O Agricultor e o Moço das Letras
O Moço das Letras estava sentado sob a sombra de um ipê, em um dia quente do mês de janeiro. Estava inquieto, cheio de pensamentos na cabeça, andava já ansioso com o ano que mal começava, sentia-se cansado, estava preocupado com algo indefinido, estava inquieto, enfim, não estava bem.
O bosque onde ele descansava estava ficando muito bonito, as árvores eram jovens e naqueles dias quentes do verão, com muito calor e chuva, cresciam a olhos vistos, sempre para o alto, sempre em busca da luz. Perto dali o Agricultor Urbano, o responsável por aquela mata incipiente, observou o moço, deixou por um instante o seu trabalho e foi então caminhando em sua direção...
O bosque onde ele descansava estava ficando muito bonito, as árvores eram jovens e naqueles dias quentes do verão, com muito calor e chuva, cresciam a olhos vistos, sempre para o alto, sempre em busca da luz. Perto dali o Agricultor Urbano, o responsável por aquela mata incipiente, observou o moço, deixou por um instante o seu trabalho e foi então caminhando em sua direção...
- Moço, levante daí e venha comigo. - Falou o Agricultor de uma forma firme e direta.
- Ir para onde Agricultor, não percebe que estou aqui pensando, meditando mesmo sobre as coisas da vida?
O Agricultor decidido, olhou para ele e falou mais uma vez, sem rodeios...
- Moço, por favor, deixe de pensar um pouco na morte da bezerra, e me acompanhe, temos um trabalho a fazer.
- Moço, por favor, deixe de pensar um pouco na morte da bezerra, e me acompanhe, temos um trabalho a fazer.
Como o Moço das Letras não tinha mesmo nenhuma atividade naquele momento, somente pensamentos, resolveu então seguir o Agricultor, um pouco de ação, pensou ele, não faria mal a ninguém.
- Moço, - tornou a falar o agricultor, - você pensa muito, fica às vezes horas e horas sentado, olhando para dentro de si mesmo, cultivando o seu próprio umbigo; hora está pensando no passado, hora está preocupado com o futuro, e isto moço, creio eu, não deve fazer muito bem, vamos então viver um pouco neste maravilhoso dia de verão, vamos agora cultivar minhas formas mentais, vamos cultivar árvores!
O Agricultor pegou então sua cavadeira de ferro e a entregou para o moço.
- Por favor, cave um buraco bem aqui onde estou.
- Mas Agricultor, eu não tenho lá muito jeito com as ferramentas, sou mais afeito a uma caneta, computador, lápis...
- Eu sei moço, eu sei, mas por favor, cave mesmo assim; faça aqui um buraco de uns trinta centímetros de profundidade, por trinta de largura, não tenha pressa, eu tenho paciência e vou aguardá-lo.
O Moço das Letras, de forma meio desajeitada, foi cavando o buraco, achava a ferramenta muito rústica e pesada, algo quase medieval, já estava todo suado, mas mesmo com dificuldades, conseguiu ir até o fim. Depois do buraco cavado, o Agricultor entregou para ele a muda de uma árvore, pediu para ele retirá-la do saquinho e plantá-la ali naquela cova, usando as próprias mãos. O moço, sem saber muito o que fazer, ou ainda o que falar, fez o que o Agricultor sugeriu, tocando o solo, enfiando suas mãos na terra a fim de plantar a árvore.
Findando o trabalho, o Agricultor foi andando com ele mata adentro, parando em determinados locais, pedindo para ele repetir o processo, ou seja cavar e plantar, e enquanto escoavam as horas naquela manhã ensolarada, o agricultor caminhava, parava e pedia para o moço cavar e plantar, cavar e plantar... depois de umas duas horas ou mais, o Moço das Letras estava extenuado, e então eles pararam e o agricultor tornou a falar com ele...
Findando o trabalho, o Agricultor foi andando com ele mata adentro, parando em determinados locais, pedindo para ele repetir o processo, ou seja cavar e plantar, e enquanto escoavam as horas naquela manhã ensolarada, o agricultor caminhava, parava e pedia para o moço cavar e plantar, cavar e plantar... depois de umas duas horas ou mais, o Moço das Letras estava extenuado, e então eles pararam e o agricultor tornou a falar com ele...
- O que está sentindo agora moço, pensou muito enquanto plantava as árvores?
- Estou me sentindo muito bem, meu corpo está cansado, porém minha cabeça está leve, sem angústia e preocupações, enquanto estava absorto nas plantas, meus pensamentos me deram uma trégua, confesso que vivi uma boa experiência no dia de hoje.
- Moço, pensar e meditar é muito bom, mas existem momentos na vida em que precisamos de ação, de movimento, senão, podemos mesmo enlouquecer com os nossos pensamentos, podemos mesmo nos perder dentro de nós, e isto é perigoso e angustiante. Olhe ao redor, estas inúmeras árvores, todas elas moço, são manifestações do meu pensar, contudo, se eu estivesse ainda pensando, pensando, neste momento nenhuma destas árvores estariam aí, portanto moço, pense... pense bastante, mas sobretudo, viva o seus pensamentos, de asas a eles, procure torná-los realidade, e desta forma, tal qual na manhã de hoje, você finalmente começará a encontra a paz que tanto busca, a paz que já está dentro de você a todo instante.
Moço que tanto pensa, o universo onde vivemos é a expressão concreta do pensamento do criador, pense nisto moço, pense nisto.
Moço que tanto pensa, o universo onde vivemos é a expressão concreta do pensamento do criador, pense nisto moço, pense nisto.
Então, o Moço das Letras, sentindo-se leve como um pássaro, foi deixando o bosque e o Agricultor, foi seguindo o seu caminho, cansado e contente; foi meditando sobre aquele homem que conseguia transformar seus pensamentos em árvores, e então ele pensou, quem sabe, que poderia então, transformar suas formas mentais em textos, textos que poderiam ser lidos por muitas pessoas, textos que pudessem expressar seus sonhos, anseios, sentimentos, medos, sua condição humana, textos enfim, que pudessem também dar frutos de sabedoria e amor, tais quais as árvores plantadas pelo seu amigo, o Agricultor, aquele homem que ia escrevendo sua vida não através das letras, mas através das árvores, um sem fim de árvores.
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