Não Conheço o Seu Menino

Bom dia amiga, bom dia... 

Não conheço o seu menino, não sei o nome dele, mas provavelmente conheço a dor que ele sente, ou ainda a dor que ele sentiu. 

Não conheço seu menino, mas conheço quartos com portas fechadas, conheço a saudade que dilacera o coração, conheço o vazio do existir, conheço a profunda dor da saudade, conheço aquele anseio profundo da alma, que tanto espera pela chegada de alguém. 

Não conheço seu menino, não sei o nome dele, mas hoje, dentro do metrô pensei nele, e então a dor que era a dele passou a ser também a minha própria dor, e isto é bom; é mesmo extraordinário poder sentir a dor do outro, é maravilhoso poder perceber a existência do outro, talvez seja este o real significado da palavra irmão. 

Não conheço o seu menino, mas o menino que mora em mim o conhece, o menino que mora em mim conhece todos os meninos que sofrem de angústia, de medo, de solidão, de saudade; todos os meninos que por um ou outro motivo não conseguem mais abraçar o pai, todos os meninos que deixam de acreditar na vida e em Deus... o menino que mora em mim amiga, conhece todos os meninos do mundo... 

O menino agora longe e que agora escreve, deseja muito que o seu menino um dia possa também, encontrar o maravilhoso menino que habita dentro dele, pois encontrando este menino interior, encontrará todo o sentido do viver e do existir. 

Não conheço o seu menino, o seu fruto, mas conheço a árvore, sua mãe, e li no sagrado que toda árvore boa dá bons frutos também. 

O menino daqui envia um abraço amoroso para o menino daí; o menino daqui deseja toda a alegria e paz para o menino daí; o menino daqui vibra, torce e ama o menino daí. 

Se possível amiga, o menino daqui pede que você diga, não um dia, mas brevemente, ao menino daí, seu amado filho,  que ele trás no seu interior a grandeza do amado pai, e que no dia que ele sentir esta grandeza, realizará em si mesmo, com toda a beleza da vida, o inesquecível genitor.

Que deus abençoe você e todos os seus amiga e irmã, que Deus abençoe...

Escreveu um menino daqui, um quase barriga-verde, por amor, para um menino daí, menino aquele que, numa tarde inesquecível de primavera, andou sob o vento, em uma belíssima praia de Santa Catarina, com alguém que o ouviu.