O Caminhoneiro Solitário
Ipê Roxo em Flor |
Lá vai o Caminhoneiro solitário; vai deixando a casa, a mulher, os filhos... Lá vai ele, com olhar sério e triste, partindo com o seu caminhão...
Lá vai o Caminhoneiro pelas estradas do Brasil — esburacadas e de chão —, deixando atrás de si um rastro de saudades; não podendo se deter, precisa seguir adiante, seu coração esta opresso, precisa partir...
Lá vai o Caminhoneiro Solitário ouvindo o seu rádio, cheio de saudades dos filhos, da mulher, da casa, da mãe, do pai, dos irmãos, dos amigos...
Lá vai o Caminhoneiro Solitário na sua querida Scania vermelha, cruzando as estradas do Brasil, dirigindo sua vida e seu caminhão com dignidade e responsabilidade...
O menino que ficou sobe todos os dias o morro, e olha longe, na esperança da volta do Caminhoneiro Solitário; o Caminhoneiro partiu mesmo hoje, um domingo à tarde, e vai demorar para voltar, e o menino com os olhos cheios d'água, lá no alto do morro, com o seu vira lata, o Camborde, chora sozinho e aguarda o dia e espera pelo regresso; já está cheio de saudades, e a saudade aperta no peito...
Os dias passam e o menino continua subindo no morro, e no alto do morro estica a visão e procura pelo Caminhoneiro e não o encontra; fica triste e pensa no dia em que o Caminhoneiro vai voltar, e a saudade vai apertando dia após dia; já se passaram tantos dias, e o Caminhoneiro Solitário não vem...
Novamente, pela milésima vez, o menino sobe o morro; no morro sobe na goiabeira e lá do alto da árvore, no alto do morro, olha para longe, muito longe, avistando, parado na casa de seus avós a Scania vermelha do seu pai, o Caminhoneiro Solitário; lá vem lentamente a Scania, lá vem o Caminhoneiro Solitário, precedido pelo vira lata amarelo — Brasil, aquele que nasceu no dia em que a seleção ganhou a copa de 58 —, feliz vira lata, correndo na frente do caminhão, a fim de avisar à todos na casa da chegada do Caminhoneiro Solitário...
O menino, com o coração disparado, desce feliz da goiabeira e do morro; abraça o Camborde, corre morro abaixo, gritando e pulando de alegria, avisando à todos que o caminhoneiro voltou; lá vem o cachorro amarelo, lá vem o Brasil, lá vem o caminhão, lá vem o Caminhoneiro Solitário...
Lá vem o Caminhoneiro Solitário na sua amada Scania vermelha; vai encontrando e abraçando a casa, a mulher, os filhos, os amigos... lá vem ele, com olhar leve e feliz, chegando com a sua alegria e forte presença, chegando com o seu caminhão e o amado Brasil, o vira lata de seu pai, o querido Brasil... país das estradas de seu coração.
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