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Hoje é Dia de Balas...

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Hoje você não vai viver Hoje é dia de balas... Não é setembro, não é Cosme e Damião... É janeiro, são balas de explosão. Hoje você não pega o trem Hoje é dia de balas... Não é setembro, não é Cosme e Damião... É janeiro, pega  o trem bala então. Hoje você não vai na escola Hoje é dia de balas... Não é setembro, não é Cosme e Damião... É janeiro, não vai na escola não. Hoje você não vai passear Hoje é dia de balas... Não é setembro, não é Cosme e Damião... É janeiro, realidade de São Sebastião. Hoje você fica em casa Hoje é dia de balas... Não é setembro, não é Cosme e Damião... É janeiro, é perigoso então. Hoje você não vai namorar Hoje é dia de balas... Não é setembro, não é Cosme e Damião... É janeiro, namore a solidão. Hoje você não vai trabalhar Hoje é dia de balas... Não é setembro, não é Cosme e Damião... É janeiro, e você não ganha o pão. Hoje você pode morrer Hoje é dia de balas... Não é setembro, não é Cosme e Damião...

Um Olhar Divino

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  Era uma manhã de domingo, o menino que passava observou o Agricultor plantando suas árvores nas proximidades da rua,  e cheio de curiosidade perguntou... - Agricultor, quantas arvores você já plantou? - Ah... Plantei mais de dez mil... - E como você conseguiu fazer isso? - Simples menino, plantei em mil vezes... - Agricultor, você planta árvores todos os dias? - Planto sempre que posso, nem todos os dias, mas planto regularmente, e continuarei plantando enquanto tiver força e saúde. - Por que planta tantas árvores assim Agricultor? - Missão que Deus me deu menino. - E por que Deus deu para você a missão Agricultor? - Porque a missão somente é dada para os homens que podem efetivamente realizá-la. Quando Deus olha nos olhos do seu filho e diz: " Vá e faça ", então ele vai e faz. Deste momento em diante ele passa a ser um missionário divino, um embaixador de Deus, revestido interiormente de uma força inquebrantável, transforma-se em...

Um Pingo em Pessoa

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Sou um plebeu As portas do Palácio estão fechadas Chove uma barbaridade Chove a cântaros! Estou no meio da rua Perto  do Palácio Laranjeiras Perto da enchente Longe de minha casa Longe de minha gente Longe do metrô Longe do ônibus Longe de tudo Sou um plebeu As portas do Palácio estão fechadas Chove uma barbaridade Chove a cântaros! Abro o guarda chuva O vento o vira do avesso Vento sem educação Guarda chuva sem condição Estou sem o guarda chuva Sou um plebeu As portas do Palácio estão fechadas Chove uma barbaridade Chove a cântaros! Estou nas Laranjeiras Nas portas do Palácio Tento seguir adiante Falta tanto para chegar Vem água de cima Água federal Vem água de baixo Água municipal Vem água de lado Água estadual Vem água do céu Água divina Estou molhado até a alma Sou um plebeu As portas do Palácio estão fechadas Chove uma barbaridade Chove a cântaros! Mergulho na chuva Entrego-me à chuva Dou gargalhadas na chuva Grito e danço na chuva Gotejo na chuva As dez da noite nas Laran...

Os Viajantes da Vida

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O trem seguia na sua marcha constante rumo à Barra Mansa, João, o lavrador, estava sentado no seu banco admirando a paisagem, confiante na vida... Estava deixando para trás a lavoura, iria para a usina em construção no interior do estado do Rio de Janeiro, lá onde o Paraíba do Sul fazia, segundo diziam, uma volta redonda; ele era mais um entre tantos outros arigós. A noite ia alta, o trem cruzava agora a serra do Caparaó, - como João amava aquela serra - olhou para o céu e observou lá uma belíssima lua cheia, um encanto, e com aquela brilhante esfera suspensa no céu ficou a pensar no seu filho, que estava tão longe, lá na capital federal servindo ao exército.  João estava quase dormindo, porém, antes de entregar-se aos braços de Morfeu, ouviu dela, a lua, a seguinte revelação: - Lavrador, seu filho será um viajante!  A serra amada foi ficando para trás, e João no seu cansaço adormeceu, e o seu sono, o sono dos justos, era um sono de alegria e paz, e e...

A Casa do Carrilhão

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O menino chega ao portão, abre e entra, segue pela calçada reta que leva à porta, no meio do caminho o coqueiro, o quintal está ensolarado, lá no canto dorme Joli, o vira lata, abre a porta e entra; a casa é simples, casa de tios. Na sala e no quarto à esquerda um piso todo em tábua corrida, uma maravilha, na sala sofá e televisão, outra maravilha, e na parede frontal à porta um carrilhão marcando de forma serena o passar do tempo, outra maravilha ainda. Passa pela sala e chega na copa com piso vermelho e brilhante, lá, uma mesa, à direita uma geladeira branca e em cima dela um pinguim, outra maravilha. A janela basculante está aberta, e o sol sem cerimônia entra e ilumina todo o ambiente. O menino segue, desce dois degraus da escada e chega na cozinha, abre a porta e avista o quintal, o abacateiro que produz em abundância no outono, muitas bananeiras, o poço, o varal de roupas e lá nos fundos o brejo. Na sala o carrilhão marca o compasso do tempo e toca... O carrilhão toca d...

O Ipê e o Vento

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Ele foi plantado lá em 1997, faria 21 anos em outubro próximo, estava alto, com mais de doze metros de altura, em plena juventude. Para quem chegava na casa da professora, ficava à direita do portão, e invariavelmente e sem palavras, dava as boas vindas ao visitante, e muitas vezes, no final do inverno e início da primavera, oferecia também de suas lindas flores amarelas. Quando o visitante ia embora ele ficava à esquerda do portão, e também sem palavras, - as árvores não falam, - também desejava tudo de bom, algo como assim: Vai com Deus meu amigo, vai com Deus...  Foi muito amado aquele ipê, contam que sua semente foi colhida lá no interior de São Paulo, em uma certa cidade das terras rasgadas, sobre um lindo gramado. Contam também que o ipê lá daquelas terras paulistas era também muito amado e muito belo, e que provavelmente ainda cresce por lá, beirando o muro, próximo à copa frondosa de uma majestosa sibipiruna. E com quase vinte e um anos de idade o ipê contin...

A Última Partida de Dominó

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A fila dos bebês era longa, muito longa, olhando para trás via-se aquela infinidade de crianças vindas de algum ponto muito distante, mal comparando, algo assim como uma dessas esteiras rolantes dos modernos aeroportos, por onde a criançada ia seguindo adiante, e conforme seguiam, muitas delas acenavam... Aquela grande esteira rolante movimentava-se lentamente, conduzindo aqueles meninos todos para um ponto luminoso lá na frente. A grande maioria deles seguia bastante feliz, não entendiam absolutamente nada do que estava acontecendo, simplesmente deixavam-se conduzir, sem a mínima preocupação com nada, onde já se viu bebê ficar preocupado com alguma coisa... Mas como em toda regra existe uma exceção, existia ali naquela fila um menino que não estava se sentindo muito à vontade, ele não conseguia vivenciar tudo aquilo como os demais, estava preocupado com alguma coisa. Era o bebê Duzentos e Quarenta e Nove. - Para onde estão me levando, que fila é esta, de onde eu vim,...