A Chama da Vida
Na vasta escuridão da minha inconsciência, entre o espaço infinito de dois pensamentos, eu vi uma chama que brilhava e queimava desde o princípio do universo; seu combustível era o tempo. Com seu avançar constante, regular e determinado, o combustível queimado transformava-se em cinzas, e pouco a pouco tudo virava cinzas, mas a chama permanecia indiferente a tudo aquilo, seguindo tranquilamente o seu caminho rumo à eternidade. Vi me então preso às cinzas e indiferente a chama, e coberto de cinzas lutei por milênios para transformá-las novamente em chama — como se eu tivesse este poder —, tudo em vão, tudo inútil. Exausto e derrotado finalmente desisti, e desistindo pude perceber que a chama somente se manifestava no momento presente, sendo ela a própria vida, e abolindo minha ausência e integrando-me a ela, maravilhado descobri que não me transformei em cinzas, pois eu era simplesmente chama também.