Domingo No Parque
Era uma vez um domingo, um menino com saudades do pai distante, e um parque de diversões; naquele final de tarde ele finalmente iria até lá. Naquela época, no local onde vivia o menino dinheiro era algo muito raro de encontrar, muito difícil de ganhar, e muito fácil de gastar. Mas finalmente o menino tinha em mãos três dinheiros: O dinheiro de ida no lotação até o parque; o dinheiro para brincar em um dos inúmeros brinquedos, e o dinheiro de volta para a sua casa na condução — os contemporâneos do menino chamavam o ônibus de lotação ou condução.
O desejo do menino era gastar todo o dinheiro nos brinquedos, mas o parque era longe, então, já no lotação quase vazio e, com um dinheiro a menos no bolso, ele ia pensando em todos aqueles maravilhosos brinquedos, já brincando mesmo com cada um deles em sua fértil imaginação.
Vinte minutos depois e com dois dinheiros no bolso, o menino estava no parque, e no parque música, balões coloridos, pessoas falando por todos os lados e ao mesmo tempo algodão doce, maçãs do amor, pipoqueiros, crianças correndo a torto e a direito, e atrações, inúmeras atrações.
O tempo do menino no parque deveria ser de aproximadamente duas horas, pois naquele tempo havia um tempo determinado para voltar, um tempo que não poderia exceder o tempo das vinte e duas horas. Por quase todo o tempo que tinha, o menino ficou gastando tempo pelo parque, brincando com cada brinquedo através dos olhos e tentando escolher apenas um — a difícil escolha do menino.
Trem fantasma, King Kong, carrinho de batida, pescaria, tiro ao alvo, roda gigante, carrossel, tobogã, tenda do grande mágico... Ele poderia ainda gastar o seu dinheiro com uma daquelas maçãs coloridas, ou algodão doce, ou pipoca, ou refrigerante, ou outra coisa qualquer, mas ele não faria aquilo, pois o seu maior desejo naquela noite era encontrar no parque um brinquedo para brincar e sentir alegria.
Depois de gastar quase toda as solas dos seus sapatos vulcabras andando, olhando, observando e admirando, o menino finalmente tomou a decisão, em detrimento de todos os demais brinquedos, de brincar em um dos carrinhos de batida. Ele ficou analisando o funcionamento daquilo tudo e sabia que deveria dirigir o carrinho sempre tentando fugir dos demais, a fim de não ficar preso entre tantos outros carrinhos — eram muitos carrinhos.
Naquele maravilhoso local de carrinhos com banco, rodas, volante e acelerador, havia uma campainha que tocava marcando o tempo de início e fim da criançada dentro da pista retangular. Toca a campainha, sai a meninada que já havia brincado e, afoitos e alegres entra a nova turma dos meninos de um modo geral e, dentre eles, o menino com um dinheiro no bolso, em particular, com o seu coração acelerando antes da hora, tal era a sua felicidade.
O menino escolhe um carrinho mais isolado e tão vermelho quanto a carreta do seu pai, entra, ajeita-se no banco, coloca as mãos no volante, o pé no acelerador e aguarda o instante mágico... A campainha toca, os carrinhos estão ligados, estão vivos, estão em movimento, e lá está o menino dirigindo feliz, desejando no fundo do seu coração que aquele momento de liberdade jamais termine e que a campainha toque cinco minutos após o fim da eternidade.
Não demora muito para o carrinho do menino ficar preso entre tantos outros carrinhos, e ele tentando de todas as formas possíveis sair daquele engarrafamento de meninos, desejoso de recuperar sua alegria de dirigir em paz, e ao mesmo tempo já preocupado com a campainha que, para o seu infortúnio, brevemente o expulsaria da sua pista de sonho e liberdade.
O menino consegue fugir de um ou dois engarrafamentos, consegue ainda dirigir um pouco mais, mas são muitos carrinhos e muitos meninos, e um novo engarrafamento, e uma nova parada, e o desespero, e o tempo passando, e então, sem nenhum aviso prévio, a campainha friamente toca encerrando a diversão da criançada.
Resta ainda um dinheiro no bolso do menino, mas ele sabe que é o dinheiro da condução de volta para a sua casa. O parque, com suas luzes, sons e tudo o mais ainda está lá, mas para o menino acabou a diversão. Sai do parque andando em linha reta, deixando atrás de si um rastro torto de angústia, sem observar mais nada ao redor; na sua mente agora não mais os carrinhos de batida da pista de ilusão, mas tão somente a aguda e funda saudade de seu pai que naquele momento dirigia com liberdade o seu caminhão vermelho e de verdade por alguma estrada longa e distante.
Se fosse possível para ele naquele instante de vazio sem fim, pagaria de bom grado para o mágico da tenda, não apenas o seu único dinheiro do lotação, mas juntaria e ofertaria com toda a alegria do seu coração, trinta dinheiros, ou ainda mais, não para ver nenhum coelho sair da sua cartola, mas, para simplesmente e através de um magnífico passe de mágica colocar o seu amado pai com o seu inseparável caminhão ali presentes naquele final de domingo no parque.
Um beijo grande no coração gigante deste menino." Deixai vir a mim os pequeninos, pois deles é o Reino dos Céus"!
ResponderExcluir