A Escola de Samba do Agricultor
Componentes da Escola de Samba do Agricultor |
É domingo de carnaval, bem cedo, os foliões começam a chegar em suas casas, vindos dos bailes e desfiles de carnavais, e preparam-se para dormir, e o agricultor acorda e levanta, são 6 horas da manhã, e agora a sua escola vai desfilar. Na comissão de frente o Cajueiro, Ipê Roxo, Ipê Amarelo, Paineira, Embaúba, Babosa Branca, Angico Preto, Angico Branco, Angico Vermelho, Sibipiruna, Palmeira Jerivá e Pau Brasil, como mestre sala e porta bandeiras respectivamente Pau Ferro e Cássia Rosa, como mestre de baterias Pau Rei, Gameleira como rainha da bateria, Jamelão como puxador de samba, enxada, cavadeira, facão e machadinha como alegorias e adereços, na fantasia perneiras, botas e chapéu, o local do desfile é um pasto à direita da foto, o público (pardais, canários, rolinhas, sabiás, garrinchas e outros pássaros) já esperam ansiosos, tudo pronto, ao longo do desfile muitos buracos serão cavados, muito capim carpido, muitas mudas plantadas, e a apoteose, lá pelas 10 horas da manhã, será sob a sombra de um monjoleiro, com água, chocolate e bebida isotônica. Terminado o solitário desfile de sua escola, o agricultor prepara-se para voltar para sua casa, enchendo ainda alguns saquinhos com terra e colocando em cada um deles minúsculas mudas de árvores que ele vai encontrando pelo seu caminho, e ele, na sua obstinada e solitária loucura vai andando devagarinho, cheio de alegria interior, dialogando consigo mesmo: Cajueiros, nota 10, Guapuruvus, nota 10, Ipês, nota 10, Aroeiras, nota 10, Paineiras nota 10, Abacateiros, nota 10... e agora já passam das 10 (horas), o sol está esquentando, e o desfile vai terminando. O agricultor retorna à rua que ainda continua deserta e adormecida, tão adormecida como os eternos foliões dos infinitos carnavais. Seguramente não "regula muito bem da bola" este agricultor, agricultor urbano.
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