O Agricultor e a Foice
Naquela manhã de sábado, como de costume, o Agricultor Urbano estava ceifando o capim a fim de plantar algumas árvores; seus vira latas estavam presentes, como sempre, mas neste dia ele também foi agraciado pela presença de uma vaca de olhar profundo e amistoso, que ficou por ali pastando o seu capim em paz.
A hora avançava, quando finalmente passou um curioso cidadão pela rua próxima e, detendo-se, ficou observando o Agricultor com sua foice na mão, na companhia de seus próprios vira latas e da vaca alheia. Aquele homem já reparava no trabalho solitário do homem do campo por muito tempo, e estava muito desejoso de conhecer um pouco mais a respeito da natureza mental dele, pois considerava sua lida solitária em áreas públicas algo um tanto o quanto insólito — quem sabe problemas psiquitriaticos graves?
— Bom dia senhor Agricultor...
— Bom dia senhor... — respondeu mansamente o Agricultor.
— Poço fazer lhe uma pergunta?
— Sinta-se a vontade...
— O que te faz muito feliz?
A resposta foi muita rápida, o Agricultor nem precisou pensar para responder:
— Plantar uma árvore faz de mim um homem muito feliz.
O curioso cidadão não gostou muito da resposta, era simples demais; reformulou então a pergunta...
— O que te faz então enormemente feliz?
— Plantar uma grande quantidade de árvores faz de mim um homem enormemente feliz! — respondeu o Agricultor fazendo largos gestos com os braços.
Um certo ar de irritação passou pelo semblante do curioso cidadão; será que ele não estaria entendendo a dimensão profunda e psicológica da pergunta? Resolveu então tentar pela derradeira vez...
— Senhor... reflita um pouquinho e responda-me de uma vez por todas: O que é possível fazer-te infinitamente feliz?
— Plantar um incontável número de árvores fará de mim um homem infinitamente feliz, eternamente feliz... — respondeu novamente o Agricultor, que neste momento sorria e acariciava a cabeça da vaca ao seu lado.
Aquilo foi a gota d'água para o curioso cidadão; era mesmo impossível dialogar com um homem tão inculto e simplório. Virou-se e, pisando duro, foi-se. O Agricultor com a sua foice nas mãos, continuou então, de forma natural e alegre, a ceifar o campo naquele belíssimo sábado de verão.
Hoje está difícil sentir Felicidade em coisas aparentemente simples......
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