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Mostrando postagens de abril, 2020

Os Caminhos do Agricultor

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O Agricultor Urbano, naquela luminosa manhã de outono, acompanhado pelos seus vira latas Miúda e Tição, fazia um aceiro, a fim de proteger suas amadas árvores das prováveis queimadas de inverno. Enquanto seus amigos ficavam ali deitados no capim, degustando o sol matinal, ele, de forma silenciosa e vigorosa, manejava com destreza sua enxada, e enquanto carpia o capim do solo, do chão de sua mente brotavam, não árvores, mas felizes pensamentos de liberdade: "Existe dentro de mim um inequívoco e singular caminho. Caso eu siga por ele, meus pés certamente se ferirão nos muitos espinhos que virão, porém, esta árdua caminhada trará para mim a segurança de jamais me perder pelos plurais e incertos  descaminhos do mundo". "Pergunto para mim mesmo: Qual caminho devo seguir? A resposta não está em minhas mãos, mas nas botas que calçam os meus pés, quando ando com alegria por tortuosos caminhos de chão cobertos de relva e árvores; a resposta está neste momento, neste glo...

O Agricultor e o Bambu Gigante

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O que vai ser narrado aqui ocorreu em um tempo muito distante, um tempo em que um vírus denominado corona paralisou o mundo todo, levando grande parte da população mundial a cumprir um período de quarentena em suas próprias casas  — aqueles que duvidarem consultem os livros de história .  Naqueles dias, o Agricultor Urbano trocou a prisão domiciliar pela liberdade de andar quase que o dia todo, com mais tempo e mais vagar, pela grande área verde nos fundos do seu quintal  —  suas botas ficaram muito gastas.  Nas suas andanças, era comum para ele admirar com encanto, a grande moita de bambu gigante que crescia nos fundos da casa do seu vizinho. Os bambus eram enormes, e o bambual proporcionava nos dias de verão uma sombra agradável e cheia de frescor. Num certo dia o seu vizinho, que também gostava dos bambus, vendeu o seu terreno e  partiu para outras terras. Um jovem que não gostava de bambus adquiriu a propriedade e mandou buscar muitos tijolos e, po...

Saudade Encolhida

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Domingo, final de tarde, horário do Agricultor Urbano ir embora para a cidade grande. Sua companheira, a vira lata Miúda já sabe, e por saber, já entregou os pontos.  Permanecerá deitada no seu canto até o dia seguinte; neste período, ficará quieta, não latirá  —  nem mesmo para os garis e eventuais carteiros  — , e não abanará o rabo nem para a dona da casa, a quem também ela ama muito. O Agricultor a convida para ir ao portão para a latida de despedida; sem chance. Tenta ainda animá-la com palavras carinhosas dizendo que retorna brevemente; pura perda de tempo. Para a sua amiga de quatro patas, o domingo termina bem antes da musiquinha do programa do fantástico; a dor de quem parte encolhidinho em sua saudade, é tão grande quanto a saudade de quem fica encolhidinha no seu canto, no seu canto de amor.