Bamba Não é a Corda
Bamba é a corda, e abaixo dela o poço que tanto conheço, o poço do qual desejo sair. Equilibro-me como posso na corda bamba acima do poço, tremendo de medo e insegurança. Se parar de andar, volto para o poço, se perder o equilíbrio, volto para o poço também.
A corda onde piso é a linha de minha própria vida, e a vara que sustenta o meu equilíbrio é do tamanho de minha fé em Deus. Se largo a vara, perco o equilíbrio e mergulho novamente no poço.
Muitas vezes largo mesmo a vara, ora por cansaço, ora por achar através de um sentimento de derrota, que o meu destino é mesmo viver no poço. Mas quando caio de volta no poço, não me sinto confortável lá, e então, depois de algum tempo pego novamente a vara e volto para a corda que paira acima dele.
Tem sido assim toda a minha vida, desde o princípio até o presente momento, ora estou na corda, ora estou no poço. Quando na corda, o medo de prosseguir me leva para o poço, quando no poço, o sentimento e a dor da derrota me levam para a corda.
Sou afinal de contas o homem do poço, ou o homem da corda?
No poço não preciso de nenhum esforço para ser um ser humano melhor, somente preciso, estando lá, mergulhar em minha própria mediocridade. Na corda é diferente, pois a corda exige de mim equilíbrio de caráter, e o medíocre que ainda habita em mim não cultiva em si mesmo de forma permanente este equilíbrio.
Quero a vara, quero o equilíbrio, quero prosseguir na corda, mesmo que bamba, pois bamba não é a corda, bamba não é a vida, bamba é tão somente a persona que ainda habita em mim, persona obtusa que não acorda, e que desta forma continua a caminhar pela bamba corda de sua própria vida.
Paz e serenidade meu irmão! Te vejo na corda, ou quem sabe... no poço.
Quero tanto a corda, quero tanto acordar.
Este processo de reestruturação, de definição de caminhos, de autoconhecimento, não é fácil. Somos testados e nem sempre aprovados, ou até depois de aprovados e passar de fase, retroagimos, entramos num movimento retrógrado, onde as sombras vem trazer suas demandas reprimidas ou mal resolvidas.
ResponderExcluirMuito obrigada pela coragem de admitir sua luta, me sinto mais encorajada e percebo que ser humano é imperfeito, incompleto, em processo diário de ser. A arte suaviza as arestas das escarpas da subida. Sempre!