Saudade Encolhida
Domingo, final de tarde, horário do Agricultor Urbano ir embora para a cidade grande. Sua companheira, a vira lata Miúda já sabe, e por saber, já entregou os pontos.
Permanecerá deitada no seu canto até o dia seguinte; neste período, ficará quieta, não latirá — nem mesmo para os garis e eventuais carteiros —, e não abanará o rabo nem para a dona da casa, a quem também ela ama muito.
O Agricultor a convida para ir ao portão para a latida de despedida; sem chance. Tenta ainda animá-la com palavras carinhosas dizendo que retorna brevemente; pura perda de tempo. Para a sua amiga de quatro patas, o domingo termina bem antes da musiquinha do programa do fantástico; a dor de quem parte encolhidinho em sua saudade, é tão grande quanto a saudade de quem fica encolhidinha no seu canto, no seu canto de amor.
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