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Rua Ibituruna, um Rio em Minha Vida

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Rua Ibituruna, Maracanã, Rio de Janeiro Vejo ao longe a serra do mar e o dedo de Deus, vejo bem pertinho de mim inúmeros e belos oitis, a brisa da tarde me visita agora, o apartamento é grande, arejado, com muita luz natural, um local agradável para se morar. Invariavelmente em todas as manhãs, as maracanãs lá pelas seis, seis e dez passam por aqui, pousam em alguns pinheiros próximos e fazem uma bela algazarra, um espetáculo de som, coreografia e beleza.  O apartamento fica perto do metrô, do trem, da praça, fica perto de tudo, nas ruas adjacentes passam ônibus para a zona norte, zona sul, centro, são tantos os ônibus que passam, deve mesmo passar ônibus até para o céu, bem como para qualquer ponto onde se queira ir.  Olho agora para a janela, se não fosse por um ou dois prédios, poderia avistar o morro do Corcovado e o Cristo Redentor, contudo, vejo o horizonte, vejo outros morros, inclusive o da Mangueira, vejo também algumas árvores lá na Quinta da Boa Vista, vejo ca...

O Agricultor e o Pregador

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Pau Cigarra, uma palavra plantada no chão Cotidianamente, indo para o seu trabalho no centro do Rio de Janeiro, o agricultor desce do metrô na estação do Largo da Carioca e vai em direção à saída do convento de Santo Antônio, onde, subindo a escada tem acesso ao largo, e à rua da Carioca, ali pertinho. E enquanto ia subindo as escadas, diariamente o agricultor ouvia, e logo em seguida via um pregador no largo, lendo a bíblia e falando com as pessoas sobre Deus. Por muito tempo o agricultor, como os demais, simplesmente passava, sem dar muito importância ao fato, como a cidade tem muita vida e muitas pessoas também, tudo acaba mesmo ficando comum, pode-se encontrar um pregador, um cantor, um malabarista, um musico, um pintor ou um artista qualquer, é só andar um pouquinho pela cidade e logo logo alguém assim aparece. Mas um dia, não se sabe porque razão, ele resolveu quebrar a rotina, saiu então do seu mundo e de seu caminho, aproximou-se do pregador, deu para ele um bom dia e o cu...

Os Cães Também Amam

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Nina, a irmã do Billy Billy, um dos vira latas partiu, deixando uma lacuna na casa e muitas saudades. O agricultor, seu filho e sua esposa sentiram muito a falta do animal, a cozinha ficou mais espaçosa, a casa ficou mais triste e vazia. O agricultor foi para o campo, nos fundos do quintal, Nina, Miúda e Tição, os filhotes da Alegria e irmãos do Billy seguiram juntos, sempre foi assim. Enquanto ele ia cuidando do campo, semeando, plantando, carpindo, roçando, feliz da vida, estava sempre rodeado pelos cães que corriam de um lado para o outro e ficavam constantemente por ali próximos ao seu dono. E com o passar do tempo, o agricultor é incansável, podendo mesmo ficar no mato por muitas horas, os cães, um por um vão deixando o homem da terra, e voltando para a sombra da varanda e o conforto e o calor da cozinha, onde adoram ficar sob a mesa. Havia uma exceção, Billy, o que partiu, ficava sempre por ali, até mesmo o cair da noite, sempre próximo, e mesmo fora do seu campo de visão o ...

O desejo do agricultor

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Caroba Branca, com oito anos de idade Na passagem do ano, quase nos minutos finais de 2015, o agricultor solitariamente subiu o morro de seu quintal e, próximo a um pé de pitanga, avistou ao longe os fogos de artifício saudando o ano que estava começando, o 2016. Foi só, seus acompanhantes, os vira latas não o acompanharam, menos pela escuridão e pela hora avançada, o barulho dos fogos os incomodavam, e eles resolveram ficar sob a mesa da cozinha, tentando fugir da agitação. Naquele instante, pensou o agricultor, muitos e muitos pedidos, promessas e desejos estavam sendo feitos, as pessoas de um modo geral, sempre desejavam um mundo melhor, cheio de paz e alegria. O agricultor observou os fogos silenciosamente, fez também um desejo, não fez nenhuma promessa, o ano estava acabando, e ele havia tentado viver cada minuto do velho ano da melhor maneira possível, e era isto também que ele tentaria fazer para o ano seguinte. Momentos depois ele retornou para sua casa, já era agora ano ...

A Avó que não abraçou o neto

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Na região Sul Fluminense, na Cidade do Aço, numa certa rua, próximo a um riacho, viveu uma professora que ao longo de sua vida educou, amou e amparou inúmeras crianças. Esta professora criou seus filhos com imenso amor, e depois que se aposentou da escola, com a prole já desenvolvida, passou a sonhar com a possibilidade de ser avó e partilhar com os netos o imenso amor que habitava em seu coração. E a filha olhava o anseio da mãe amiga e dizia para ela que um dia os netos viriam, era questão de tempo. E a professora, quiçá avó, enchia-se de contentamento, ela sempre teve um profundo amor pela meninada, e teria mais ainda pelas crianças de sua criança já crescida. Até que um dia, a filha fala para a mãe da gravidez, o neto finalmente estava chegando, e então o coração da futura vovó bate rápido e forte, lágrimas de felicidade brotam de seus olhos, finalmente o neto estava a caminho. Alguns meses depois, a professora, futura avó, adoece, coisas da vida, vai então para o hospital a fi...

Você Partiu Billy, Você Partiu...

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Billy, o vira lata do Agricultor Billy meu amigo, você partiu, partiu o meu coração quando eu atendi o telefone de sua dona, estava distante de casa, dizendo-me que você havia partido. Você ultimamente não estava mesmo bem, não conseguia mais comer, foi perdendo a vitalidade, foi ficando encolhidinho no seu canto, no fundo amigo, você já estava preparando as suas malas para a grande viagem, no fundo, você sabia que estava chegando a hora de partir. Fiquei sabendo amigo, pela sua dona que sempre te amou, que nesta semana você deu uma volta pela casa, entrou nos quartos, foi à sala, foi, enfim, dando o sinal de que a sua hora estava chegando... Gostaria que você tivesse esperado minha volta, quando te deixei no domingo à noite, conversei mansamente com você, fiz carinho, falei palavras amigas, mas eu sabia amigo que você estava sofrendo, eu sabia amigo, que você não estava bem, e então, por forças das circunstâncias da vida, eu também tive que partir meu companheiro, tive que deixá-...

O Agricultor e o Moço das Letras

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O Moço das Letras estava sentado sob a sombra de um ipê, em um dia quente do mês de janeiro. Estava inquieto, cheio de pensamentos na cabeça, andava já ansioso com o ano que mal começava, sentia-se cansado, estava preocupado com algo indefinido, estava inquieto, enfim, não estava bem.  O bosque onde ele descansava estava ficando muito bonito, as árvores eram jovens e naqueles dias quentes do verão, com muito calor e chuva, cresciam a olhos vistos, sempre para o alto, sempre em busca da luz. Perto dali o Agricultor Urbano, o responsável por aquela mata incipiente, observou o moço, deixou por um instante o seu trabalho e foi então caminhando em sua direção... - Moço, levante daí e venha comigo. - Falou o Agricultor de uma forma firme e direta. - Ir para onde Agricultor, não percebe que estou aqui pensando, meditando mesmo sobre as coisas da vida?  O Agricultor decidido, olhou para ele e falou mais uma vez, sem rodeios...  - Moço, por favor, deixe de pensa...