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Palavras da Costureira

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Quaresmeira da casa do filho da Costureira Meu filho: Tenha sempre dignidade, ande sempre com a cabeça erguida, nunca seja um estorvo para ninguém, ganhe seu pão com honestidade, respeite a tudo e a todos, honre seu pai, sua mãe, e seus avós que sempre te deram exemplos de caráter, mesmo nas situações mais difíceis, e quaisquer que sejam as circunstâncias de sua vida, jamais se esqueça de suas origens, jamais se esqueça que você nasceu em um barraco, no alto de um morro, filho de uma costureira e de um caminhoneiro, neto de lavradores. sobrinho de lavadeira, tataraneto de escravos. Quando tiver vontade de chorar filho, chore, quando tiver vontade de rir, ria, e sobretudo, se possível, ria sempre um pouco de você mesmo, afinal de contas, hoje e sempre rir é mesmo o melhor remédio, e o mais importante meu filho, nunca perca a esperança, por mais difíceis e negros que sejam os seus dias, guarde sempre dentro do seu coração a certeza que o melhor está sempre por vir, e que Deus jama...

O Caminhoneiro Solitário

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Ipê Roxo em Flor Lá vai o Caminhoneiro solitário; vai deixando a casa, a mulher, os filhos... Lá vai ele, com olhar sério e triste, partindo com o seu caminhão... Lá vai o Caminhoneiro pelas estradas do Brasil  —   esburacadas e de chão  — , deixando atrás de si um rastro de saudades; não podendo se deter, precisa seguir adiante, seu coração esta opresso, precisa partir... Lá vai o Caminhoneiro Solitário ouvindo o seu rádio, cheio de saudades dos filhos, da mulher, da casa, da mãe, do pai, dos irmãos, dos amigos... Lá vai o Caminhoneiro Solitário na sua querida Scania vermelha, cruzando as estradas do Brasil, dirigindo sua vida e seu caminhão com dignidade e responsabilidade... O menino que ficou sobe todos os dias o morro, e olha longe, na esperança da volta do Caminhoneiro Solitário;  o Caminhoneiro partiu mesmo hoje, um domingo à tarde, e vai demorar para voltar, e o menino com os olhos cheios d'água, lá no alto do morro, com o seu vira lata, ...

Carta do Jovem Jacarandá da Bahia

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Jacarandá da Bahia com as primeiras sementes Volta Redonda, 19 de Julho de 2015 Prezado agricultor urbano, minhas mais profundas saudações. Sei que o senhor planta muitas e muitas árvores pelos lugares onde passa, e eu sou uma delas. Fui plantada a aproximadamente 10 anos atrás, no alto de um morro, na beirada de um barranco, em um local seco, e cheio de pedregulhos. Por intermédio de outras árvores mais velhas que também cresceram por aqui, sei que minha semente foi cuidadosamente semeada, regada e cuidada por você (perdoe-me a formalidade), e quando eu estava com aproximadamente 30 centímetros fui trazida naquele seu carro verde, o gol, para este campo. Lembro-me bem do dia em que fui retirada do viveiro, onde havia água com regularidade, sentia-me tão protegida naquele saquinho preto e aconchegante, e confesso que tive muito medo ao chegar ao campo, a primeira sensação foi de abandono, senti muita raiva do senhor, nos primeiros dias fiquei muito triste, o que seria de mi...

O Senhor dos Relógios

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O Relógio marca o tempo, tempo de semear... Naquela empresa tudo girava em função das horas, hora de entrada, hora de saída, hora de expedir mercadorias, hora de receber produtos, hora do almoço, hora de reunião, hora de importar, de exportar, enfim hora para tudo. As horas eram controladas por inúmeros relógios espalhados por todos os departamentos e, detalhe, os relógios eram regulados conforme o fuso horário de vários lugares do país e mesmo do mundo. Se alguém precisasse falar com um cliente no Japão, o momento adequado seria definido pelo relógio com o fuso japonês, se a conversa fosse com os europeus, haviam também lá os relógios com o fuso de toda a Europa, se o assunto fosse pertinente a alguém lá em Brasília, obviamente havia lá naquela empresa um ou mais relógios com o fuso da capital, e assim por diante. Com o passar do tempo a empresa cresceu muito, contratou muitas pessoas, o negócio prosperou muito, e consequentemente, o número de relógios aumentou significativamente...

Quem é Aquele Homem que Passa?

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Miúda, Nina e quem sabe, futuras árvores Quem é aquele homem que passa com semblante triste, pensamentos vagos e distantes, alheio a tudo a seu redor, tão fechado em seu próprio mundo, com tanto medo da vida, com tanta dificuldade de entregar-se à Deus... Quem é aquele homem que passa com tanta sede de ser, de viver, de amar, de sentir, de estar, com um infinito desejo de sentir a vida em si, de viver em si o milagre da existência, de ser a cada dia um ser humano melhor... Quem é aquele homem que passa sentindo em si um vazio  profundo, ciente de que este vazio somente pode ser preenchido pelo seu próprio Criador, cheio de encanto pela natureza, sentindo no seu íntimo um infinito amor por tudo o que brota do chão? Quem é aquele homem que passa perdido em si mesmo, procurando dentro de si o encontro com o seu próprio Deus, tão cansado de uma tão longa caminhada, voltando lentamente para a casa de seu Pai, vazio de si mesmo, porém com muita esperança de abrir a porta ...

É tempo de olhar para o outro...

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Manacá da Serra, tão pequeno, tão bonito É tempo de olhar para o outro... O outro incomoda, o outro possui tantos defeitos,o outro é tão diferente de mim, o outro não me agrada nem um pouco... É tempo de olhar para o outro... O outro não conhece o melhor caminho, o outro me aborrece tanto, o outro não possui os mesmos gostos que eu, discordo completamento do outro, o outro não tem razão e nada sabe, sou tão diferente do outro... É tempo de olhar para o outro,... O outro que vive em mim, o outro que está permanentemente em mim, e é em mim tão negado, desconhecido, sofrido e eternamente abandonado. É tempo de olhar para o outro... tempo de amar o outro, de respeitar o outro,de compreender o outro, de aceitar o outro,é tempo de vencer a ilusão, e de finalmente descobrir que o outro que está lá fora é apenas uma extensão do outro que vive dentro de mim, do outro que eu sou, o outro lá fora e que sofre e tem medo e anseios e sonhos sou eu. É tempo de olh...

Corram e Avisem ao Agricultor

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Árvores em Crescimento em uma Área Pública e Abandonada Aquele solo estava abandonado, o capim colonião tomava conta de tudo, o lugar era muito seco, haviam sauveiros por todos os lugares, um terreno muito pedregoso, sem nutrientes, depois de décadas de exploração tudo aquilo mais se assemelhava a um deserto. O agricultor passou por lá e percebeu que mesmo sob estas condições tão adversas, algumas remanescentes da antiga mata atlântica ainda brotavam por ali, ora ele via uma goiabeira, ou uma araçá, as vezes encontrava monjouleiros, amendoim do campo e outras árvores mais que desafiavam todos os contratempos e tentavam crescer naquele local. O agricultor era leigo, não havia estudado botânica, nem engenharia florestal, não possuía mesmo nem um curso técnico na área de agricultura, sua formação era outra, mais voltada à ciência dos números. E, cientificamente desconhecendo todas as adversidades daquele solo, apenas com sua vontade, sua enxada e sua cavadeira, começou pouco a pouco ...