Adelina de Deus

Guapuruvu plantado pelo seu neto vovó
Sua benção vovó Adelina, brevemente estarei passando perto de sua casa. Fique tranquila vovó, não precisa se preocupar, eu sei que a porta vai estar aberta, então entrarei silenciosamente, pisarei carinhosamente pelas tábuas do assoalho, ouvirei com alegria o ranger da madeira, e caminharei silenciosamente para a cozinha, descendo as escadas para encontrá-la lá dentro. Eu sei vovó querida, eu sei que vai ter mingau de fubá com bastante couve e alho, eu sei vovó querida que vai ter jiló com angu. Então trocaremos um infinito abraço vovó saudosa e amada, e juntos conversaremos e observaremos o movimento lento das águas do ribeirão descendo em direção ao laticínio, em direção ao leste, descendo em direção ao mar. Não se preocupe vovó, eu sei onde fica a casa, fica lá na Vila do Sul, casa inesquecível vovó, um ninho de ternas recordações, casa de Derly, Neracy, Jorcy, Nercy, Juracy, Nely, Derocy e Eguimar, uma pequena casa amarela, casa dos Oliveiras, uma família quase toda em cy. A saudade é tanta vovó que as vezes chega mesmo a doer, é vovó saudade também dói. E novamente vovó comerei aquele pão delicioso e cheiroso, beberei daquele leite fresco e gostoso e tomarei daquele café cujo aroma chegava tão longe vovó, rompendo mesmo a barreira do tempo e do espaço. Lúcia, sua neta tão dileta também vai vovó, vai Célia, vai Helena, vai Valéria, vai Valério, vai Zezé, vai Júlio, e vão muitos e muitos outros de seus netos e bisnetos, crias de suas crias, frutos do seu amor. Peça ao vovô João vovó para providenciar bastante fubá, muito mesmo vovó, estamos todos famintos do seu mingau, e sobretudo do seu aconchego e amor vovó querida e inesquecível, vovó amada, vovó Adelina, Adelina de Deus. 

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