Por quem os Sinos Dobram?
Aqui Jaz Alegria |
Dobram por ti Alegria, cadelinha mansa, amiga e fiel que um dia apareceu em minha casa, vinda, não sei de onde e conquistou o meu coração e o da sua dona.
Dobram por ti Alegria, que perambulou tanto pelas ruas da cidade, sem rumo, sem alimento, sem esperança, querendo apenas um pouco de carinho, um cantinho para dormir, alimento e alento, e muitas vezes recebendo de muitos o descaso, maus tratos e desamor.
Dobram por ti Alegria, que tanto me acompanhava às minhas idas ao mato, sempre muito contente, fagueira, e veloz, que fazia companhia para Jully, a poodle, e ia com ela para a rua passear, naqueles locais tão comum para você e tão estranho e hostil para ela.
Dobram por ti Alegria, que um dia escalou o telhado e fugiu, e depois de algum tempo estava bem barrigudinha, deixando na casa mais quatro filhotes que foram tão bem cuidados e amados por ti.
Dobram por ti Alegria, que em um dia caiu do carro em um cruzamento, e escapou ilesa, sem um arranhão sequer, que gostava de dormir ao relento, sob a janela dos seus donos, somente para ficar mais perto deles, que foi envelhecendo devagarinho, que pouco a pouco foi deixando de ir ao quintal por força da idade, que foi ficando recolhida no seu cantinho com os seus queridos panos, contemplando a existência, como fazem os idosos...
Dobram por ti Alegria, que em um dia caiu do carro em um cruzamento, e escapou ilesa, sem um arranhão sequer, que gostava de dormir ao relento, sob a janela dos seus donos, somente para ficar mais perto deles, que foi envelhecendo devagarinho, que pouco a pouco foi deixando de ir ao quintal por força da idade, que foi ficando recolhida no seu cantinho com os seus queridos panos, contemplando a existência, como fazem os idosos...
Dobram por ti Alegria, que na hora final fez brotar tantas lágrimas em meus olhos, tal como o meu pai, a muitos anos atrás, quando também sepultou o seu vira lata que veio da Bahia, sob as lonas, na carroceria do seu querido caminhão.
Dobram por ti Alegria, que deixou a cozinha vazia, tão vazia, que a sua dona, por força do amor que nutria por você reluta em entrar lá, pois é duro para ela saber que você não estará debaixo da mesa, esperando feliz pela próxima refeição, ou quem sabe, um pedacinho de pão com presunto.
Dobram por ti Alegria, que viveu com tanta leveza, e que partiu da mesma forma que chegou, de forma discreta, inesperada, mansamente, deixando na casa um vazio, um rastro de tristeza, e uma imensa lacuna da mais profunda Alegria.
Última foto da Alegria |
Os filhotes no sepultamento da Alegria |
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