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Mostrando postagens de 2016

Os Fios da Emoção

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Ninguém soube ao certo como aconteceu, foi tudo muito rápido, talvez uma revolução, ou um devaneio qualquer, ou quem sabe ainda um curto circuito; sabe-se somente que naquele dia, naquele primeiro momento de consciência, houve para aquele homem um rompimento com o canal de suas emoções, canal por onde passavam seus sentimentos, ligando sua mente ao seu coração através de minúsculos fios. Ocorreu então uma ruptura entre o seu pensar e o seu sentir, e desde então, passou ele a viver somente de forma mental, não vivenciando mais nenhuma, ou quase nenhuma das emoções existentes em si mesmo.  No momento em que o canal foi fechado, isolando o seu coração, nem todos os fios condutores das emoções foram rompidos, restou ainda intacto o fio da angústia, de forma que daquele dia em diante, com o seu coração quase transformado em um local abandonado, quase um deserto, o homem passou a viver somente com a sua mente e esta única emoção restante.  Transformou-se então em uma...

A Professora dos Cafezais

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A Professora amava o céu, as flores... O Sul do Espírito Santo é cortado por uma rodovia, a BR dois meia dois, que liga sua capital Vitória, à capital dos mineiros, Belo Horizonte. Quem segue por esta estrada no sentido capixaba, a certa altura passará por uma região cafeeira, próxima à serra do mar, lá pelas proximidades de Lajinha, Espera Feliz, Iúna e outros municípios mais. Contam os antigos que nesta região, na cidade de Ibatiba, outrora distrito de Iúna, a algum tempo atrás viveu uma professora de nome Egmar, filha de trabalhadores rurais lá das bandas de Alegre, que após concluir o seu curso normal, ainda na flor da idade, foi ministrar suas aulas naquele local ermo e desolado, um fim de mundo, uma terra de plantadores de cafés e pistoleiros, onde posteriormente contraiu matrimônio, fincou suas raízes e constituiu sua família. Contam ainda os mais velhos que, Iúna no passado era considerada umas das cidades mais violentas do Brasil, tendo mesmo ganhado fama nacional em funç...

O Agricultor e as Orquídeas

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  Ao longo dos anos, o Agricultor andava pela mata  e de vez em quando deparava-se com uma espécie de planta pelo chão, geralmente nos lugares com menos sol e mais matéria orgânica. Ele olhava para aquilo que assemelhava-se a uma espada de são jorge, e na sua ignorância não dava lá muita importância para aquele vegetal. Este processo ocorreu durante alguns anos, a mata foi crescendo, a sombra chegando, a beleza surgindo de todas as partes, os pássaros cantando, frutos, flores, umidade, vários tons de verdes, as minhocas no fundo da terra, as cigarras com seu canto de primavera e verão... Até que em determinado dia, passando ao lado de uma árvore morta ele ficou maravilhado com uma flor que crescia ali, uma linda e solitária flor amarela, flor de rara beleza. Ele ficou contente com a visão, sentiu muita alegria, chegou pertinho, observou a flor, a planta... E então ele percebeu estupefato que, aquela planta ali produzindo aquele jóia da natureza, era a mesma que ele ao longo...

"Um Ser Oliveira"

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Um Ser Que Como as Árvores, Busca a Luz Ser Oliveira é ser capixaba, paulista, carioca, baiano, fluminense, é mesmo ser rural, é ser urbano, é ser estrangeiro até, é ser francês, é ser suíço, é ser americano também. Ser Oliveira é ser Cosandey, Vailant, Pereira, Motta, Ramos, Silveira, Gomes, Ferreira, Arantes, é ser da Costa, é ser da Silva, é ser da selva, é ser de tudo. Ser Oliveira é ser caixeiro viajante, lavrador, boiadeiro, costureira, cozinheira, motorista de ônibus, táxi e caminhão, balconista, eletricista, dona de casa, mecânico, biscateiro... Ser Oliveira é ser também médico, dentista, advogado, farmacêutico, professor, bancário, veterinário, matemático, músico, funcionário público, técnico, fotógrafo, artista, pesquisador... Ser Oliveira é um ser cheio de gratidão pelos Oliveiras que se foram e deixaram exemplos em nossas vidas, Ser Oliveira é olhar para o futuro, para os jovens Oliveiras de hoje, frutos dos Oliveiras de ontem, os Oliveiras dos Oliveiras, Oliveiras q...

Adelina de Deus

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Guapuruvu plantado pelo seu neto vovó Sua benção vovó Adelina, brevemente estarei passando perto de sua casa. Fique tranquila vovó, não precisa se preocupar, eu sei que a porta vai estar aberta, então entrarei silenciosamente, pisarei carinhosamente pelas tábuas do assoalho, ouvirei com alegria o ranger da madeira, e caminharei silenciosamente para a cozinha, descendo as escadas para encontrá-la lá dentro. Eu sei vovó querida, eu sei que vai ter mingau de fubá com bastante couve e alho, eu sei vovó querida que vai ter jiló com angu. Então trocaremos um infinito abraço vovó saudosa e amada, e juntos conversaremos e observaremos o movimento lento das águas do ribeirão descendo em direção ao laticínio, em direção ao leste, descendo em direção ao mar. Não se preocupe vovó, eu sei onde fica a casa, fica lá na Vila do Sul, casa inesquecível vovó, um ninho de ternas recordações, casa de Derly, Neracy, Jorcy, Nercy, Juracy, Nely, Derocy e Eguimar, uma pequena casa amarela, casa dos Ol...

José Arantes, O Eletricista Iluminado

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A Terra é Azul O Homem toca no interruptor na casa de seu pai, e a luz acende, que beleza. E então ele recorda que cada fio condutor de eletricidade daquela casa passou pelas mãos de seu tio, um certo José Arantes, um grande eletricista... E sua memória então viaja para Barra Mansa, a cidade vizinha, no Sul do Estado do Rio de Janeiro, e ele agora é um menino que passa por uma ponte em arcos que cruza um grande rio de águas límpidas, cheio de pescadores debruçados sobre sua murada, lançando suas varas em busca de seus peixes, e continua seguindo, seguindo, até chegar na Rua da Imprensa. E naquele dia de domingo na casa de seu tio, construída sob uma grande encosta, ele aprendeu com o eletricista que a lua girava em torno da terra, e este giro durava vinte e sete dias, e que a terra girava em torno de si mesma, e este giro durava um dia, e que ao mesmo tempo em que girava, também viajava pelo espaço, contornando o sol, e esta viagem espacial durava um ano, e descobriu também que ...

Segure suas Lágrimas Professora Lourdinha

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Segure suas lágrimas professora Lourdinha, os Oliveiras estão chegando. Vão os de Neracy, Nely, Juracy e Eguimar, que se juntarão com os de Derly, Jorcy e Derocy. Trocaremos abraços profundos, mataremos a infinita saudade provocada pelo tempo e a distância, falaremos com respeito e gratidão daqueles que se foram, e que mesmo ausentes tornaram possível este encontro. Creio que a rua ainda é a mesma, a rua 7, rua de profunda e doce lembrança em minha vida, rua de sua casa titia, casa que sempre me recebeu tão bem, rua dos meus primos, rua do meu amigo, tio, padrinho e eterno amigo, o Mosquito, rua da oficina e da casa amarela. Segure suas lágrimas titia, está chegando a hora do abraço, e nesta hora professora, fique tranquila, pois não segurarei lágrima nenhuma, deixarei que elas corram dos meus olhos e molhem o meu rosto e toquem o chão onde um dia pisou João de Oliveira e Adelina, meus avós, pois serão titia, lágrimas de alegria e gratidão, lágrimas pela Senhora, lágrimas por todos ...

A Professora e a Doutora

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Cada das Doutoras Parabéns Doutora Anna, você conseguiu, daqui a poucos dias receberá um título e estará clinicando, uma bela e merecida conquista, fruto de esforço, dedicação, renúncia... E brevemente muitas portas se abrirão, você viverá novas experiências, conhecerá outras pessoas, vai ingressar em um mundo diferente, um mundo profissional, receberá - e terá certamente muita alegria - seus proventos, sentirá um certo poder, poderá realizar um sem número de desejos, viajará,  participará de congressos em suntuosos hotéis, poderá comprar uma porção de coisas, tudo muito natural, etapas da vida. E de agora em diante as pessoas chamarão você de Doutora Carolina,  ou ainda Doutora Anna, ou quem sabe Doutora Anna Carolina, e olhe menina que isto não é pouco, em um país pobre como o nosso, onde um sem número de pessoas não conseguem nem terminar a educação básica, note bem que ser chamada de Doutora é para poucos, muito poucos. E no dia da formatura haverá sem dúvida uma boni...

Um Amor de Passarinho

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Bosque por Onde Voa o Passarinho Era uma vez um homem que era muito solitário, fechado em si mesmo, triste e cheio de medo de viver. Num certo dia ele passou a sentir um incômodo no peito, havia algo de estranho ali, não era uma dor, era um leve movimento, ou ainda, um sentimento.  Então ele descobriu que dentro dele, do seu próprio peito, ou melhor, dentro do seu coração habitava um passarinho, e ele ficou encantado com a descoberta.  O pássaro era alegre, colorido, belo, bonito, simples, sincero, bondoso, feliz, era enfim, o oposto dele, ou daquilo que ele julgava ser.  O encanto do homem pelo passarinho foi grande, a ave possuía ao mesmo tempo força, graciosidade e uma infinita leveza, e o homem, por intuição, descobriu que tendo em si aquele ser, poderia viver de forma muito harmoniosa e feliz consigo mesmo; aquela ave o preenchia, era um grande tesouro,  e a convivência mútua trazia para ele sempre muita paz e felicidade.  Aos poucos, porém, ...

O Abiu Pequenino

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O pé de abiu já tinha mais de 8 anos de idade, porém mal passava de um metro de altura, havia sido plantado em um local muito seco, onde o solo era muito pobre. O agricultor já havia colocado bastante folhas sob a pequena árvore, nos meses mais secos do ano jogava muita água nela, mas nada da planta crescer. Suas companheiras de mesma idade -  as árvores ao redor -  já estavam bem altas, algumas com mais de doze metros de altura, o ambiente estava ficando todo sombreado e bonito, no entanto, o pequeno abiu continuava lá, se sofria, sofria calado, e o agricultor desejava tanto que ele se desenvolvesse como as demais plantas, chegava mesmo a falar com ele - cresce meu amigo, cresce - e no entanto, lutando contra a pobreza do solo, o pequeno abiu ia resistindo, ano após ano, crescendo muito devagar.  E num dia, o agricultor estava fazendo uma faxina geral no bosque, cortando galhos laterais, retirando o capim que ainda crescia, fazendo aceiro, quando, de repente, passando...

O Manacá da Tia Lourdes

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Manacá da Serra, árvore nativa da Mata Atlântica O agricultor andava feliz da vida entre árvores que ele havia, ao longo dos anos plantado nos fundos do seu quintal. Havia lá uma grande variedade delas, muitas já com vários metros de altura, atraindo pássaros, produzindo sombra, beleza, frescor, abundância... Lá estava a paineira rosa, o ingá, a sibipiruna, o pau ferro, o pau jacaré, a embaúba, e tantas e tantas outras, árvores de sua infância, árvores da mata atlântica, tão amada por ele, árvores da sua vida. Aos poucos, por puro gesto de amor e gratidão, ele ia montando o quebra cabeças daquilo que havia sido no passado uma exuberante floresta, com uma infinidade de variedade de plantas, tudo destruído ao longo de décadas de exploração pelas necessidades, ou não, bicho homem, as árvores foram, uma a uma caindo para o café, para o gado, para a indústria, para o fogo, para as casas, para a ganância, gradativamente a beleza da mata foi dando lugar a aridez do pasto. Quando o agricu...

Primeiro de Março em um Rio de Janeiro

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Largo da Carioca, Rio de Janeiro Sua Benção mãe. Hoje é o dia do seu aniversário, primeiro de março. Confesso mãe que havia mesmo esquecido da data, nunca da senhora, e a irmã ligou para mim e lembrou-me. Lá embaixo agora mãe, no Largo da Carioca, a bandinha está tocando a música cidade maravilhosa, é que mãe, hoje também é aniversário da cidade do Rio de Janeiro, cidade que eu aprendi a amar. A saudade é muita mãe, é profunda, é eterna, tão frondosa como uma velha paineira, tão densa como a sombra de uma mangueira em um dia de verão, tão grande quanto um velho jatobá, sinto às vezes vontade de vê-la, de ouvi-la, de dar um abraço, de ficar ali pertinho, quieto, contemplando a plenitude de sua presença. Sua ausência muitas vezes dói em mim, dói fundo, e eu vou mesmo assim, seguindo adiante, cheio de gratidão por tudo que recebi de ti. Sabe mãe, sinto às vezes que você, de alguma forma vive dentro de mim, quando vou para a cozinha ou para o campo, ou quando ando pelas ruas e convers...

Rua Ibituruna, um Rio em Minha Vida

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Rua Ibituruna, Maracanã, Rio de Janeiro Vejo ao longe a serra do mar e o dedo de Deus, vejo bem pertinho de mim inúmeros e belos oitis, a brisa da tarde me visita agora, o apartamento é grande, arejado, com muita luz natural, um local agradável para se morar. Invariavelmente em todas as manhãs, as maracanãs lá pelas seis, seis e dez passam por aqui, pousam em alguns pinheiros próximos e fazem uma bela algazarra, um espetáculo de som, coreografia e beleza.  O apartamento fica perto do metrô, do trem, da praça, fica perto de tudo, nas ruas adjacentes passam ônibus para a zona norte, zona sul, centro, são tantos os ônibus que passam, deve mesmo passar ônibus até para o céu, bem como para qualquer ponto onde se queira ir.  Olho agora para a janela, se não fosse por um ou dois prédios, poderia avistar o morro do Corcovado e o Cristo Redentor, contudo, vejo o horizonte, vejo outros morros, inclusive o da Mangueira, vejo também algumas árvores lá na Quinta da Boa Vista, vejo ca...

O Agricultor e o Pregador

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Pau Cigarra, uma palavra plantada no chão Cotidianamente, indo para o seu trabalho no centro do Rio de Janeiro, o agricultor desce do metrô na estação do Largo da Carioca e vai em direção à saída do convento de Santo Antônio, onde, subindo a escada tem acesso ao largo, e à rua da Carioca, ali pertinho. E enquanto ia subindo as escadas, diariamente o agricultor ouvia, e logo em seguida via um pregador no largo, lendo a bíblia e falando com as pessoas sobre Deus. Por muito tempo o agricultor, como os demais, simplesmente passava, sem dar muito importância ao fato, como a cidade tem muita vida e muitas pessoas também, tudo acaba mesmo ficando comum, pode-se encontrar um pregador, um cantor, um malabarista, um musico, um pintor ou um artista qualquer, é só andar um pouquinho pela cidade e logo logo alguém assim aparece. Mas um dia, não se sabe porque razão, ele resolveu quebrar a rotina, saiu então do seu mundo e de seu caminho, aproximou-se do pregador, deu para ele um bom dia e o cu...

Os Cães Também Amam

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Nina, a irmã do Billy Billy, um dos vira latas partiu, deixando uma lacuna na casa e muitas saudades. O agricultor, seu filho e sua esposa sentiram muito a falta do animal, a cozinha ficou mais espaçosa, a casa ficou mais triste e vazia. O agricultor foi para o campo, nos fundos do quintal, Nina, Miúda e Tição, os filhotes da Alegria e irmãos do Billy seguiram juntos, sempre foi assim. Enquanto ele ia cuidando do campo, semeando, plantando, carpindo, roçando, feliz da vida, estava sempre rodeado pelos cães que corriam de um lado para o outro e ficavam constantemente por ali próximos ao seu dono. E com o passar do tempo, o agricultor é incansável, podendo mesmo ficar no mato por muitas horas, os cães, um por um vão deixando o homem da terra, e voltando para a sombra da varanda e o conforto e o calor da cozinha, onde adoram ficar sob a mesa. Havia uma exceção, Billy, o que partiu, ficava sempre por ali, até mesmo o cair da noite, sempre próximo, e mesmo fora do seu campo de visão o ...

O desejo do agricultor

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Caroba Branca, com oito anos de idade Na passagem do ano, quase nos minutos finais de 2015, o agricultor solitariamente subiu o morro de seu quintal e, próximo a um pé de pitanga, avistou ao longe os fogos de artifício saudando o ano que estava começando, o 2016. Foi só, seus acompanhantes, os vira latas não o acompanharam, menos pela escuridão e pela hora avançada, o barulho dos fogos os incomodavam, e eles resolveram ficar sob a mesa da cozinha, tentando fugir da agitação. Naquele instante, pensou o agricultor, muitos e muitos pedidos, promessas e desejos estavam sendo feitos, as pessoas de um modo geral, sempre desejavam um mundo melhor, cheio de paz e alegria. O agricultor observou os fogos silenciosamente, fez também um desejo, não fez nenhuma promessa, o ano estava acabando, e ele havia tentado viver cada minuto do velho ano da melhor maneira possível, e era isto também que ele tentaria fazer para o ano seguinte. Momentos depois ele retornou para sua casa, já era agora ano ...

A Avó que não abraçou o neto

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Na região Sul Fluminense, na Cidade do Aço, numa certa rua, próximo a um riacho, viveu uma professora que ao longo de sua vida educou, amou e amparou inúmeras crianças. Esta professora criou seus filhos com imenso amor, e depois que se aposentou da escola, com a prole já desenvolvida, passou a sonhar com a possibilidade de ser avó e partilhar com os netos o imenso amor que habitava em seu coração. E a filha olhava o anseio da mãe amiga e dizia para ela que um dia os netos viriam, era questão de tempo. E a professora, quiçá avó, enchia-se de contentamento, ela sempre teve um profundo amor pela meninada, e teria mais ainda pelas crianças de sua criança já crescida. Até que um dia, a filha fala para a mãe da gravidez, o neto finalmente estava chegando, e então o coração da futura vovó bate rápido e forte, lágrimas de felicidade brotam de seus olhos, finalmente o neto estava a caminho. Alguns meses depois, a professora, futura avó, adoece, coisas da vida, vai então para o hospital a fi...

Você Partiu Billy, Você Partiu...

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Billy, o vira lata do Agricultor Billy meu amigo, você partiu, partiu o meu coração quando eu atendi o telefone de sua dona, estava distante de casa, dizendo-me que você havia partido. Você ultimamente não estava mesmo bem, não conseguia mais comer, foi perdendo a vitalidade, foi ficando encolhidinho no seu canto, no fundo amigo, você já estava preparando as suas malas para a grande viagem, no fundo, você sabia que estava chegando a hora de partir. Fiquei sabendo amigo, pela sua dona que sempre te amou, que nesta semana você deu uma volta pela casa, entrou nos quartos, foi à sala, foi, enfim, dando o sinal de que a sua hora estava chegando... Gostaria que você tivesse esperado minha volta, quando te deixei no domingo à noite, conversei mansamente com você, fiz carinho, falei palavras amigas, mas eu sabia amigo que você estava sofrendo, eu sabia amigo, que você não estava bem, e então, por forças das circunstâncias da vida, eu também tive que partir meu companheiro, tive que deixá-...

O Agricultor e o Moço das Letras

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O Moço das Letras estava sentado sob a sombra de um ipê, em um dia quente do mês de janeiro. Estava inquieto, cheio de pensamentos na cabeça, andava já ansioso com o ano que mal começava, sentia-se cansado, estava preocupado com algo indefinido, estava inquieto, enfim, não estava bem.  O bosque onde ele descansava estava ficando muito bonito, as árvores eram jovens e naqueles dias quentes do verão, com muito calor e chuva, cresciam a olhos vistos, sempre para o alto, sempre em busca da luz. Perto dali o Agricultor Urbano, o responsável por aquela mata incipiente, observou o moço, deixou por um instante o seu trabalho e foi então caminhando em sua direção... - Moço, levante daí e venha comigo. - Falou o Agricultor de uma forma firme e direta. - Ir para onde Agricultor, não percebe que estou aqui pensando, meditando mesmo sobre as coisas da vida?  O Agricultor decidido, olhou para ele e falou mais uma vez, sem rodeios...  - Moço, por favor, deixe de pensa...