O Agricultor e a Pequena Goiabeira
Naquela manhã de sábado de verão do ano da graça de dois mil e vinte e um, o Agricultor Urbano estava terminando de preparar o terreno para o plantio das árvores no dia seguinte; em decorrência do elevado calor, estava exausto, a hora avançava e estava na hora de terminar por aquele dia. A alguns metros do capim carpido, o Agricultor avistou um pé de goiabeira completamente queimado e abafado pelo rude e inculto capim braquiária. "Bem, apesar do meu cansaço, vou limpar ainda o entorno daquela goiabeira morta e, amanhã plantarei uma outra árvore no local", pensou o Agricultor enquanto cortava o capim.
Grande foi sua alegria ao perceber, depois da capina, que um pequenino broto verdejante da suposta goiabeira morta crescia com vigor a partir das raízes da planta.
A alegria foi recíproca, pois, ao ficar completamente livre do capim que a sufocava, a diminuta goiabeira exclamou:
— Gratidão Agricultor Urbano!
— Sinto-me feliz por você ter conseguido resistir ao fogo e ao capim pequena goiabeira.
— Agricultor... percebo que muitas novas árvores estão sendo plantadas aqui, formando uma pequenina floresta. Gostaria de participar. Quais são os requisitos?
— O único requisito para participar da floresta em formação é o desejo de crescer em direção à luz do sol, nada mais. Você gostaria de fazer parte da irmandade verdejante?
— Sim — respondeu radiante de contentamento a pequenina goiabeira.
Neste momento, o Agricultor com sua potente voz dirigiu-se a todas as árvores que cresciam ali, dizendo para elas:
— Vamos todos saudar nossa nova companheira, a pequenina e persistente goiabeira.
Então, de todos os cantos da floresta onde crescia uma árvore, era possível ouvir: "Seja bem-vinda goiabeira, você não está mais só."
Imensa foi a alegria da goiabeira pelo amoroso acolhimento, depois de tanto sofrimento naquele pasto abandonado, sob o jugo do capim e dos incêndios anuais, ao sentir-se pertencendo àquela irmandade de plantas que, tal como ela, também buscavam a luz.
— Louvado seja Deus Tição, vamos para casa! — Exclamou o Agricultor para o seu inseparável vira lata, enquanto caminhavam juntos pelo campo, sob o sol escaldante das onze horas da manhã daquele luminoso sábado.
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