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Mostrando postagens de novembro, 2022

As Mãos que Fecundam o Solo

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O auditório estava lotado e muitos discursaram, afinal de contas não era sempre que alguém reflorestava solitariamente uma praça inteira, trazendo de volta as árvores, os pássaros, os insetos, as crianças, os atletas, os botânicos, os biólogos, os casais de namorados... Naquele dia o Agricultor Urbano deixou de ser invisível,  era ele o convidado de honra, e muito foi falado sobre o seu grandioso e anônimo trabalho de reflorestamento das praças públicas municipais. Discursou o prefeito, falou o secretário de meio ambiente, falou o presidente da associação de moradores do bairro, falaram alguns vereadores, falaram autoridades civis, militares e eclesiásticas... Depois de muito falatório, finalmente passaram a palavra para o Agricultor Urbano  —  um homem de poucas palavras; sem muitos comentários agradeceu a todos pela homenagem, dizendo que praças degradadas como aquela existiam às dezenas cidade afora, e que o trabalho de replantio de árvores nestes locais era uma inici...

A Sábia Coruja, o Peregrino, o Céu e o Inferno

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Contam que na cidade de Delfim Moreira, no alto da Serra da Mantiqueira, existia um Peregrino que anualmente ia a Aparecida do Norte, e que tinha o sincero desejo de descobrir qual era a real diferença entre o céu e o inferno. Depois de muito peregrinar e procurar pela resposta, ouviu de um simples lavrador que na floresta havia uma Sábia Coruja que certamente saberia responder ao seu questionamento. O homem adentrou a floresta repleta de araucárias à procura da Sábia Coruja, até finalmente localizá-la num final de tarde pousada num dos galhos de um majestoso ipê amarelo da serra.  — Bom dia Sábia Coruja, prazer em conhecê-la.  — O prazer é todo meu, que bons ventos o trazem até aqui. — S ou um Peregrino que busco incessantemente descobrir a qual diferença entre o céu e o inferno. — O inferno é um grande campo com solo degradado e nenhuma vegetação; chega neste local um dia um certo homem de braços cruzados e passa a viver ali, mas as condições de vida são degradantes, n...

O Agricultor Urbano e Seus Representantes

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Naquele mês de outubro o Agricultor urbano saiu para votar, precisava eleger os seus representantes. Para os solos brejosos elegeu jabuticabeiras, ingás, guapuruvus e paineiras; para os solos pobres, arenosos e secos, elegeu ipês de vários partidos: O partido branco, o partido rosa, o partido roxo e o partido amarelo; para as abelhas e os amantes das flores, elegeu girassóis, jacarandás, sibipirunas, quaresmeiras, resedás e manacás; para aqueles que trabalham nas ruas sob o sol, elegeu árvores com largas sombras: Figueiras, amendoeiras, jamelões e jambeiros  —  os garis agradecem ; para os meninos que saem das escolas em grandes grupos, e os transeuntes de um modo geral, elegeu as mangueiras, tão acostumadas a receberem pauladas e pedradas pelos caminhos por onde trafegam os humanos  —  misericórdia Senhor ; para as praças com grandes espaços, elegeu árvores de grande porte: Jatobás, jequitibás, cedros e sumaumas; Com o passar do anos o Agricultor foi acompanhado cad...