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Uma Foto de Amor

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Foto: José Carlos de Oliveira Tia Lourdinha, estava ontem cerrando madeira, estava ontem carpindo, podando e cortando, mas minha mente não estava lá, minha mente estava longe, muito longe, minha mente estava em ti. Por mais que eu tentasse concentrar-me, as lembranças iam sempre até ti. Nestas horas titia, eu sei que preciso agir, nestas horas, eu sei que estou sendo chamado para um compromisso, e neste momento, o compromisso é com a senhora. Estaria mentindo se dissesse que eu estou sentindo a sua dor, uma dor infinita e tão elevada, que somente as mães conseguem sentir. Tento medir a sua dor voltando à minha infância, relembrando momentos tristes, onde imaginava como seria a minha vida sem a presença de minha doce mãe por perto, como seria a minha vida com a minha mãe sendo chamada para o segundo andar da vida  —  eu sentia este terrível medo na infância titia, uma verdadeira assombração. Esta minha assombrosa dor titia, teria sido a dor mais profunda de minha vida, a dor d...

A Sabedoria de Jó

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Pergunte, porém, aos animais, e eles o ensinarão, ou às aves do céu, e elas lhe contarão; fale com a terra, e ela o instruirá, deixe que os peixes do mar o informem. Quem de todos eles ignora que a mão do Senhor fez isso? Em sua mão está a vida de cada criatura e o fôlego de toda a humanidade. Jó 12:7-10

A Natural Expressão do Amor

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Era março, mas veio uma estiagem fora de época, e o estio castigou as plantas recém plantadas pelo Agricultor Urbano. Caminhando pelo campo naquele dia seco, ele observou próximo a uma cerca uma pequenina muda completamente triste e murcha. Não demorou muito e o lado urbano do Agricultor retirou de seu bolso um aparelho celular, e em poucos segundos lá estava ele abaixado próximo à planta sofrida, e do seu aparelho eletrônico ecoava uma música de Bach. Naquele mesmo instante passavam por ali Sicrano e Beltrano; ambos ouviram a música que vinha do campo, e ficaram curiosos com a cena do Agricultor sentado no chão, com seu celular próximo à pequenina árvore. — Algum problema meu senhor? Perdeu alguma coisa? — questionou Sicrano. — Não — respondeu com naturalidade o Agricultor completamente atento à árvore —, estou apenas levando um pouco de música a este diminuto pé de guaçatonga que vem sofrendo muito com a seca, na esperança de mitigar o seu sofrimento. "Meu Deus do céu" — pe...

O Agricultor e o Palito de Fósforo

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Era uma vez uma caixa de fósforos onde moravam duzentos e quarenta palitos rigorosamente idênticos, exceto um, que por algum defeito de fabricação possuía um tamanho inferior, estava lascado e tinha uma cabeça bem pequena — infeliz palito. — Você é a ovelha negra da família; você é diferente de todos nós; você não será capaz de gerar sua própria chama; você denigre a imagem do nosso fabricante; você nunca será ninguém na vida — era isto o que o pobre palito ouvia diariamente dos demais palitos da caixa  —   insanos palitos. Depois de tanto ouvir isto dos seus companheiros, o pobre palito passou a acreditar em tudo aquilo, e acreditando, caiu em um profundo estado de tristeza, temendo sobremaneira o vexame futuro pelo qual passaria, quando fosse chamado para o seu único trabalho em sua vida, o de gerar uma pequena chama  — deprimido palito. Todos os dias um ou mais palitos eram retirados da caixa e, depois de riscados, cumpriam sua missão gerando sua chama; ao observa...

O Agricultor Urbano e o Seu Velho Ego

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Eram quase onze horas da manhã, o sol de verão estava escaldante, e o Agricultor estava cansado. Havia acordado cedo e cedo plantou muitas árvores, mas a hora avançou e ainda faltavam algumas mudas aguardando o aconchego do solo. Sua garrafa d'água estava quase no final  — somente um único gole — , ao seu redor nenhuma sombra amiga, somente pasto e algumas moitas dispersas de capim. De vez em quando Tição, seu fiel e velho vira lata, chegava perto dele com a boca aberta, transpirando pela língua e com um olhar triste que poderia ser traduzido como: "Amigo, vamos para casa, senão morreremos assados aqui neste campo desolado." Tentando abrigar-se um pouco do sol atrás da moita de capim colonião, o Agricultor Urbano ficou ali pensativo e parado, e neste momento de fatiga e indecisão sobre o que fazer, foi visitado pelo seu velho ego que raramente aparecia no campo. — Bom dia meu grande Agricultor Urbano. — Bom dia velho ego. — Já passam das onze horas da manhã, e você ainda ...

O Barbeiro, o Agricultor e o Rio Paraíba do Sul

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O Rio Paraíba do Sul nasce no estado de São Paulo, corre sereno por terras fluminenses, faz uma breve visita ao estado de Minas Gerais, volta ao estado do Rio de Janeiro, até finalmente encontrar sua foz em São João da Barra. Tão grande foi a alegria dos mineiros pela visita do rio, que foi criado em uma região da Zona da Mata, onde viveram os índios Puris, um município outrora chamado São José do Além Paraíba — atualmente Além Paraíba. Foi nesta cidade, às margens do Paraíba, que viveu um barbeiro com sua esposa e uma numerosa prole. O barbeiro amava sua família, sua barbearia, sua tesoura, sua navalha e todos os seus demais instrumentos de trabalho; mas ele também amava a terra, o rio próximo e os fundos do seu quintal e, quem ama estas coisas, acaba amando também uma enxada, um enxadão, uma pá... Quero dizer que, além de barbeiro de Além Paraíba, ele também era um agricultor às margens do rio Paraíba. Lá está o barbeiro no salão atendendo sua clientela; chega um, chega outro e ainda...

O Agricultor e a Pequena Goiabeira

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Naquela manhã de sábado de verão do ano da graça de dois mil e vinte e um, o Agricultor Urbano estava terminando de preparar o terreno para o plantio das árvores no dia seguinte; em decorrência do elevado calor, estava exausto, a hora avançava e estava na hora de terminar por aquele dia. A alguns metros do capim carpido, o Agricultor avistou um pé de goiabeira completamente queimado e abafado pelo rude e inculto capim braquiária. "Bem, apesar do meu cansaço, vou limpar ainda o entorno daquela goiabeira morta e, amanhã plantarei uma outra árvore no local", pensou o Agricultor enquanto cortava o capim. Grande foi sua alegria ao perceber, depois da capina, que um pequenino broto verdejante da suposta goiabeira morta crescia com vigor a partir das raízes da planta. A alegria foi recíproca, pois, ao ficar completamente livre do capim que a sufocava, a diminuta goiabeira exclamou: — Gratidão Agricultor Urbano! — Sinto-me feliz por você ter conseguido resistir ao fogo e ao capim peq...