Sinto muito.
Sinto muito, não sinto nada. Não sinto o sol nascer, não sinto o sol se pôr...não sinto a vida, não sinto a morte, não sinto a guerra, não sinto a paz...sinto muito, sinto tao pouco, perdoe-me por não sentir. Não sinto a brisa, o vento, não sinto calor, não sinto alento não sinto o sol, a chuva, não sinto nada, nada sinto, sinto muito, quero dizer não sinto nada é muito triste a terra do não sentir, não é dia, não é noite, não é morte, não é vida, não é partir, não é chegar, não é nada. Caminhei tanto e descobri que não sinto, como é triste não sentir a beleza, nem sentir a tristeza... não sentir o amigo, não sentir o inimigo, não sentir o pai, o filho, o amigo, o irmão... ou será que o que sinto é a constatação da tristeza, a tristeza milenar do não sentir, e quem sabe a tristeza do não sentir me conduzirá pelas portas do sentir, sentir a vida, sentir a morte,sentir o sul, sentir o norte... sentir a guerra, sentir a paz, sentir a vida, sentir as feridas... sentir que estou vivo,sentir que sinto, que respiro, que falo, que ando, que sou feliz, sentir que existo, sentir que o não sentir foi apenas uma ilusão causada pelo meu profundo medo de sentir, sentir que sou, sentir quem sou. Quem sou afinal de contas? Sou o homem que não sente à procura do homem que só sente? ou sou o homem que somente sente, tentando não sentir. Sinto muito, perdoe-e me mais uma vez, não sinto nada. Olhe o ipê que lindo, que extraordinário, é como se fosse um filho meu, um grande amigo. Sinto tanto!
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