Alegria, Alegria



O nome da Vira Lata é Alegria. Quando ela apareceu lá em casa pela primeira vez, vinda da rua, era a própria imagem do abandono. Encontrou a porta da garagem aberta, entrou na varanda e me achou por lá. Deitou no chão com a barriga para cima, pois as patas sobre a face, e me olhou com aquele olhar cativante, implorante, dizendo assim: "Ei você, estou com fome, estou suja, não tenho onde dormir, não tenho onde morar, poderia, quem sabe, passar esta noite por aqui, só hoje...." Como desde criança aprendi a falar a linguagem dos cachorros (o Cachorrês), não foi muito difícil para mim deixar que ela ficasse lá até o dia seguinte.... Porém os dias se sucederam, vieram as semanas, os meses, os anos, e ela foi ficando, ficando e ficou. Hoje faz parte da família. Não contente com isto, em um belo dia de sol, deu um passeio pela rua, tão familiar para ela, arrumou um namorado, e apareceu lá em casa com aquela cara de carente, barriguda, barriguda. Desta aventura nasceram seus 4 filhotes: Nina, Tição, Billy e Miúda. Resolvemos simplesmente que os filhotes seriam doados quando estivessem desmamados. Apareceram vários pretendentes, os meses se passaram, como tudo nesta vida, os pretendentes desistiram da adoção, os filhotes cresceram, foram ficando e estão lá em casa até hoje. No começo achei que foi um tremendo azar, aqueles 4 bichos e mais a respectiva mãe andando comigo pelo mato por todos os lugares, dia após dia, e eu cá com os meus botões: "Que cachorrada chata, não largam do meu pé, parecem as 5 pragas do Egito..." Todos sabemos que foram 7 as pragas do Egito, porém o que eu não sabia, é que estes 5 adoráveis e maravilhosos Vira Latas (é assim mesmo o plural?) iriam me salvar do maior apuro de minha vida, talvez se não fosse pela presença deles em uma tarde ensolarada de sol, eu não estivesse por aqui escrevendo.  Esta história fica para um outro dia...
Ps: Eu queria chamar a cadelinha de Tristeza, pois ela era mesmo muito triste, porém minha amada resolveu chamá-la de Alegria, e depois de alguns dias com casa, comida e roupa lavada, ela transformou-se realmente em uma felicidade só, ou como diria o Caetano, Alegria, Alegria.

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