Paralelo Mundo
Medo de sair lá fora, tudo é hostil lá; lá fora podem me contrariar, lá fora podem dizer não para mim, lá fora podem perceber a minha real natureza; lá fora posso ser visto, lá fora tem o bicho papão, lá fora tem o homem da capa preta que aponta o dedo; lá fora tem o homem do olhar de pedra, lá fora tem o homem do semblante fechado...
Lá fora é terrível, não consigo ir lá fora, tenho medo... vou ficar por aqui, ficar em meu mundo... mas não existe nenhum mundo aqui dentro, somente o mundo lá de fora... vou criar então um mundo paralelo dentro de mim; um mundo protegido, um mundo só meu, um mundo onde ninguém entra, um mundo onde não sou olhado, visto, questionado, julgado; um mundo feliz e solitário, um mundo protegido de tudo e de todos, um mundo onde posso esconder-me da realidade lá de fora, a realidade que eu sou, a realidade que eu não quero viver.
Muito mais seguro agora no meu mundo recém criado, no meu paralelo mundo, aqui serei eternamente o rei, aqui serei eternamente feliz; aqui jamais serei incomodado, aqui é o meu reino, meu reino de solidão. Preciso proteger o meu mundo, preciso me trancar; criarei então grossas paredes do mais resistente e impenetrável medo, a fim de não sair, a fim de que ninguém jamais entre...
Estou preso agora, preso no meu mundo, preso no meu medo, não consigo sair, ninguém consegue entrar, um mundo hermeticamente fechado, um mundo perfeito... perfeito para a dor, a solidão e o desespero; um mundo sem luz, um mundo a que nada conduz, um mundo enorme, infinito, um mundo de dor sem fim...
É hoje, é aqui, é agora, é presente e sou um homem; já sei onde estou, mas estou com medo, medo de abandonar o meu próprio e arruinado e falido mundo... paralelo mundo.
Bravo, bravíssimo! Arrebentou as cordas, os selos, as amarras! Livre estas do medo do desamor, da nan aprovação!
ResponderExcluirNão aprovação do austero senhor! Reconciliou com ele também! Só sobrou Amor e Perdão! O que valia ser salvo da destruição! Simplesmente assim! Feito! Agora é ensinar aos outros, principalmente as crianças assustadas, que moram em cada adulto, em um canto chorado qualquer.
ResponderExcluir