira vez que o agricultor encontrou um destes gigantes da natureza foi na cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo, andava por uma rua, segurando na mão do seu filho, ainda pequeno, e então viu, dentro do Parque da Biquinha um grande número deles, enormes, que beleza, foi amor à primeira vista. O agricultor, sempre que possível, planta alguns deles, geralmente em áreas abertas, longe de construções, devido ao seu tamanho. Mas existe um porém: Os guapuruvus crescem muito rápido, e vivem pouco, em média uns 50 anos, um tempo muito curto para uma árvore tão grande e tão bela. E um dia o agricultor ficou pensando a respeito desta...

A Jabuticabeira do Agricultor

Imagem
E as chuvas chegaram, ainda que tímidas, e a jabuticabeira começou a produzir. São milhares de frutos, quanto mais você come, mais aparece, parece que a produção é infinita. Em 2007, quando ela produziu pela primeira vez, foram somente dois frutos, e de lá para cá, sempre que chove na primavera, ela fica coroada com estas maravilhosas bolotinhas pretas. Nesta época do ano ela é muito visitada pelos pássaros, pelos marimbondos, pelo agricultor, seu filho e sua esposa. Comer dos seus frutos no pé, sob sua sombra gostosa, em uma tarde quente de verão é algo difícil de se descrever, é como se você estivesse por alguns instantes mergulhado no paraíso celeste, porém, bem nos fundos do seu próprio quintal. A jabuticabeira é uma árvore nativa do Brasil, genuinamente nacional, não ocorre naturalmente em nenhum outro país do mundo, e o agricultor fica muito feliz pelo fato de que uma delas ocorre bem nos fundos de sua casa, e por incrível que possa parecer, esta não foi plantada por ele, m...

As Sobreviventes

Imagem
Ipê roxo, um dos sobreviventes O agricultor andava pela borda da mata, preparando o terreno para os novos plantios da primavera. Naquele ano uma parte do terreno recebeu a ação direta de uma queimada, o capim estava novamente crescendo, e havia naquela área muitos sauveiros. O agricultor vai andando um pouco desanimado, pensou consigo "tanto trabalho em vão, a queimada provocada por algum inconsequente matou muitas mudas aqui plantadas". Naquele trecho do reflorestamento o solo era muito compactado, ali crescia dois terríveis adversários das árvores, o capim braquiária e o capim colonião, não era nada fácil lidar com eles, e havia também a infestação das saúvas.... O agricultor refletiu, refletiu, e resolveu que seria melhor abandonar aquele terreno tão difícil, havia nas imediações outros locais mais favoráveis para o plantio, porém, de repente ele deu uma espiada para o chão e lá encontrou no meio do capim um ipê roxo, um sobrevivente daquela aridez, e um pouco mais ad...

O Agricultor e a Cerejeira do Rio Grande

Imagem
Cerejeira do Rio Grande O agricultor andava pela mata, agora mais contente, finalmente as chuvas da primavera haviam chegado, e tudo estava ficando verde e bonito, tão bonito. E eis que, inesperadamente, ele se depara com uma pequenina cerejeira do rio grande, com dois lindos e apetitosos frutos vermelhinhos. Foi para ele uma surpresa bastante agradável, ele realmente não esperava por aqueles frutos em uma planta ainda tão jovem. E o agricultor todo feliz, pega os frutos e os degusta com imenso sentimento de gratidão àquela planta, e logo em seguida, já que o viveiro de mudas estava tão pertinho, ali mesmo já coloca na terra aquelas duas sementes, que, quem sabe, futuramente poderiam brotar gerando novas árvores. E o agricultor resolve puxar conversa com sua amiga, a cerejeira. - Cerejeira, minha companheira, você sabia que dentro de uma única de suas sementes existe um cerejal inteiro?  A cerejeira não responde, no fundo ela realmente deveria conhecer esta resposta, porém...

O 2014

Imagem
Pitangueira O agricultor andava pela mata um pouco inquieto, o mês de novembro já estava caminhando para o seu final, e tudo estava muito seco, as chuvas estavam muito inconstantes e raras para a época. Ao seu redor a paisagem mais se assemelhava à caatinga nordestina, o solo clamando por água, muitas plantas ainda em estado de hibernação, é como se a primavera ainda não houvesse chegado. O que estaria acontecendo, seria algo natural, ou quem sabe, a ação deletéria do homem sobre a natureza? Esta resposta o agricultor não tinha, mas ele percebia que nos últimos anos a chuva sempre demorava mais a chegar, e vinha sempre de forma muito irregular. E ele continuou andando, seguido pelos seus inseparáveis vira latas, até que de repente ele viu algo que para ele era extraordinário: no meio daquele ambiente tão seco, uma jovem pitangueira carregadinha com os seus primeiros frutos. E ele que estava desanimado com a seca percebeu que deveria manter a esperança, que mais cedo ou mais tarde ...

Um Conto de Preto Velho

Imagem
Do outro lado do rio, espécies do cerrado brasileiro O preto velho sentado no toco de braúna, com aquela simplicidade e humildade infinita, conta um conto entre um barqueiro e um padre.  Era uma vez, em certa cidade, um padre que precisava atravessar um rio, não havia ponte, a travessia era feita através de uma pequena balsa conduzida por um barqueiro. E o padre chega, acomoda-se no barco e pede ao barqueiro para levá-lo à outra margem, e, como o padre gostava muito de conversa, ao longo da travessia foi falando com o barqueiro.  - Barqueiro, - disse o padre - você já leu alguma coisa a respeito  dos profetas, dos salmos e dos versículos da bíblia? -Não Senhor padre, nunca li, - respondeu o barqueiro.  - Que pena barqueiro - responde o padre, - você perdeu metade de sua vida.  E o barqueiro continuava tranquilamente remando o seu barco, mas o padre possuía muito conhecimento e continuou com a conversa. - Barqueiro, você conhece no novo testame...

O homem desconectado

Imagem
Deserto da solidão por onde passou o homem desconectado Vivemos a era da tecnologia, estamos todos muito ligados através dos nossos celulares e outros aparelhos de comunicação, a conexão é total, em segundos conseguimos interação com tantas pessoas em locais, os mais variados possíveis, perto ou distante.  Era uma vez um homem que, cansado de toda a tecnologia do mundo, desligou o seu celular, e em seguida, descobriu que, além de não estar mais na rede mundial dos computadores, havia perdido também a conexão consigo mesmo. Seu primeiro sentimento foi o de uma profunda solidão, e, com medo de mergulhar no abismo dentro de si, quase que ligou novamente o aparelho, porém, decidiu que viveria aquela experiência, mesmo que tivesse que sofrer um pouco. E assim ele fez, acordava de manhã para trabalhar ou fazer alguma coisa qualquer, e aquela ação era mecânica, não havia nenhuma alegria pelo sol, pelo despertar, pelo dia, simplesmente acordava, e, como um robô, fazia o que precisav...

Nina, a cadela folgada

Imagem
Nina a cadela folgada O agricultor estava preparando uma sementeira em um carrinho de mão velho e cansado de tanto trabalho. Com o passar do anos, ficou todo enferrujado e cheio de buracos, depois de transportar tantas mudas e terra havia chegado ao final de sua jornada, não tinha mais como continuar. Como o agricultor é muito sentimental, não desejou jogar o amigo fora, ou vender seus restos mortais para um ferro velho qualquer, então, pensou lá com os seus botões, e descobriu que o velho amigo ainda poderia ser muito útil, mesmo não podendo sair do lugar, poderia servir como sementeira para futuras árvores. E o agricultor foi enchendo o carrinho com terra, e Nina, sua vira lata atrás dele querendo carinho, e o agricultor não dava atenção a ela, precisava buscar mais terra, depois areia, depois as sementes para o plantio, e assim por diante, e Nina atrás dele reclamando atenção. Todos os seus vira latas tem personalidade própria, são todos irmãos, filhos da velha Alegria, e a Nin...

Dr. Feliz, o melhor médico da história

Imagem
Ipê roxo plantado próximo ao posto médico do Dr. Feliz Naquele dia, quem passou pela frente do posto de saúde do bairro viu o seguinte cartaz: " Senhoras e senhores, amanhã estará de plantão em nosso posto de atendimento, durante todo o dia, o Dr. Feliz, conceituadíssimo médico, capaz de resolver todo  e qualquer problema de saúde, do mais simples ao mais complexo, suas receitas são  comprovadamente infalíveis, por onde passou deixou um rastro de cura e bem estar. Quem conseguir simplesmente olhar para ele ficará curado.  Consulta aberta à todos, solicite o seu  agendamento, e não se preocupe, o médico fala português ." E a notícia correu a cidade, todos ficaram muito interessados, foi um alvoroço, todos os que liam o cartaz entravam no posto e recebiam uma ficha numerada, e eram instruídos a voltarem na manhã seguinte. E foi assim durante todo o dia, no final quase 1000 (mil) consultas foram marcadas, um recorde, não houve nenhuma preocupação com re...

O Agricultor e a Ansiedade

Imagem
Domingo, 6 horas da manhã, o despertador toca, e o Agricultor acorda; tem vontade de travar o relógio, de virar para o lado e continuar dormindo, porém não pode, é dia de plantar árvores, compromisso com a vida... Levanta, toma seu café, faz carinho nos seus vira latas, que continuam lá pelos cantos; eles não seguem o horário de verão, seguem somente o instinto. Tudo preparado para sair, vai plantar árvores na área pública; vai saindo de casa tranquilamente, e de repente escuta uma voz... - Agricultor, posso ir com você hoje? Quem poderia ser aquela hora? Estavam todos dormindo na sua casa; o Agricultor não dá ouvidos, caminha em direção ao carro, e novamente ouve a voz: - Por favor Agricultor, deixe eu ir com você hoje, só hoje... Ele olha para o lado e não encontra ninguém. -Quem está aí? - pergunta ele. - Sou sua ansiedade, prima de sua angústia, e gostaria muito de acompanhá-lo na manhã de hoje, posso? Por favor, diz que sim, diz que sim, depressa, o te...

Eu sou, tu és, ele é...

Imagem
Ao fundo ipê branco da casa da costureira E no canto do quarto de costura de sua mãe o menino estudava os verbos e suas inúmeras formas de conjugação. Eu canto, tu cantas ele canta... Que eu corra, que tu corras, que ele corra..., Eu cantei, tu cantastes ele cantou,... eu dormirei, tu dormirás, ele dormirá, nós dormiremos, vós dormireis, eles dormirão, e assim por diante, lia a gramática e ia tentando aprender aquele montão de verbos, ia aos poucos entendendo o mecanismo de funcionamento daquilo tudo, e sua mãe que tinha somente a instrução primária ouvia e costurava, ela  havia vivido muitos anos na roça, e precisava andar uma légua (seis quilômetros) a pé para chegar à escola rural. E o menino aprendendo os verbos e sua mãe costurando, até que,  em determinado instante, sua genitora interrompe o trabalho de corte e costura, levanta-se e diz para o menino que vai ensinar para ele um verbo que ela havia aprendido na sua infância, lá no interior do Estado do Espírito Santo...

O homem e o menino

Imagem
Guaçatonga Era uma vez um menino que deitou-se em seu canto no quarto de costura de sua mãe para dormir, e ali ele adormeceu. No dia seguinte o menino jogou bola no campinho, sob a sombra frondosa das mangueiras, corria, chutava, divertia-se muito com os seus amigos, o menino amava jogar futebol. Um homem sentado próximo ao campo observava atentamente aquele menino, na verdade procurava por ele a longos anos. O menino era muito magro, comprido, quieto, um semblante preocupado talvez. O jogo terminou, a meninada se dispersou, cada um para sua casa, o menino passa, olha para o homem que o cumprimenta com simpatia e passam a caminhar juntos, passo a passo, lado a lado, o menino não sabia explicar o porque, porém, sentia uma grande simpatia por aquele homem, talvez, quem sabe pudesse ser um parente distante, ele tinha tantos parentes, ou um amigo de sua mãe, ou de seu pai, ou quem sabe ainda um amigo de um de seus irmãos, o menino simplesmente sentiu-se muito à vontade e caminharam ju...

Romeo e Julieta

Imagem
Gato do Rio de Janeiro, tão belo, um verdadeiro Romeo   O nome do cinema era Avenida, ficava na Avenida Amaral Peixoto em Volta Redonda, posteriormente transformou-se em um magazine e depois em banco. Lá na sua infância e adolescência o menino assistiu a um sem número de filmes, alguns inesquecíveis. Para ele o cinema era como uma porta para um mundo fascinante, belo, desconhecido e encantador, o menino amava o cinema, quando lá estava esquecia as dificuldades da vida, era como se mergulhasse em um mundo de sonhos e ilusões.  Como ele era muito solitário naquele época, ia na maioria das vezes sempre só, chegava, comprava seu ingresso, suas balas, procurava uma cadeira, sentava-se e assistia muitas vezes ao canal 100 e via também os traillers dos filmes que seriam exibidos futuramente. Ele era um apaixonado pelo cinema, sempre que era possível nos finais de semana, corria para lá. Gostava dos filmes épicos, dos romances, dos Faroestes, das comédias, de todos os g...

O Forte Apache

Imagem
A infância do menino foi muito pobre, brinquedos ele quase não tinha, não havia dinheiro para isto. Brincava com latas que transformava em carrinhos, com pedaços de ripa de madeira que fazia virar um guindaste, com vassouras velhas que viravam cavalos, com os quais cavalgava contente pelo quintal, mas sobretudo, brincava com uns bonequinhos de plástico bem vagabundos e baratinhos que ele adquiria quando comprava balas na venda do Seu Lobo, e estes soldadinhos ordinários, ele amava com toda a grandeza do seu coração. Haviam índios americanos, soldados da cavalaria , guerreiros vikings, índios brasileiros, soldados da Segunda Guerra Mundial, guerreiros medievais e um sem número de bonequinhos de todas as cores e matizes, bem pequeninos, alguns disformes, porém, todos eles muito amados. Um destes soldadinhos possuía o nome de chefe King, era feio de doer, o menino gostava tanto dele, era o seu preferido, e este ele encontrou em um monte de entulhos. O menino brincava co...

Meu avô João Pereira

Imagem
Pau Jacaré O nome dele era João, João Pereira, meu avô paterno. As lembranças que guardo dele são muito remotas, ele partiu quando eu tinha 8 ou 9 anos de idade. Ele foi um dos pioneiros na fundação da cidade, um Arigó, trabalhou duro nas fundações da Usina Siderúrgica, foi lenhador, carpinteiro e também agricultor, como o neto. Migrou do interior do Espírito Santo para o Estado do Rio nos anos 40, nos anos 30 foi detido durante a revolução integralista de 1932, neste período minha avó, meu futuro pai e tios sobreviveram comendo banana verde lá pelas bandas da Serra do Caparaó, vida dura. Era muito simples o meu avô, bom de conversa, saia pela manhã para comprar alguma coisa, e demorava para voltar, pois parava para falar com todos os que encontrava pela rua, era assim o seu jeito. Quando pegava o ônibus, descia sempre um ponto além do seu destino, dizia para minha avó que era para valorizar o dinheiro da passagem. Era mulato, magro, andava sempre com um chapéu, podia passar um di...

O agricultor e a oração

Imagem
 E o agricultor aproxima-se daquele lugar todo seu, lá nos fundos do quintal, ajoelha-se diante das imagens, acende sua vela... Lá tem o Buda, aquele que ele encontrou jogado no mato, teve tanta compaixão pelo ícone sujo e abandonado, levou para a sua casa, lavou e colocou lá naquele espaço tão especial, juntamente com Vovó Benedita que ele ganhou da filha da Dona Maria, aquela Dona Maria da sua infância que o benzeu tantas vezes, com tanto amor. Lá tem também São Jorge montado em seu cavalo combatendo o dragão, como ele gosta do São Jorge, ou Ogum, não importa, olha lá Xangô, em cima daquela pedra que ele trouxe de tão longe, lá do interior de São Paulo, quando sua dor era grande, bem grande, tem a imagem do caboclo Pena Branca, de Santo Antônio com o menino Jesus no colo, de Cosme e Damião, de Nossa Senhora, do Preto Velho, dos anjos, enfim, tudo junto e em harmonia no seu lugar de oração, no seu coração. O agricultor consegue compreender a beleza de cada religião, de cada...