O Agricultor Urbano e o Ramo de Primavera

Era um dia de verão, e o Agricultor Urbano, como qualquer cidadão comum, andava tranquilamente pela ruas. O calor era tanto que era possível observar a olhos nus o vapor subindo do asfalto, onde a temperatura deveria estar beirando os 50 graus. O Agricultor não dava muita importância àquelas elevadas temperaturas, ele não tinha em suas mãos o menor poder para mudar aquilo, mas olhando pelo chão, observou algo que deteve os seus passos: Um pequeno galho de um arbusto lenhoso de médio a grande porte, sem tamanho definido, de muitos ramos, espinhento, e em função de sua exuberante beleza, cultivado no mundo inteiro pelas sua inflorescências coloridas. Com a sua vivência no campo ele sabia que estava diante de um ramo de Primavera (Bougainvillea spectabilis). 

O Agricultor notou então pelos ferimentos, que o pobre do ramo já havia mesmo sido atropelado por algum automóvel, e percebendo a seiva que, como lágrimas rolavam pelo asfalto, constatou que a planta ainda estava viva. Como naquela época não existia nenhum serviço público de emergência para socorrer plantas caídas pelo caminho, ele mesmo a socorreu, levando-a para a sua casa; naquele mesmo dia a Primavera foi plantada em um vaso, onde passou a receber tratamento e carinho diário.

O tempo passou, e meses depois, regando as plantas no jardim, ele notou num certo dia algumas flores, que de tão vermelhas e bonitas chamaram logo a sua atenção. A primavera abandonada e atropelada havia sobrevivido, e vinha agora, no inverno ainda, expressar o seu sentimento de gratidão. Grande foi a alegria do Agricultor Urbano naquele dia, e seivas de gratidão rolaram de seus olhos amorosos e rurais.

Comentários

  1. O tempo gasto em amar e cuidar das plantas, salvou o Agricultor. Milagres do Amor!

    ResponderExcluir
  2. Obrigada, Belo texto.
    Só por hoje eu sou a pessoa mais importante da minha vida

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O Agricultor e a Poetisa Ferida

O Marido, a Mulher, o Rio e a Calça

A Finitude das Redes e a Infinitude do Mar