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Dongo Sente a Vergonha Tóxica

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Era uma vez um camundongo chamado Dongo que, de segunda a sexta-feira frequentava o grupo escolar perto de sua casa. Naquele tempo houve uma grande crise financeira e os recursos andavam escassos — na casa de Dongo o dinheiro sempre terminava antes do fim do mês —, e a escola passava por dificuldades também; foi realizada então uma campanha para que os alunos doassem alguns ovos para o complemento da merenda escolar. Dongo e muitos de seus colegas levaram os ovos.   Algum tempo depois, na hora do recreio, Dongo comentou com um de seus amigos que não sabia que fim havia levado aqueles ovos todos, pois na merenda eles não apareciam. Foi apenas um comentário, e ninguém jamais soube explicar como, ou de que forma, mas, de alguma maneira, as palavras do camundongo Dongo chegaram aos ouvidos da Gata Diretora — para Dongo todos eram gatos.  Após o recreio as crianças voltaram para as salas  — ou seriam celas? —  , e a rotina da escola seguiu o se...

Dongo Vai a Um Lugar Grande

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Era uma vez um camundongo chamado Dongo , que, aos domingos, acompanhado pela Grande Gata, ia a um lugar muito grande e muito alto  — muitos iam lá.  No lugar grande Dongo ficava quietinho  — todos precisavam ficar quietinhos  —, enquanto lá na frente, em um lugar um pouco mais elevado, um gato muito branco  — diziam que era um gato alemão  —  vestido com uma preta, comprida e estranha roupagem falava coisas em uma linguagem um pouco confusa. A Grande Gata dizia a Dongo para prestar  atenção e não falar nada, caso contrário, o Gato Branco da roupa preta ficaria muito nervoso e vermelho, chegando mesmo a interromper toda a cerimônia  —  Dongo amava a Grande Gata . Só de imaginar a cena Dongo quase caiu morto de medo ali no lugar grande. Imaginou todos olhando para ele; imaginou o silêncio universal e os olhares inquisidores; imaginou ainda o Gato Branco da roupa preta ficando rubro de raiva e apontando o dedo e gritando com el...

A Creche do Sexto Passo

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O Sexto Passo  —   Prontificamos nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos estes defeitos de caráter  — ,  é uma Creche, onde diariamente tenho a liberdade — ou não — de  deixar alguns de meus rebeldes e amados filhos, aos cuidados do Poder Superior  —  é ele o responsável pela Creche. Os meus rebeldes filhos? Medo, Angústia, Autopiedade, Ressentimento, Culpa, Solidão, Raiva, Indiferença, Vergonha Tóxica e tantos e tantos outros sentimentos negativos, ou quem sabe, sentimentos abandonados e não cuidados em mim.   Sou eu o pai dos meus rebeldes filhos  —  os meus filhos emocionais  — , assim como, naturalmente, sou eu o pai de meus naturais filhos. Frequentando as Salas de 12 Passos, vou, pouco a pouco, descobrindo o desconforto causado pela minha meninada rebelde, os meus desnaturados sentimentos, mas como bom pai, acho que dou conta  —  os homens sempre acham que dão conta...

O Camundongo Dongo e a Grande Gata Avó

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Era uma vez um camundongo chamado Dongo , que morava em um lugar bem longe da cidade; numa certa tarde, na frente da casa de Dongo parou um caminhão cheio de mudanças; daquele dia em diante, Dongo teria novos vizinhos. Não demorou muito e Dongo já era amigo daqueles gatos que moravam na casa de frente — para Dongo todos eram gatos —, e Dongo, apesar de ser um camundongo, gostou daqueles gatos, todos os gatos daquela casa, todos gatos pretos.  Então, numa outra tarde, bastante tempo depois, no quintal da casa daqueles seus amigos gatos, onde brincava, a grande gata avó passou por Dongo, olhou bem nos olhos dele e falou: "Dongo, você tem o olhar de um menino muito inteligente."  Dongo jamais esqueceu daquela gata  — nem todos os gatos são hostis  —, d aquele olhar e daquela frase,  dita com tanta candura e simplicidade para ele, naquele dia tão distante no tempo. Muitos e muitos anos depois, Dongo finalmente constatou que a grande gata avó, a grand...

O Agricultor Urbano e Aladim

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Era um domingo, e o Agricultor Urbano andava pelo campo. De repente, do nada, surgiu alguém à sua frente; era nada mais nada menos que Aladim, o gênio da lâmpada maravilhosa. O Agricultor já o conhecia das mil e uma noites. —   Bom dia Agricultor. —   Como você me encontrou aqui? —   Graças àquela foto divulgada pelos satélites indianos na semana passada. Gostaria de conceder-lhe quatro desejos, pode pedir o que quiser. —   Quatro? Nos contos são apenas três!  —   Exclamou o Agricultor sorrindo. —   Quero então um carrinho de mão, uma pá, uma enxada e um monte de terra amarela. "Este homem simples do campo não consegue compreender o meu poder", pensou o gênio, após realizar aqueles insólitos e simplórios desejos. —   Concedo-lhe em caráter excepcional mais três desejos. —   Quero então três cachorros vira latas. O gênio atendeu mais uma vez  —  já com uma certa má vontade  —, ...

Dongo vai à Fábrica de Refrigerantes

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Era uma vez um camundongo chamado Dongo , que, estando na escola, ficou muito contente em saber que ele e todos os seus colegas iriam fazer uma visita a uma fábrica de refrigerantes; aquele era, sem dúvida nenhuma, o maior acontecimento da escola naquele ano tão distante no tempo. Nos dias que antecederam à visita, Dongo ficou a imaginar que seria realmente algo extraordinário  —  dois ônibus seriam alugados  — , e ele ficava só pensando que beberia mais de dez, ou quem sabe, mais de vinte garrafinhas daquele refrigerante que ele só via em alguns poucos armazéns.  O dia finalmente chegou; foram todos para a fábrica logo cedo, na estrada uma alegria só, tudo era bonito, tudo era festa, tudo era fantasia. Dongo e seus amigos finalmente chegaram na fábrica, e lá, um gato uniformizado mostrou para os professores e as crianças algumas dependências da fábrica, mas Dongo não estava interessado em nada daquilo, Dongo queria era beber aquilo, beber quem sabe, vi...

Dongo vai à Escola

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Era uma vez um camundongo chamado Dongo , que, em um belo dia, teve que ir para a escola. Dongo tinha medo de sair de sua casa e ir para a escola, mas não tinha jeito, o único jeito que tinha era ir para a escola. Dongo foi para a escola, e lá, ficou sentadinho em seu canto; Dongo não queria ser visto pela professora, não queria ser visto pelos coleguinhas, não queria ser visto pela diretora, não queria, enfim, ser visto por ninguém. Dongo tinha medo de gato, qualquer gato. Durante a aula, quando tinha dúvidas, Dongo tinha medo de perguntar para a professora gata  —   ela poderia ficar tão brava como alguns gatos que ele conhecia  — , então Dongo ficava quietinho no seu canto, e levava a dúvida para sua casa; lá ele daria um jeito de resolver aquilo, ou não. Neste dia, lá na escola, na hora do recreio, Dongo foi para o pátio comer a sua merenda  —  estava com fome  — , e quando abriu a merendeira, seus colegas gatos chegaram perto dele  —...