O Amor é Atemporal

Era uma vez uma manhã de sábado chuvoso de outono, princípio de abril. Estava na rua prestes a voltar para casa, quando passei defronte ao sacolão do bairro, e passando segui adiante, mas fui detido poucos passos depois por uma voz que vinha de dentro de mim dizendo "meu filho, um homem nunca deve voltar para sua casa com as mãos vazias". Eu conhecia aquela frase e, sobretudo, um sem número de recordações que atestavam sua veracidade — o amor é atemporal.

Dei meia volta e entrei no sacolão, levaria um pouco de quiabo para o almoço; mas as mangas estavam bonitas, as bananas encantadoras, os caquis vermelhinhos, o alface e o almeirão cobertos de um verde cheio de esperança, e as laranjas amarelinhas e radiantes como o ouro ao sol. No caixa ainda comprei doce de amendoim e abóbora, partindo, enfim.

Retornei com três sacolas cheias de coisas que alegram o paladar; fui recebido pela minha mulher que olhou para mim, sorriu e comentou "lá vem o filho do Sebastião" — os frutos nunca caem muito longe das árvores, e os exemplos por trás das palavras são como preciosas bússolas para quem viaja pelos caminhos da vida, seja num sábado de abril ou, sobretudo, em um outro dia qualquer.

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